O mundo VUCA nos trouxe até aqui. Tá bom… O que temos à frente?

Esse texto foi motivado por um amigo que me perguntou o que achava do “novo” VUCA: V – Vision (Visão); U – Understanding (Compreensão); C – Clarity (Clareza); e A – Agility (Agilidade). Bem… Pensei… É um desdobramento conceitual do VUCA em nova versão PRIME. Fiz outra leitura desse acrônimo e cheguei à conclusão de que temos algo diferente a desafiar o ser humano. AGORA!

Revisando brevemente: Essa ideia de mundo VUCA teve origem na década de 1990, na época pós-Guerra Fria, e foi utilizada para explicar a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial. É o acrônimo dos termos em inglês: volatility (volatilidade); uncertainty (incerteza); complexity (complexidade); ambiguity (ambiguidade).

A partir de 2008 passou a ser aplicado no ambiente dos negócios em razão da crise econômica americana e que pela falta de previsibilidade enfrentada pelas empresas, tal ideia continuou presente até os dias de hoje. Escolas de Administração e Negócios inseriram no seus currículos temáticas que são uma verdadeira artilharia de estratégias, planos, modelos de negócios, comportamentos e competências para lidar com essa realidade. As empresas, os professores e consultores seguiram religiosamente esse caminho.

Também gosto da ideia e trabalhei com ela nos últimos dez anos. Porem, sempre com um pé atrás para aplicar as centenas de sugestões de ação advindas do conceito VUCA para o contexto empresarial brasileiro. Por que? Simples. Importar técnicas sem a devida adequação ao contexto, ou mesmo adaptar livremente sem o devido estudo e aprofundamento, não é bom. E a tecnologia foi protagonista na velocidade virótica da implementação de metodologias. Disseram-me que agora estamos no “Mundo ágil”. “- Seja rápido! Lance o seu produto no mercado e depois saia corrigindo e aperfeiçoando…” “Mude ou morra!” – Altamente competitivo, não! Até neurótico! Isso também produziu alta concorrência interna nas organizações. Colegas se viam numa arena de luta para escalar estruturas organizacionais. “A Meta”. Os ambientes de trabalho se tornaram tóxicos para as pessoas. Como chegamos a isso? Viviamos (ou vivemos!) no modo automático e não percebíamos o que estávamos fazendo com o lado invisível de nossas vidas.

Mas voltando ao contexto empresarial brasileiro, este apresenta características peculiares: o “mau” ambiente de negócios e suas práticas concorrenciais; uma política tributária agressiva para suprir a fome insaciável do governo; comportamentos de complacência; baixa confiança nas relações interpessoais e nas instituições públicas; dentre outras; que tornam o ambiente brasileiro complexo, pouco previsível, de relações voláteis e ambíguas. Esclareço que procuro sempre me basear em dados e informações de entidades e organizações credíveis para fundamentar minhas reflexões.

Diante da leitura anterior, e do momento excepcional que passamos, reescrevi uma nova perspectiva para o cenário VUCA, que também trouxe ao longo de sua história – em seu conceito e em suas práticas – forte carga de ansiedade, burnout, stress, falências pessoais e empresariais, conflitos diversos e demissões em massa. Situações muito relacionadas aos comportamentos e atitudes humanas, e menos à tecnologia e seus reconhecidos benefícios.

Trata-se, agora, de uma nova perspectiva e cenário para a construção de um Novo Mundo que chamo de VECA. Onde a característica maior é a oportunidade ímpar de reconstrução para um novo modo de viver: coletivo, solidário, humanitário, educado e espiritual.

O acrônimo é assim:

As vantagens do acrônimo: Compreensíveis, transparentes, abrangentes e universais. Esses valores se referem à humanidade, liberdade, justiça, generosidade, solidariedade, paz e amor; conceitos que estão presentes em todas as tradições culturais. VECA exprime também humanidade, afetividade, espiritualidade, confiança e bondade. Palavras que têm força e poder de transformação e se enquadra dentro da dimensão ética e moral do ser humano. Podem transformar a vida das pessoas e, consequentemente, a vida das organizações públicas e privadas para um estágio superior ao que vivemos hoje.

Como tornar esses princípios parte do DNA de todos? Pessoas e organizações? Através da Educação em todas as suas dimensões. Começa na infância, percorre a adolescência para formar o adulto cidadão auto responsável, respeitoso e humanitário.

