Tecnologia, desigualdade e incerteza
Bill Gates em 2015, no decorrer da palestra “A próxima epidemia? Não estamos preparados”, lembrava que a guerra nuclear era o desastre mais temido quando criança. Na oportunidade, alertou: “hoje, o maior risco de catástrofe global não se parece com uma bomba, mas sim com um vírus. Investimos muito em armas nucleares, mas bem pouco em um sistema para barrar uma epidemia. Não estamos preparados”.
O Ebola era a epidemia daquele período e o mundo mobilizava-se na tentativa de controlá-la. Gates estava correto ao profetizar o perigo de catástrofes globais provocadas por vírus. A pandemia do coronavírus é uma dessas catástrofes. A mesma agudizou a questão da incerteza na agenda mundial.
Edgar Morin, pensador francês, ao refletir sobre a catástrofe da Covid-19 observa que “não sabemos se devemos esperar o pior, o melhor, ou ambos misturados: caminhamos na direção a novas incertezas”, porque os efeitos políticos, econômicos, nacionais e planetários resultantes do isolamento social são ainda desconhecidos.
Assinale-se que cada crise guarda peculiaridades com as circunstâncias histórica, política, cultural, socioeconômica, tecnológica, científica em que se dá.
Prospectando tendências pós-pandemia Covid-19, algoritmos, padrões, protocolos hiperconectados povoam com intensidade o cotidiano das pessoas, empresas e governos. Nesse sentido, a transformação digital segue veloz substituindo o presencial e incrementando a denominada low touch economy, a qual pretende restringir contato físico entre as pessoas e objetos que possam disseminar o vírus.
Rotinas, negócios, trabalhos profissionais, costumes, hábitos estão mudando por conta dos algoritmos, padrões, protocolos mencionados. Independente das mazelas, a tecnologia continuará a avançar e a automatizar os modos de vida.
Combinar avanço tecnológico e erradicação das desigualdades entre regiões e pessoas é o desafio planetário. A pandemia da Covid-19 expôs dramaticamente essas desigualdades marcadas pela quantidade de contaminados, número inaceitável de óbitos e o pós de incertezas.
Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE
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Fonte: Sebrae-CE em 22.06.20