O aumento das chuvas neste ano, ainda que de forma irregular e insuficiente para repor os reservatórios, vai garantir pelo segundo ano consecutivo o crescimento da produção agrícola no Ceará. Os números de novembro do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que em vários segmentos a safra já é superior a do ano passado. É o caso da produção de grãos, que teve alta de 27,8% ante a safra de 2017.
Em 2018 é esperada produção de 647.385 toneladas de grãos. Quase 116 mil a mais do que em 2017 e 31,53% maior do que a primeira estimativa feita pelo órgão neste ano. Destaque para o crescimento do milho sequeiro, arroz sequeiro e fava.
De acordo com o analista do IBGE, João Victor Barros da Silva, nem todas as culturas estão com os dados já atualizados e consolidados. A conclusão somente sairá com os dados de dezembro, mas a tendência é que a maioria das produções termine em alta. "Principalmente de grãos, que já encerrou a safra. E é preciso considerar que já viemos de um ano de alta. Em 2017, a variação anual de grãos foi de 188%, mas porque a base de referência estava muito baixa, em função dos anos consecutivos de seca. Não é o mesmo nível de produção de antes da crise hídrica, mas neste ano, ao que tudo indica, também terá crescimento".
No setor de frutas frescas, em que se espera safra de 851,3 mil toneladas, a estimativa é que a produção feche o ano 6,79% maior ante 2017. João Victor explica que a diferença em relação ao crescimento observado nos grãos é que este é um segmento que sobrevive, principalmente, da cultura irrigada. Ou seja, não depende apenas do aumento das chuvas e sim da quantidade de água que foi reposta nos reservatórios. E dados da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) indicam que até o dia 26 de novembro o armazenamento do recurso hídrico no Ceará era de apenas 11%.
As projeções em relação a frutos com rendimento expresso em mil, como abacaxi e coco, é de alta de 32,32%. Por outro lado, no caso da produção de castanha de caju (frutas secas), embora a LSPA de novembro aponte que a produção estimada de 70,9 mil toneladas tenha o melhor rendimento dos últimos 11 anos, o montante deve ser inferior ao de 2017 (83,9 mil toneladas). "Mas é porque tem menos gente produzindo", afirma o analista.
No segmento de tubérculos e raízes, oleaginosas e ração animal as estimativas apontam para crescimento, respectivo, de 40,66%, 21,76% e 34,5%.
Sobre mecanismos para impulsionar a cadeia produtiva e torná-la menos dependente das chuvas, lideranças do setor debatem soluções, desde ontem, durante o Seminário Agrosetores, do Instituto Future, com apoio da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece).
O presidente da nova Câmara Setorial do Agronegócio, Carlos Prado, reforçou, por exemplo, a urgência de o Governo do Estado iniciar o processo de dessalinização da água, que considera uma boa alternativa para suprir a necessidade dos produtores. "O Ceará tem excelentes condições climáticas para desenvolver o agronegócio, o que falta é água suficiente", complementa.
Agro
A Câmara temática do Agronegócio será a maior, com dez segmentos: caju, carnaúba, equinocultura, flores, frutas, leite, mel, ovinocultura, carcinicultira e tilápia.
Números
31,53% é a alta esperada para a produção agrículo de grãos neste ano
Fonte: O Povo em 12.12.18