Sobre “Mundo VUCA” temos 153 mil referências no Google. Para “World VUCA” temos um milhão e trinta mil referências. Para “Mundo VECA” o Google é teimoso. Quer me corrigir para “Mundo VUCA”. Não me reconhece. Então, o problema é dele!

Está lançada a ideia e aberto o debate. Portanto, peço o seu comentário. E se você gostar também peço compartilhar. Quem sabe essa ideia cole e teremos pessoas e organizações trabalhando seriamente em uma nova perspectiva humanitária. E o Google reconheça o “Mundo VECA” em nossas pesquisas.

Fonte: Dermeval Franco em 23.04.2020

Presidente do Banco Central diz que economia começará a melhorar a partir do 4º trimestre

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que a economia brasileira vai começar a melhorar a partir do 4º trimestre de 2020, e que apenas nos próximos 3 meses é que será possível avaliar a extensão do estrago da crise do coronavírus no país, segundo o site Poder360 neste sábado.

Segundo o site, a entrevista completa em parceria com o Poder em Foco, no SBT, será transmitida no domingo.

“Eu acho que o último trimestre vai mostrar melhoras. Obviamente de uma base muito baixa. Agora a dúvida é o 3º trimestre, o quanto vai ser impactado”, disse o presidente do BC, na entrevista.

Campos Neto também afirmou que o Banco Central apresentará sua estimativa para a economia em comunicado oficial em breve, e que ela dependerá dos efeitos do isolamento social por conta do novo vírus.

“Eu acho que as pessoas que hoje fazem conta de quanto vai ser o crescimento brasileiro estão estimando quanto tempo vai ficar parado e como vai ser essa parada. Eu acho que nunca esteve tão difícil fazer previsão de crescimento, porque é um fenômeno muito diferente, muito novo, a gente não viu”, disse. (Reuters)

Fonte: Jornal do Brasil em 18.04.2020

Setor de Saúde cearense investe contra pandemia e gera oportunidades de emprego em cenário de crise

A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus tem levado muitas empresas a cortar gastos e, em muitos casos, a demitir. No entanto, alguns setores produtivos não sofreram cortes e estão até contratando mão de obra para dar conta do aumento da demanda. Em um mês, o segmento hospitalar já abriu mais de mil vagas no Estado – e juntamente com o farmacêutico e de supermercado, são os principais recrutadores.

O Sistema Hapvida, por exemplo, diz ter criado 800 postos de trabalho de março para abril. Do total, 500 foram de vagas temporárias para enfermeiros e técnicos de enfermagem, na rede própria, e o restante para suprir gestantes, pessoas com mais de 60 anos, com doenças crônicas, entre outros. Parte do corpo de trabalho do grupo está atuando de forma remota.

“Além disso, a empresa ampliou diversos serviços, como a teleconsulta, distribuição de insumos por todo o país e mantém uma programação diária nas redes sociais com informações da companhia no período”, informou em nota.

Já a Unimed Fortaleza, por sua vez, prevê que até o fim deste mês cerca de 250 vagas serão abertas para suprir a crescente procura por serviços de saúde.

Segundo a cooperativa, em março foram contratados 73 novos colaboradores, principalmente, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com 34 novos postos. Em abril, até o momento, 54 pessoas foram empregadas, com o setor de emergência liderando, com 16 postos. A Unimed acrescenta que ainda serão admitidos neste mês 253 pessoas, sendo a maior parte delas na UTI (118), emergência (57), clínica médica (42), fisioterapia (26) e centro de distribuição (7).

“Na área assistencial, de atendimento, estamos tendo que contratar a mão de obra porque a demanda está aumentando. E precisamos de um excedente porque há o risco de profissionais adoecerem e precisarem se afastar. Como não tem tanta gente disponível no mercado para contratarmos de uma vez, temos tido custos a mais com hora extra. Esse mês pagamos ou iremos pagar um grande volume. Temos tido aumento de custos e despesas mesmo sem aumento de receita”, explica o presidente da Unimed Fortaleza, Elias Leite.

Ele diz que houve aumento no quadro de profissionais na parte de hospital e clínicas, onde há pronto atendimento para pessoas com suspeita de covid-19.

“A quantidade de pessoas que ainda vão ser contratadas vai depender da curva de contaminação e da substituição de profissionais que venham a adoecer. Estamos contratando principalmente médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem, mas também incrementamos o quadro do serviços gerais, que é muito importante. Ainda aumentamos o número de assistentes sociais e psicólogos. Criamos uma área para acolhimento das famílias de pacientes internados com covid-19”, acrescenta.

