Um manifesto para redefinir o capitalismo — 50 anos após Friedman

Um manifesto para redefinir o capitalismo — 50 anos após Friedman

Movimento IMPERATIVE 21 quer aproveitar efeméride para mostrar que o capitalismo centrado apenas no acionista ficou para trás. Faz parte desse movimento em Fortaleza, Adriana Bezerra(Flow Desenvolvimento Integral), sócia CBPCE.

Este domingo é uma data marcante para a história do capitalismo — e, para um grupo crescente de ativistas, pode ser o marco de um novo momento. Há 50 anos o economista americano Milton Friedman disse sua conhecida frase “The business of business is business” (O negócio do negócio é negócio). Era um resumo sem rodeios de um capitalismo centrado no acionista, que tinha como objetivo central a maximização dos lucros. Friedman seria escolhido Nobel de Economia em 1976.

Pois 50 anos depois um grupo de empresários, investidores e ativistas sociais tenta mostrar que o mundo mudou de vez, e que o capitalismo de “shareholder”, focado no investidor, deu lugar ao capilismo de “stakeholder”, focado em todos os públicos. Neste domingo este grupo, batizado de IMPERATIVE 21, publica um anúncio no jornal The New York Times com o título “Redefina o Capitalismo” e ao longo da semana fará uma série de eventos em grandes centros financeiros do mundo, como a Nasdaq, em Nova Iorque, e a B3, no Brasil.

“A pandemia deixou mais visível o que já estava ali. Um sistema econômico que foi desenhado para cuidar de alguns e não de muitos”, diz o americano Jay Coen, coordenador do IMPERATIVE 21. “É um sistema que foca em maximizar riqueza e não bem-estar, que privilegia o individualismo”.

“Um anúncio não muda nada, é apenas um sinal. Precisamos mostrar que estamos aqui, e que concordamos que o sistema precisa ser transformado. De uma economia de exclusão para uma de inclusão, uma economia que não é mais de ‘winner takes all’”, diz Coen.

Coen e seu grupo se unem a vozes que têm defendido não um retorno ao mercado pré-pandemia, mas um reinício no capitalismo e na forma de fazer negócios. “O normal não estava funcionando. Queremos ter certeza que vamos resetar a economia numa nova trajetória, e não recomeçar a economia. Precisamos pensar em todos os stakeholders, ou vamos terminar na mesma situação em que estávamos quando a próxima pandemia vier, ou quando a mudança climática se acentuar”, afirma.

Nos últimos 15 anos Coen, um ex-executivo da consultoria McKinsey, liderou o B Lab, um movimento que nasceu para mostrar que é possível ter negócios lucrativos e que criam empregos e ao mesmo tempo levam em consideração questões sociais e ambientais. Era o nascimento de um conceito que nos últimos meses se consolidou de vez, o ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança, em inglês). O B Corp buscava unir empresas com os mais elevados conceitos de sustentabilidade, e hoje tem 3.500 empresas em 80 países, incluindo o Brasil.

Mas mais recentemente Coen viu que, o impacto destas empresas não era o suficiente. Passou, então, a buscar uma união mais ampla de esforços, com outras organizações. Os fundadores da coalizão global são o B Lab, The B Team, o CECP (Chief Executive for Corporate Purpose), Conscious Capitalism, Coalition for Inclusive Capitalism e Just Capital. No Brasil, a coalizão é formada pelo Sistema B (braço do B Lab na América Latina), Rede Brasil do Pacto Global, Instituto Capitalismo Consciente Brasil e Instituto Ethos.

Nasceu, assim, em abril, a rede IMPERATIVE 21. “A ideia é engajar todos os negocios — mesmo aqueles que não são empresas B. As empresas b lideram o caminho e facilitam para que outros as sigam a cultura do stakeholder”.

“Com a IMPERATIVE 21, nos unimos na missão de munir os líderes com os princípios de liderança do século 21 para guiarem as mudanças”, afirma Francine Lemos, Diretora Executiva do Sistema B.

O embrião da ação foi o Manifesto de Davos, lançado na edição 2020 do Fórum Econômico Mundial. Inspirada nesse aprendizado, a transformação proposta pela Imperative 21 se baseia em três pilares: design para uma economia de interdependência; investimentos para que todos os passos do sistema produtivo sejam mais justos; criação de valor para todos os stakeholders.

Coen afirma que a ideia não é desconstruir o conceito de Friedman, mas mostrar que o mundo mudou. “O próprio Friedman já falava que a responsabilidade de um negócio era maximizar o lucro operando dentro da lei e de forma ética. A lei muda à medida que as pessoas decidem que têm necessidades diferentes. E temos um entendimento maior dos riscos para a vida e para os mercados trazidos pela cultura do capitalismo focado no acionista”, afirma.

“Nos anos 70 a geração era muito focada no indivíduo, mas agora sabemos que estamos conectados, que o meu futuro está ligado ao seu”. É, para o americano, uma visão de mundo que ganhou força com a pandemia, mas que não tem volta.

