Viver e também trabalhar. Não apenas viver para trabalhar, por Adriana do Carmo
Na última segunda-feira, comemoramos o Dia Internacional do Trabalho e quis contribuir com esta data tão relevante, convidando você a SENTIR que emoção esse título lhe provoca: “Viver e também trabalhar. Não apenas viver para trabalhar.”
Para começo de conversa, gostaria de dizer que eu já vivi para trabalhar durante muitos anos, sem consciência do estrago que provocava na minha vida, saúde, nas minhas relações familiares, sociais e mesmo nas profissionais. Vivi separada de mim por décadas! E é para falar desse paradigma de separação que vivemos há séculos que estou escrevendo hoje, nesta data tão importante.
Tudo começou com a separação homem-natureza, lá na distante Revolução Agrícola, mudando o estilo de vida nômade, trazendo a domesticação dos animais, a propriedade privada e a ideia, infelizmente ainda viva até hoje, de que a natureza tem recursos infinitos e existe para ser explorada. Imediatamente a esse evento, inaugura-se o patriarcado com a separação masculino-feminino, exaltando o homem sobre a mulher, com reflexos ainda fortes na sociedade e no mundo do trabalho atual.
Mas, não parou por aí. Com a Revolução Científica nasce o racionalismo, trazendo o foco central nas partes e não no todo. Corpo, mente e espírito são separados e esta forma de pensar influencia mais uma separação: a dos hemisférios esquerdo-direito do cérebro. O esquerdo linear, causal, com foco nas partes passa a ser mais valorizado do que o hemisfério direito, com sua característica sistêmica, relacional, criativa, fora da caixa e enxergando o todo para além das partes.
Esse entendimento influenciou toda a nossa sociedade e provocou talvez a maior, senão a pior de todas as separações: a de que o ser humano é separado de si mesmo! É a separação interno-externo que nos desconecta da nossa essência integral, dificultando a percepção das nossas emoções, das sensações do corpo, da intuição, da potência da criação e, principalmente, da liberdade de fazer escolhas conscientes.
Nesta perspectiva, parecia “lógico” dizer que existem várias vidas completamente compartimentadas. E foi aí que caímos na armadilha de separar vida pessoal e vida profissional, começando a ‘usar a cabeça para pensar e as mãos para fazer no trabalho e usar o coração para sentir em casa’.
“Não leve problema de casa para o trabalho, não dependa de ninguém, cresça, vista a camisa, dê o seu sangue, faça seu patrimônio, busque segurança”. Assim, as carreiras foram construídas com o máximo de competição para alimentar a autoestima e não a autorrealização.
Os reflexos destas separações têm causado os mais diversos impactos negativos, passando pela grave questão climática, a desigualdade social extrema, competição, relações degenerativas, preconceito, homofobia, misoginia, etarismo, transtornos mentais, com aumento de ansiedade, depressão, burnout, para citar apenas alguns. A sociedade está adoecida e o mundo do trabalho é reflexo dessa sociedade!
Qual é a saída? Alterar o paradigma da separação para a integração! E isso requer uma mudança de mentalidade.
Ao nos percebermos como parte da natureza, ao invés de explorar podemos criar caminhos de preservar os recursos naturais, combater a poluição, promover sustentabilidade e regenerar os meios de vida na Terra.
Nos enxergando como iguais, não será mais necessário mostrar poder distorcido de um ser humano sobre outro ser humano e sim a valorização da diversidade inclusiva e da equidade. Assim, experimentamos aprender com as diferenças, evoluir nos conflitos, criar e resolver problemas juntos e passamos todos a ter vez e voz.
E ao vivermos nossa integralidade (lembra que nunca fomos separados, né?) sentimos a potência de nos reconectar com quem somos, percebendo nossos pensamentos, nossas emoções, as sensações que elas provocam no nosso corpo e autonomia para escolher a melhor forma de ação/reação.
E neste ponto percebemos que podemos escolher conscientemente a beleza e a fluidez do equilíbrio. Podemos escolher o caminho do meio, o caminho da sabedoria. Escolhemos a vida e o trabalho faz parte dela, mas não é ela. Queremos viver e também trabalhar! Não podemos mais viver apenas para trabalhar.
Neste novo caminho, o trabalho tem um papel regenerativo, ou seja, ele traz a “lógica da vida” numa produtividade saudável, com resultados sustentáveis que gera vitalidade e bem-estar para todos os sistemas.
Somos seres humanos adultos vivendo a nossa potência em empresas que são organismos vivos! E a liderança, também chamada de regenerativa, cria condições propícias para essa vida acontecer em todas as oportunidades, seja promovendo espaço para a expressão de pensamentos e sentimentos, no cultivo de relações de confiança que não se abalam frente às mudanças, na definição clara de responsabilidade e autonomia para escolher, criar, buscar soluções e agir e no engajamento com um propósito claro, verdadeiro e concreto, ancorado em valores vividos a cada instante. O dito é o feito! Não há diferença; não há separação.
Neste novo paradigma de mundo, vivemos uma Jornada de Reconexão com a nossa humanidade e o meu convite neste Dia Internacional do Trabalho é para cocriarmos esta nova forma de trabalho, onde as pessoas são valorizadas, a natureza é respeitada e a prosperidade é compartilhada equitativamente para todos os stakeholders. Todos cooperam, cocriam e ganham. É o trabalho regenerativo que gera vitalidade e bem-estar para todos, pois traz de volta a lógica da vida!
Por Adriana do Carmo
Fundadora e Facilitadora de Transformação Flow Desenvolvimento Integral | Consultora em Gestão, Realização Humana e Bem-estar nas Organizações | Mentora | Professora de Pós-Graduação | CHO | FIB | Sistema B
Sobre a Flow Desenvolvimento Integral
A Flow Desenvolvimento Integral promove o autoconhecimento como meio de transformação de indivíduos, grupos, organizações e sociedade, atuando de forma consciente e pragmática, gerando resultados sustentáveis para os seus clientes, trazendo sentido para as suas escolhas.
A união da expertise em Psicologia e Gestão é a base de desenvolvimento do trabalho desenvolvido por Adriana Bezerra e Keyla Monteiro, fundadora e co-fundadora respectivamente.
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