Leite também afirma que praticamente 100% da parte administrativa da empresa está home office. “Mas não reduzimos jornadas nem suspendemos contratos de trabalho. O que fizemos foi dar férias para parte dos funcionários, mas não representa grupo significativo. Quanto aos nossos profissionais com idade acima de 60 anos ou alguma morbidade, estamos priorizando a concessão de férias ou realocando para outros departamentos que não a linha de frente”.

O presidente da Unimed Fortaleza ainda diz que o número de atendimentos totais diminuiu. “Felizmente, a população está entendendo que só deve ir ao pronto-atendimento com sinais de alerta. No entanto, a proporção de pessoas que chegam e são internadas tem aumentado”.

Contratação

Nesse movimento de contratações, algumas profissões têm visto a demanda aumentar. O enfermeiro Egberg Santos estava há um mês desempregado quando surgiu uma vaga na Unimed Fortaleza. Ele conta que, por conta da pandemia, o mercado para a profissão cresceu.

“Muitos hospitais abriram pontos de apoio e de emergências para triagem de pacientes com suspeita de covid-19. Também foram abertas UTIs para os pacientes com maior gravidade. O mercado abriu, mas infelizmente por uma situação ruim pela qual a gente está passando”, reforça.

De acordo com Santos, apesar do aumento da demanda, muitos trabalhadores da área estão receosos por causa do novo coronavírus. “Tem muitos funcionários que têm receio de trabalhar com esse perfil de paciente, mas as vagas estão conseguindo ser preenchidas em tempo hábil”.

Ele avalia que muitas empresas estão aumentando os salários como forma de atrair os profissionais. “Elas estão pagando melhor os plantões específicos para trabalhar com o coronavírus”.

O enfermeiro trabalha atualmente no setor de UTI atendendo pacientes diagnosticados ou com suspeita de covid-19 . “Quanto a questão da segurança, a minha empresa oferece todos os equipamentos para a proteção. Não temos este problema lá”.

Equipamentos

A gerente de Recursos Humanos da LocMed Hospitalar (aluguel e venda de equipamentos hospitalares), Cleane Teles, diz que antes da pandemia a empresa já tinha planos para aumentar o efetivo. “Demos seguimento à contratação mesmo com a crescente demanda. E nós estamos conseguindo segurar os empregos atuais”.

Teles afirma que o quadro atual, de cerca de 150 colaboradores, é suficiente para atender a demanda. No entanto, a empresa preferiu continuar com o processo seletivo para oito vagas. “A gente está sendo muito demandado e preferimos não congelar o processo de seleção. Quem estiver interessado pode acessar a nossa plataforma no link jobs.Solides.Com/locmed”.

Essenciais

Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Estado do Ceará (Sincofarma/CE), Antonio Félix, algumas farmácias aumentaram em até 10% o efetivo. Ele ressalta que esse volume de contratações foi direcionado para os entregadores. “Se tiver ocorrido um acréscimo, deve ter sido no delivery. Porque aumentou a entrega, mas isso estourando 10%”, diz.

Nos supermercados do Ceará também houve aumento da demanda e consequentemente crescimento no quadro de funcionários de algumas empresas. Segundo o vice-presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Nidovando Pinheiro, muitos estabelecimentos estão contratando trabalhadores no formato intermitente.

“Muitos supermercados continuam contratando temporariamente, e as vagas podem se tornar efetivas por conta dessa demanda que teve.. A gente viu várias empresas contratando, mas eu não tenho esse número fechado. No meu supermercado, nós criamos 15 vagas de carteira assinada”.

De acordo com ele, no início da pandemia houve aumento de demanda, mas que vem se estabilizando. “Antes da Páscoa, a gente já vinha percebendo uma movimentação normal. Vamos aguardar agora esse dinheiro – o auxílio emergencial de R$ 600 – que o Governo Federal está disponibilizando para as pessoas. A gente vai esperar esse dinheiro entrar no mercado para ver como ficam as coisas”.

Restaurante muda rotina

O fechamento temporário de bares e restaurantes por conta da Covid-19 fez estabelecimentos mudarem a rotina de trabalho dos profissionais. É o caso, por exemplo, do restaurante Renascença, que mudou a função de recepcionistas e garçons para atendentes e entregadores. Segundo o proprietário, Eduardo Mello, não houve nenhuma demissão na casa. Ele conta que usou todas as disponibilidades permitidas por lei para preservar os empregados.

