Portugal prorroga regularização de imigrantes feita por conta da pandemia

Portugal prorroga regularização de imigrantes feita por conta da pandemia

Brasileiros devem ser os mais beneficiados pela medida, que atingirá cerca de 130 mil pessoas

Prevista para durar até 30 de outubro, a regularização de imigrantes feita pelo governo de Portugal no começo da pandemia, em 18 de março, foi ampliada e deve se estender por 2021.

Cerca de 130 mil estrangeiros foram beneficiados pela regularização inicial, feita para garantir que, em um momento de crise sanitária e econômica, os migrantes tivessem igualdade de acesso ao sistema de saúde pública e aos programas de apoio social.

O número exato de beneficiários pela medida por nacionalidade ainda não foi divulgado, mas já se sabe que os brasileiros lideram o ranking.

A ampliação do prazo, que foi publicada em um despacho do governo, vale apenas para quem tinha dado entrada no processo até 18 de março, quando entrou em vigor no país o estado de emergência por conta do novo coronavírus, e que até agora não foi atendido pelas autoridades para a análise do processo.

As informações foram publicadas pelo jornal português Público.

Nesses casos, para continuar com seu status migratório regular, o estrangeiro precisa provar que já fez um agendamento junto ao SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteira), órgão responsável pela migração no país.

Na prática, a prorrogação da regularização deve se estender pelo próximo ano. Nos grupos de apoio a brasileiros e outros imigrantes, há vários relatos de quem só tenha conseguido um agendamento para maio ou junho de 2021. Ou seja: mais de um ano após a manifestação de interesse na regularização.

Com o aumento constante do número de estrangeiros residindo em Portugal –em 2019 eram mais de 590.348 pessoas, número mais elevado desde 1976, quando as estatísticas começaram a ser contabilizadas—, a estrutura de atendimento para emissão de autorizações de residência não tem dado conta da demanda.

Longas filas de espera e atrasos nos documentos têm sido constantes.

O governo de Portugal ainda não se manifestou, no entanto, sobre a situação dos migrantes que deram entrada no processo de regularização após 18 de março e que, portanto, não foram beneficiados pela concessão de documentação.

Maior comunidade estrangeira em Portugal, os brasileiros são, consequentemente, os principais afetados.

Nos últimos anos tem havido um crescimento da quantidade de residentes. Em 2019, o aumento oficial foi de 43,5% em relação ao ano anterior, um recorde. Atualmente, um em cada quatro imigrantes em Portugal é brasileiro.

Ainda assim, o número real de brasileiros é superior à cifra oficial de 151.304 residentes. Não entram nesta conta os que têm dupla cidadania portuguesa ou de outro país da União Europeia e, obviamente, os que não têm status regular no país.

Fonte: Folha em 09/09/2020

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Alltech Segurança é a nova sócia da CBPCE

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Fonte: CBPCE em 02/09/2020

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Com enorme mercado potencial, rota da África se revela para o Ceará

Com enorme mercado potencial, rota da África se revela para o Ceará

Comércio com o continente ainda é tímido, mas crescimento demográfico, países em ritmo de desenvolvimento e incentivos oferecidos podem gerar boas oportunidades.
Quando o assunto é comércio internacional, muitas pessoas acabam se rendendo ao senso comum e a números absolutos, sem contexto. Para investidores, entretanto, a análise deve ser mais apurada, o que faz com que os olhares não raro se voltem para mercados com largo potencial em detrimento daqueles que já possam estar, de certa forma, saturados. É o que o Ceará deveria fazer em relação às nações africanas.

De fato, a pauta do Estado em relação ao continente ainda é pouco diversificada, com exportações e importações igualmente baseadas em itens de baixo valor agregado, poucos produtos manufaturados e um número incipiente de empresas atentas àquele lado do planeta. “Existe um potencial gigantesco de comércio não explorado”, exclama o presidente do Instituto Brasil África (Ibraf), João Bosco Monte.

O dirigente está se referindo a um mercado com mais de 1,2 bilhão de habitantes, grande crescimento demográfico e países em intenso ritmo de desenvolvimento como fatores favoráveis, entre outros.

