A década de 1990 no Ceará foi marcada pela execução de projetos estruturantes que colocaram o Estado em um novo patamar de desenvolvimento. Os cearenses que acompanharam uma crise crônica de gestão pública durante boa parte dos anos de 1980 vivenciaram naqueles dez anos seguintes o oposto, resultado do direto do novo modelo de gerenciamento da coisa pública, adotado a partir de 1087 com o primeiro governo de Tasso Jereissati.
Com o Estado reorganizado do ponto de vista das finanças e com a credibilidade restabelecida, foi possível projetar nova infraestrutura para o crescimento socioeconômico.
Diante desse desafio, na condição de secretário de desenvolvimento econômico projetamos a atração de novos investimentos e a construção do Complexo Portuário do Pecém – Diante do já limitado Porto do Mucuripe. A partir de um pré-projeto elaborado pelo ex-oficial da Marinha Mercante Brasileira, Victor Samuel; e pelo então subsecretário de desenvolvimento econômico Mário Lima, já tínhamos a definição de uma área de 350 hectares para armazenar combustíveis líquidos e gás.
Ao decidir construir o porto do Pecém, o governador Tasso Jereissati colocou o Ceará na rota de desenvolvimento e estabeleceu as bases para um novo complexo portuário no País.
Executado pelo então secretário de infraestrutura Maia Junior, o projeto foi modelar na gestão dos recursos públicos e na qualidade de serviços, contrariando a crítica de setores que, na época, não compreendiam a grandeza da obra.
Inaugurado em 2002, o porto do Pecém está próximo de completar 20 anos de funcionamento e muito contribuiu para a melhoria dos nossos indicadores econômicos, mas, é preciso avançar com a relação à instalação do parque de tancagem, que permanece funcionando lamentavelmente na área do porto do Mucuripe. Em recente artigo publicado no O Povo, o ex-presidente da FIEC, Roberto Macêdo, expôs a gravidade dessa situação, somando-se as diversas vozes que defendem a transferência imediata para o Pecém.
Trata-se de uma medida fundamental. Primeiro, para ampliar a lógica de funcionamento do Complexo Portuário do Pecém e, também, por uma questão de segurança. A recente tragédia de Beirute, no Líbano, deve servir de alerta para o perigo que é manter a tancagem no Mucuripe. Adiar esse projeto é expor a vida de milhares de cearenses a um problema de graves consequências.
*Artigo de Raimundo Viana, empresário, Ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, Sócio e Ex-presidente da CBPCE
Fonte Jornal O Povo em 03/09/2020