“Para alguns funcionários, eu dei férias. Para outros, eu fiz a suspensão do contrato de trabalho, outros tiveram a redução de jornada de trabalho e uma parte final eu mantive trabalhando por conta do delivery”, diz.

A mudança de funções envolveu alguns funcionários do restaurante. “No caso da entrega, eu mudei três funcionários. Nas formas de atendimento, eu modifiquei duas funcionárias do salão que passaram a fazer as vendas por telefone. A moça que trabalha na balança passou a trabalhar recebendo os pedidos e atendendo ao drive thru. E os funcionários da cozinha ficaram na linha de montagem”, explica o empreendedor.

Mello diz ainda que o movimento do delivery não alcança o movimento que a casa tinha antes da pandemia. “O delivery é muito aquém do presencial. O faturamento do delivery não representa nem 30% do nosso atendimento presencial. Em média, chega a 20% do que era antes da pandemia”.

Ele conta também que há desafios de adaptação, uma vez que o restaurante não disponibilizava de entrega antes da crise do novo coronavírus. “Nós estamos nos adaptando à nova realidade. A equipe já tinha uma forma de trabalhar e a gente está fazendo mudanças necessárias. Os clientes de delivery são mais exigentes por toda essa questão de higiene e qualidade do produto, mas nós estamos tentando manter a qualidade”, avalia.

Fonte: Diario do Nordeste em 14.04.2020

Olivetto, Agora não é hora de vender; agora é hora de prestar serviço

Washington Olivetto é um dos maiores nomes da publicidade brasileira. Criador de campanhas de sucesso como o “Primeiro Sutiã”, de Valisere, o “Garoto Bombril” e o cachorrinho da Cofap, foi um dos principais empreendedores da propaganda nacional, ao fundar, em 1986, a W/GGK —que, mais tarde, se transformaria na icônica W/Brasil.

Desde 2017, Olivetto mora em Londres, na Inglaterra, com a mulher, Patrícia, e os filhos, Antônia e Theo. Ainda ligado no dia a dia da propaganda mundial, o criativo falou com exclusividade à reportagem do UOL.

No papo, Washington aborda a mudança radical que a publicidade deve encarar nos próximos meses, além das lições que o mundo pode tirar para a vida pós-pandemia. Confira.

A publicidade está em um “momento de transformação”. Com a pandemia, essa transformação será acelerada? Qual o cenário?

Já fazia um bom tempo que a publicidade, tanto no mundo quanto no Brasil, não caminhava bem sob os pontos de vista criativo e negocial, precisando se reinventar. Agora com a pandemia, esse problema cresce e a necessidade de reinvenção se transforma em obrigatoriedade de re-reinvenção. As agências “gordas”, com estruturas inchadas, que já estavam faz algum bom tempo precisando ir para um spa emagrecer por uma questão estética, agora vão ter que emagrecer por uma questão ética e de sobrevivência.

O mais importante na comunicação é saber encantar e seduzir

A tese defendida particularmente por consultorias, de que o mais importante no negócio da comunicação é saber mensurar os resultados, vai perder seu breve reinado. Já se voltou a perceber que, seja qual for a mídia, analógica ou digital, tradicional ou recente, o mais importante na comunicação é saber encantar e seduzir.

Dados, então, não substituirão boas ideias?

As grandes ideias vão voltar a reinar, porque só elas são capazes de encantar e seduzir, gerando, por consequência, os resultados que provocam satisfação e orgulho quando mensurados. Sem grandes ideias não acontece nada. Não tem resultado para mensurar. Essa é a verdade.

Sobre a existência das agências num futuro próximo, o cenário também é claro: só sobreviverão as agências dos grandes grupos e, mesmo assim, lutando com enormes dificuldades. Também sobreviverão as agências independentes extremamente talentosas, porque essas sempre serão as exceções que sobrevivem a qualquer regra. Quem não for de um grande grupo nem independente brilhante deixará de existir.

Um estudo da Kantar diz que as marcas que anunciam em momentos de crise crescem cinco vezes mais do que as outras. Mas a crise de hoje é, digamos, “diferente”. É hora de investir em comunicação?