“É importante ainda mencionar que a África está estruturando sua Área de Livre Comércio, que será uma das maiores do mundo. O continente africano tem grande potencial e alguns de seus países apresentam algumas das maiores taxas de crescimento. Desta forma, fazer negócios com um país africano significa ter abertura para um continente inteiro, com grandes oportunidades. Com esse tratado, é importante fortalecer os laços e expandir os negócios com a África”

João Bosco Monte, presidente do Ibraf
Com recorte apenas no ano de 2019, o Ceará realizou trocas com mais de 20 países africanos e exportou mais de 14 US$ milhões. Destaque para as transações envolvendo África do Sul, Angola e Cabo Verde. As importações, por sua vez, estiveram bem mais em alta, como já costumava acontecer em anos anteriores, superando os US$ 112 milhões. Deixou um déficit de US$ 97 milhões na balança comercial, é verdade, mas nada que não possa começar a ser alterado nos próximos anos, segundo Fábio Fraines, diretor regional para o Nordeste da Câmara de Comércio Afro-Brasileira (AfroChamber).

“Quando falamos de África, estamos nos referindo a 55 países, dos quais cinco falam português (no mundo, são oito nações que usam o idioma), e há diversas oportunidades”. Entre elas, ressalta Fraines, está a competitividade das mercadorias brasileiras, proporcionada pelo câmbio desvalorizado em relação ao dólar: “Nossos produtos estão muito mais competitivos lá fora. Nosso maior concorrente seriam produtos da China e estamos trabalhando praticamente em pé de igualdade com ele em termos de preço, mas com uma qualidade muito superior”, compara.

Outra grande oportunidade que se apresenta é que a grande maioria desses países africanos possui um parque industrial muito escasso, avisa Fraines. O diretor da AfroChamber enumera ainda outras vantagens nessa relação intercontinental “Existem incentivos, bons projetos nesses países para que empresas de fora se instalem neles, com os governos locais cedendo terrenos, propriedades, facilitando crédito e oferecendo isenções de muitas tarifas por muitos anos, além de farta mão de obra. É um bom momento, uma ótima oportunidade”, sentencia.

Construir novas relações entre as duas representações é questão apenas de favorecer a criação dessas “pontes”, conforme os ouvidos pela reportagem. “É preciso um maior conhecimento, tanto do lado cearense quanto do africano, das oportunidades de negócios. Acredito que os empresários do Ceará precisam conhecer a África, entender o potencial econômico da região, assim as parcerias serão muito benéficas para ambos os lados”, avalia ele.

Setores

Dois setores têm se destacado mais nas trocas comerciais entre Ceará e países africanos: o alimentício e o de calçados. Para que se tenha ideia, com a África do Sul, país que mais se destacou nessas relações com o Estado nos últimos anos, foram mais de US$ 1,9 milhão negociados no segmento de calçados polainas e artefatos semelhantes no ano passado, conforme dados do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado (Fiec). Em segundo lugar na relação com aquele país, com bem menos representatividade, ficaram os produtos gorduras e óleos animais ou vegetais, com US$ 323,3 mil. O “vice-campeão” em exportações para o Ceará é Cabo Verde, que de seus US$ 2,7 milhões gastos no total, deixou US$ 1,1 milhão em combustíveis e óleos minerais e US$ 729,4 mil com obras de ferro fundido, ferro ou aço.

Outro setor que possui boa representatividade é o do agronegócio. “No Brasil, é o que está mais avançado em termos de exportação para a África, mas no Ceará praticamente não há exportações, há mais importações, e elas ocorrem para castanha de caju, e ainda em épocas sazonais. Algumas empresas do Estado, para as quais até já liderei alguns projetos, fizeram exportações de materiais de construção civil, o que tem sido uma boa oportunidade, por conta da desvalorização cambial que tem ocorrido. E lá tudo é negociado em dólar”, relaciona Fraines.