Fonte: Revista Exame em 13.09.2020

Novos empreendedores podem apostar no MEI para abrir o próprio negócio

Novos empreendedores podem apostar no MEI para abrir o próprio negócio

Com registro simples, a modalidade de microempreendedor individual reúne diversas vantagens para os pequenos negócios. Sebrae pode apoiar desde a elaboração do plano de negócio até a orientação para o crédito e como ampliar o recurso.

Com a economia dando sinais de recuperação, este é um bom momento para quem deseja abrir negócio, afirma Alice Mesquita, Secretária Executiva da Diretoria do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae-CE). O empreendedor precisa ficar atento às oportunidades que estão surgindo e muitas delas são negócios novos, revela a profissional. “Mesmo assim, é preciso entender sobre a atividade, buscar informações sobre o mercado e o público que se deseja atender, se existe alguma legislação específica relacionada a esse tipo de negócio e de que forma se dá a operação”, orienta Alice.

Uma das opções para o profissional autônomo é registrar-se como microempreendedor individual (MEI). Ao se cadastrar como tal, ele passa a ter CNPJ e, por isso, a contar com facilidades em abertura de conta bancária, pedido de empréstimos e emissão de notas fiscais, além de ter obrigações e direitos de uma pessoa jurídica.

Dentre outras vantagens de ser MEI, Alice Mesquita cita: poder participar do Programa de Compras Governamentais, ter acesso a produtos especiais para empresas em bancos e fazer compras com preço diferenciado. Ao se formalizar o MEI, o empresário adquire alguns benefícios, como se tornar beneficiário da Previdência Social (INSS), auxílio-doença, aposentadoria por idade e salário-maternidade, pontua a colaboradora do Sebrae-CE.

Onde investir
Alice Mesquita avalia que todos os setores ligados à saúde estão em alta, sejam cuidados com a saúde pessoal como pequenos fornecedores de produtos e serviços para centros de saúde, sejam equipamentos, manutenção, vestuário etc. “Além desses setores, ganharam destaque os negócios que conseguiram se moldar ao ambiente digital, oferecendo produtos e serviços de forma remota. Essa é uma modalidade que com certeza terá continuidade, mesmo com o retorno das atividades presenciais”, defende.

Por onde começar
Em todo início é preciso cautela e, de preferência, que o empreendedor elabore um plano de negócio para dar mais segurança relacionada ao investimento, ensina Alice Mesquita. Ela diz que, nesse momento, é preciso pensar na atividade e em como minimizar os riscos, com cuidado para não aplicar recursos financeiros além do necessário.

Para elaborar o plano de negócio, o primeiro passo é saber quem é o público-alvo e que tipo de necessidade desse público será atendida. Depois, é conhecer o mercado, quais outras empresas se apresentam como concorrentes e de que forma elas atendem as mesmas necessidades do seu público.

A parte operacional do plano de negócio deve conter quais produtos ou serviço(s) a empresa irá oferecer, as quantidades e a necessidade de mão de obra. Com isso é possível calcular a parte financeira que envolve os custos para produção, aquisição de maquinários e pagamento de despesas gerais da empresa, incluindo o pagamento de funcionários e a retirada do empresário (pró-labore).

Processo de abertura do MEI
Alice Mesquita explica que o registro como microempreendedor individual é feito de forma simples. Todo o processo é direto no Portal do Empreendedor, basta ter os documentos pessoais RG, CPF, título de eleitor e endereço com CEP. O empreendedor faz um cadastro no Portal de Serviços do Governo Federal através do próprio Portal do Empreendedor para gerar uma senha pessoal. Essa senha será utilizada também para monitorar os serviços disponibilizados para a empresa, como a retirada dos boletos para o pagamento mensal.

Depois de obtido o CNPJ, o MEI terá como obrigação pagar a parcela mensal do DAS (Documento de Arrecadação do Simples Nacional) e fazer a declaração anual entre os meses de janeiro e maio também através do Portal do Empreendedor, indica a profissional.

Quem pode abrir um MEI
O MEI é ideal para atividade que não precisa de mão de obra intensiva, já que ele admite apenas um funcionário. O limite de faturamento anual é de R$ 81 mil e não é permitida a entrada de sócios. O processo de registro é muito simples e ocorre de forma imediata. “Mas é importante que o empreendedor conheça a atividade escolhida e, caso necessite, procure apoio para a gestão do negócio. Isso pode fazer toda a diferença”, reforça Alice Mesquita.

Para saber os detalhes sobre o registro como microempreendedor individual, o interessado deve procurar o Sebrae-CE, que vai prestar todas as informações, além de trazer as orientações de como trabalhar a ideia de negócio, a capacitação para a modelagem e a elaboração do plano de negócio, a capacitação para a gestão operacional, a gestão de vendas e finanças, e também na orientação para o crédito, para identificar o melhor momento, a melhor linha de crédito disponível e como aplicar o recurso, detalha a profissional.

O atendimento do Sebrae atualmente está ocorrendo através dos canais remotos: o 0800 570 0800 é um atendimento telefônico e funciona como WhatsApp; o site www.ce.sebrae.com.br também tem um chat para conversar de forma online com um dos analistas. Em breve, a instituição retornará com o atendimento presencial agendado, informa Alice Mesquita.

Fonte: Diário do Nordeste em 23/07/20

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