Sempre é hora de investir em comunicação, mas de acordo com as necessidades e prioridades do momento. Analisando os dias de hoje, agora não é hora de vender, é hora de informar. Agora não é hora de persuadir, é hora de prestar serviço. As empresas que fizerem isso sairão mais fortes desse momento.

Consumidores preferem comprar de empresas bem-humoradas

Empatia e bom humor podem ser um caminho que as marcas podem seguir neste momento de pandemia? Quais são bons exemplos que têm surgido pelo mundo?

Assim como as pessoas preferem conviver com pessoas bem-humoradas, ao invés de pessoas mal-humoradas, os consumidores preferem comprar de empresas bem-humoradas, ao invés de empresas mal-humoradas.

Bom humor passa simpatia e autoconfiança, características típicas dos grandes vencedores. Mesmo num momento dramático como o que vivemos, o humor (quando pertinente) pode ser uma poderosa arma de vendas e construção de imagem.

Nos últimos anos, uma campanha bem humorada tratando de problemas sérios se destacou: Dumb Ways to Die (Maneiras Estúpidas de Morrer) foi uma campanha australiana sobre os acidentes sofridos por pessoas que prestavam maior atenção nos seus telefones celulares do que na vida que estavam vivendo.

Os grandes eventos de inovação e criatividade, como SxSw e Cannes Lions, foram cancelados. Pode ser o momento de uma quebra de paradigma para o mercado de premiações e eventos globais? O investimento pode tomar outros rumos?

O festival de publicidade de Cannes, que administrou mal sua ambição nos últimos anos, exagerando na sua busca obsessiva por ganhar dinheiro, já vinha em decadência. Perdeu sua importância como documentador da atividade e como premiação, por ter passado a distribuir prêmios em quantidades industriais.

Comentários entre os profissionais de primeiro nível do negócio da publicidade mundial diziam que qualquer um que visitasse Cannes na semana do Festival podia ser atingido por um prêmio.

Por outro lado, também na busca de ganhar dinheiro, o Cannes Lions tentou invadir a área de eventos e palestras nos últimos anos, características de acontecimentos como o SxSw. Inicialmente, ganhou em termos de frequência e faturamento, mas, evidentemente, perdeu em prestígio.

Enquanto isso, o SxSw, em Austin, foi ganhando o seu espaço, até por ser mais variado e custar menos do que Cannes. É provável que, daqui para frente, os dois tenham dificuldades de sobrevivência. Até porque eventos que aglomeram muitas pessoas terão uma tendência a serem repensados. Acredito que o Cannes Lions terá ainda mais dificuldades, porque já vinha na curva descendente.

Espero que, quando a pandemia acabar, tenhamos um mundo menos poluído e poluente

Quais são as boas lições que o mercado publicitário pode tirar deste momento?

A vida e o mercado publicitário podem tirar lições disso tudo. Espero que, quando a pandemia acabar, tenhamos um mundo menos poluído e poluente. E uma publicidade menos poluída e poluente.

Acredito que conseguindo se re-reinventar, a publicidade pode voltar a ter momentos de prosperidade criativa e de negócios. Menores do que os vividos no seu auge mundial, entre 1980 e 2000, mas dignos de serem saudavelmente aproveitados.

Fonte: Uol Noticias em 14.04.2020

Plataforma recebe inscrições de ideias inovadoras para economia

A plataforma Somos Um recebe, até a próxima quinta-feira (16), inscrições gratuitas de ideias e soluções inovadoras para a economia pós-pandemia. Os inscritos concorrem à premiação nos valores de R$ 5 mil, R$ 3 mil e R$ 2 mil

A situação de paralisação das atividades econômicas durante a pandemia do coronavírus tem provocado novas perspectivas sobre a economia. Enquanto a crise de saúde pública bloqueia o modo habitual de produção das empresas e organizações, parte da sociedade já se inquieta para emplacar um novo paradigma de negócios no Ceará.

Atrás de encontrar essa inovação, o Desafio Retoma Ceará está com inscrições abertas para gestores públicos, empresários e executivos de empresas privadas, agentes do setor financeiro, professores e estudantes universitários, lideranças comunitárias e demais pessoas interessadas em colocar em prática ideias para uma “nova economia”.

Até a próxima quinta-feira (16), a plataforma online Somos Um, em parceria com o Ninna Hub e a Grow+, inscreve gratuitamente propostas inovadoras nesse sentido. As três melhores ideias concorrem às premiações de R$ 5 mil (primeiro colocado), R$ 3 mil (segundo), e R$ 2 mil (terceiro). As inscrições são individuais ou por equipe, de acordo com o regulamento exposto no site.

“O legal é juntar, por exemplo, um gestor público, com alguém que entende de finanças e parte tributária, com empresário, com o comerciante do bairro, pra ele dizer qual é a dificuldade dele e eles pensarem juntos numa solução”, observa a empresária Ticiana Rolim Queiroz, uma das idealizadoras da iniciativa.

O regulamento sugere uma série de temas para direcionar as ideias: aspectos tributários; economia informal, empreendedores informais e informalidade na economia; ampliação e complementação de renda; e desburocratização da economia. E as propostas devem beneficiar, sobretudo, trabalhadores informais, microempreendedores individuais, microempresários e profissionais liberais.

O objetivo é que as ideias beneficiem diretamente os informais (Artesãos, ambulantes, costureiras, diaristas flanelinhas e outros), Micro Empreendedores Individuais – MEI (Cabeleireiros, manicures, mestre de obras e outros), as Micro Empresas – ME (Mercadinhos, salões de beleza, lanchonetes, lojas de roupas e outros) e profissionais liberais, como advogados, consultores, psicólogos, professores / instrutores e outros.

Início

Ticiana Rolim recapitula que a ideia do Desafio surgiu após cinco dias de quarentena no Ceará. Ao lado de outros empreendedores, a empresária refletiu sobre a necessidade de criar uma oportunidade para as pessoas que tivessem dificuldades de inovar neste período de crise.

“É uma chance de elas colocarem o que criam em prática. Ao invés de só colocar a culpa no governo, é sair do jogo de acusação e ser protagonista, fazer a diferença. A pergunta é ‘como colocar meus dons e talentos a serviço dessa pandemia?'”, sugere ela.

Orientada por um pensamento de desenvolvimento sustentável, a empresária conta que, ainda no mês passado, chegou a dar palestras para outros empresários sobre o que seria a “nova economia”. Ela defende como a sociedade agora precisa encontrar, diante dos efeitos da pandemia, um meio termo entre o “capitalismo selvagem” e a paralisação atual, dois polos de um mesmo pêndulo.

“São dois extremos e nenhum é sustentável. Então é preciso ter calma, refletir e pensar numa forma equilibrada de como ganhar dinheiro e mudar o mundo”, vislumbra.

Até a próxima quinta (17), a plataforma online Somos Um, em parceria com o Ninna Hub e a Grow+, inscreve gratuitamente propostas inovadoras para os períodos de crise e pós-crise econômica

Inscreva-se: http://www.somosumce.com.br/

Fonte: Diário do Nordeste em 13.04.2020

Movimento #CompredoBairro é lançado para ajudar pequenos negócios

Com o objetivo de profissionalizar o pequeno varejo nacional por meio de capacitação técnica gratuita e incentivar o consumo de comércios de bairro o movimento #CompredoBairro foi lançado hoje (6), em todo o país, por líderes de oito grandes empresas, apoiados pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae nacional), pela organização Endeavor e pela consultoria LHH.

Em entrevista à Agência Brasil, o idealizador do movimento #CompredoBairro, o empresário Guilherme Weege, disse que o momento que o país está atravessando, com a paralisação de inúmeros comércios e serviços devido à pandemia do novo coronavírus, levou o grupo de empresários a decidir que o projeto deveria ser lançado o quanto antes para atender os pequenos negócios das cidades, os mais afetados pela crise.

Na prática, Guilherme Weege explicou que o movimento tem dois grandes objetivos. O primeiro engloba capacitação e informação para gestão financeira de caixa. “Muitas vezes, a informação não chega a esse pequeno negócio e, quando chega, ele não sabe por onde começar. Então, primeiro a gente vai concentrar conteúdos de muitas fontes diferentes e ajudar a distribuir. A gente vai colocar na nossa plataforma tudo que for surgindo de novo, de maneira muito mais rápida e com informações consistentes”.

Ainda dentro da capacitação, o movimento pretende ajudar o pequeno lojista a fazer marketing digital, ensiná-lo a usar o WhatsApp e outras ferramentas modernas para que ele consiga fazer relacionamento de venda por canais que ele hoje não dispõe. “Ajudando esse pequeno a se capacitar e se digitalizar. A ter algum tipo de receita neste momento e estar mais forte para uma retomada”.

Fluxo para loja

O segundo grande objetivo, que o pequeno lojista não começará agora, mas daqui a algumas semanas, consiste em levar fluxo para essa loja, na medida em que mais pessoas comprarem das lojas do seu próprio bairro. Cartazes com esse objetivo serão espalhados em outdoors pelo país, conscientizando a população da diferença que faz o dinheiro gasto em um pequeno empreendimento do bairro, mesmo que seja de pequeno valor, para os milhões de pessoas que dependem da renda desses pequenos varejos.

“Comprar nesse momento produtos nacionais e localmente no bairro faz uma diferença enorme para a economia dessas dezenas de milhões de pessoas”, exclamou o idealizador do movimento. Guilherme Weege informou que a média de tempo por acesso à plataforma hoje pela manhã era de 12 minutos. Isso significa que as pessoas estão vasculhando os conteúdos em busca daquilo que mais lhes interessa, acrescentou.

Weege diz esperar que depois, já com as vendas totalmente restabelecidas, o movimento poderá medir os resultados alcançados pelo engajamento do público.

Conteúdos

A parceria com o Sebrae vai disponibilizar inicialmente conteúdos relacionados à gestão financeira e contábil, crédito, digitalização e marketing digital na plataforma.

De acordo com dados oficiais do Sebrae relativos a 2019, 6,3 milhões de pequenos negócios compõem o pequeno varejo brasileiro, setor que responde pelo sustento direto de cerca de 13 milhões de pessoas no país. Para Guilherme Weege, esses números retratam a força e a importância socioeconômica do pequeno varejo nacional.

O analista de inteligência de mercado do Sebrae nacional, Renato Perling, explicou à Agência Brasil que, na prática, será muito fácil para os pequenos comerciantes entrarem na plataforma. “Nós fizemos da forma mais fácil possível para que o pequeno negociante possa entrar rapidamente. Lá ele vai encontrar uma página específica do Sebrae, com dicas sobre as medidas que o governo está tomando, dicas de segurança para o negócio dele neste período, e também conteúdos digitais para este momento de crise, como crédito, finanças, marketing digital etc. Uma série de conteúdos adaptados para este momento de crise”, revelou Perling.

Cursos online

Na plataforma, o pequeno empresário encontrará cursos e capacitações online e, também, acesso a conteúdos digitais da temática que ele quiser, tudo gratuito. Ali, ele terá informações sobre o mercado de trabalho. “Ele terá acesso a lives (transmissão em tempo real), webinars (conferências online). São conteúdos mais rápidos, de pequena duração e ele interage com quem está ali dando aquelas dicas”, disse Perling. Os cursos são feitos no horário que o pequeno lojista quiser e puder, esclareceu Perling.

“É bem facilitado para a gente poder ser parceiro neste momento. E vai ser um grande atalho para o portal do Sebrae”, destacou o analista. O pequeno negociante terá na plataforma #CompredoBairro acesso aos conteúdos do Sebrae nacional. “Vai ser um ambiente ajudando o outro”. Segundo Perling, a preocupação do Sebrae é ajudar o máximo de pessoas possível.

Renato Perling salientou ainda que a ideia do movimento é que ele não morra no período pós-crise do novo coronavírus, mas que possam ser feitos também atendimentos presenciais aos empresários pelo Sebrae, para levar consultorias e outras ações para fomentar o negócio local. “A gente está de olho nesse segundo momento; que ele aconteça na hora certa para a gente botar o bloco na rua”, pontuou o analista.

A iniciativa socioeconômica é projeto pessoal dos empresários Guilherme Weege (Grupo Malwee), Fred Trajano (Magazine Luiza), Artur Grynbaum (Grupo Boticário), Jean Jereissati Neto (Ambev), Marcel Szajubok (Embelleze), André Street (Stone), Alcione Albanesi (FLC) e Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora), com o apoio do Sebrae. As empresas não fazem parte da iniciativa, que é projeto pessoal das lideranças envolvidas.

Fonte: Diário do Nordeste em 06.04.2020

E-commerce no nordeste: Desafios e oportunidades

Nos últimos anos o e-commerce no nordeste vem crescendo acentuadamente tanto em número de consumidores quanto em volume de compras. Contudo, poucas empresas da região estão apostando efetivamente nessa área e se estruturando adequadamente para esse canal de venda tão precioso.

Segundo os dados do Ebit Nielsen, esse setor teve um crescimento de 12% no último ano, surpreendentemente em um momento em que a economia em geral apresentava sinais de ajustes.

É evidente que existem alguns desafios que causam receio no momento de investir no crescimento do mercado online, porém, as oportunidades progressivas apresentam um cenário favorável que deve ser considerado na perspectiva da transformação digital e do cenário que a humanidade está vivendo no momento.

Algumas das diversas questões que temos que considerar se refere ao aspecto da territorialidade ampla (o nordeste é um país) e acesso a alguns locais, atrelados a aspectos sociais que podem impedir que o e-commerce no nordeste seja realmente explorado.

Embora devam ser consideradas, observamos que esse contexto tem se alterado gradativamente nos últimos anos com uma tendência de ajustes de acordo com as previsões do mercado, mostrando todo o seu potencial de crescimento.

O e-commerce no nordeste e os investimentos

O e-commerce pode ser encarado como uma estratégia de mercado que surgiu com a popularização da internet, onde todas as fases da transação são feitas no meio digital.

Essa janela possibilitou que pessoas de diversas partes do país e do mundo passassem a adquirir produtos sem sair de casa, e que não fossem fabricados, necessariamente, próximos a sua residência.

Por outro lado, a globalização aumentou exponencialmente, e se tornou possível comprar mercadorias do mundo todo, não apenas do Brasil.

Uma vez que essa possibilidade se tornou comum, produtos importados passaram a chegar nas alfândegas nacionais, para serem distribuídos.

Sendo assim, transportar produtos chegados do sul para o nordeste é economicamente mais caro, o que ocasiona fretes mais caros, tornando os produtos desinteressantes.

Com menos consumidores que a região sudeste (58%), muitas empresas acreditam que seja mais viável investir em entregas nessa região, realizando a manutenção desse ciclo que pode proporcionar uma estagnação do e-commerce no nordeste.

Aspectos culturais e macro econômicos

Além da questão territorial, há um certo distanciamento cultural com o nordeste por parte de outras regiões.

Historicamente, a região sul e centro-oeste foram colonizadas primeiro, possuindo maior investimento e recebendo a maior parte dos imigrantes.

Essas regiões criaram estratégias de desenvolvimento pautadas na industrialização e modernização de outros setores da economia, de modo que a economia passou a se concentrar, em grande parte, nesses locais.

Dessa forma, muitas pessoas, e o mercado em geral, mantêm o imaginário que essas regiões possuem maior poder econômico, enquanto as localidades do norte e nordeste são menos abastadas.

Essa linha de raciocínio, ainda que involuntariamente, leva a um baixo investimento das empresas para o e-commerce no nordeste, acreditando que essa aplicação não retornará lucros.

Com o baixo investimento, a uma tendência que os fretes aumentam e o e-commerce para essa região possa ser pouco atrativo, alcançando poucas lojas que se preocupem em enviar produtos para esses locais.

Esse olhar, ainda que superficial, cria a oportunidade para que empresas da região estruturem melhor seus canais de venda e tratem o e-commerce como uma possibilidade de melhorar faturamento e relacionamento com o consumidor que está em sua região.

Oportunidades que superam os desafios

Ainda que existam desafios, observamos que nos últimos anos, o e-commerce no nordeste foi o que mais cresceu no quesito consumidores e compras realizadas. Foram mais de 3 bilhões em faturamento no último semestre, apenas com o crescimento da região.

É uma área pouco explorada, com grande potencial de crescimento. Seu faturamento apresenta números elevados e expectativas positivas para o mercado online, que cresceu mais 7% nos últimos seis meses.

Dessa forma, investir no e-commerce no nordeste pode apresentar muitos desafios atualmente, mas, a médio e longo prazo, as oportunidades encontradas superam as adversidades, com um público crescente e crescimento inevitável.

Nas palavras de Aldo Pacheco, especialista em e-commerce, “o nordeste é maior que muitos países e que não se pode ignorar a possibilidade de atingir esse mercado. O e-commerce pode e deve ser considerado como uma estratégia, especialmente pelas empresas locais”.

É nessa perspectiva de um mundo e uma economia em transformação que as empresas do nordeste devem se reposicionar em vias a melhorar faturamento, lucro líquido, fortalecimento de marca, relacionamento com consumidor dentre outras questões.

O nordeste pode ser a solução para o nordeste, ao menos no quesito e-commerce.

Fonte: Carlos Luna em 31.03.2020