Se nas exportações os setores alimentício e calçadista, que são especiais por conta do know-how existente, segundo o professor João Bosco Monte, do ponto de vista das importações, o setor de insumos, com destaque para produtos derivados de petróleo e carvão mineral, possui boa aceitação. Entre as nações africanas que mais obtiveram receita advinda do Ceará em 2019 estão África do Sul (US$ 32,8 milhões) – em grande parte com minérios escórias e cinzas -, Nigéria (US$ 32,6 milhões) e Moçambique (US$ 31,9 milhões) – ambas em sua quase totalidade enviando para cá combustíveis, óleos minerais e produtos de sua destilação.

Pandemia

Com a chegada do novo coronavírus e a pandemia que se instalou, sacudindo os mercados pelo mundo todo, cada país ou bloco econômico teve de se apressar para estabelecer suas estratégias de modo a sobreviver à crise que se assomava.

No caso dos africanos, a busca por reforço no comércio interno foi um das opções, o que naturalmente fez com que o volume de exportações caísse acentuadamente. “Essa tendência de protecionismo é uma pauta que já vinha crescente nos últimos anos. Além disso, a pandemia mostrou que os países que são dependentes de exportações podem, de fato, ser afetados com uma crise mais aguda. Entretanto, acredito que, neste momento de instabilidade, é ainda mais fundamental o estabelecimento de acordos e fortalecimento da cooperação internacional, em especial no âmbito da transferência técnica e científica”, explica Monte.

Já Fábio Raines projeta quem pode se sair melhor nos negócios com africanos no pós-pandemia. “Muitos países por lá estão começando a chegar ao pico só agora, que é o que já temos passado, mas, ao reabrir, devem retomar seus negócios normalmente. Os setores que podem ser beneficiados serão o de calçados, de malhas e vidros. Inclusive no ano passado, uma empresa cearense que trabalha com beneficiamento de vidros fez boas exportações. O problema é que o cearense tem mais a cultura de importar”.

Levantamento ‘no forno’

De olho na expansão dos acordos e novas oportunidades de negócios envolvendo o Estado e o continente onde a humanidade deu seus primeiros passos, o Instituto Brasil África realizou uma pesquisa em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal). O documento, que logo deverá estar disponível para acesso no site do Ibraf, tratará sobre o histórico das relações entre a Região Nordeste e o continente africano. O estudo contará com um mapeamento das rotas marítimas do Brasil com a África.

Fonte: TrendsCE em 19/08/20

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Está preparado para o Ceará Global 2020: O futuro em 360º?

Está preparado para o Ceará Global 2020: O futuro em 360º?

Você não pode perder o CEARÁ GLOBAL 2020 que este ano é online e será realizado nos dias 25, 26 e 27 de agosto. Você pode assistir de qualquer lugar do mundo o maior evento do Ceará sobre comércio exterior, atração de investimento estrangeiro e cooperação internacional.

Preparamos uma agenda imersiva (parte da programação é em 360º), gamificada e co-criada por especialistas cearenses e de outros lugares do Brasil e do mundo para debater o processo de internacionalização da nossa economia.

Passeie pelo mapa de Fortaleza, a maior metrópole de influência regional do norte-nordeste do Brasil e assista as palestras que vão ocorrer virtualmente nos principais hubs de negócio do estado (Fiec, Fecomércio, Sebrae, AECIPP, Porto de Fortaleza e Porto do Pecém). Visite os standes no Centro de Eventos e dê uma passada na praia do Cumbuco em Caucaia, para saber mais sobre os objetivos do desenvolvimento sustentável no Ceará. E tem muito mais…

Cumpra os desafios durante a programação do evento e concorra a uma passagem internacional.

As inscrições são gratuitas mas limitadas e podem ser feitas pelo
Sympla. Garanta já a sua vaga!

*Óculos VR vendidos separadamente.

Confira a programação: https://bit.ly/2DUCqCr

*mais informações referentes ao desafio no link de inscrição: https://bit.ly/30BPFRx

Serviço:
Ceará Global
Data: 25 a 27 de Agosto
Hora: 09:00H
Inscrições: https://bit.ly/30BPFRx

Fonte: Ceará Global em 12.08.2020

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Porto do Pecém: conheça um dos principais diferenciais competitivos do Ceará

Porto do Pecém: conheça um dos principais diferenciais competitivos do Ceará

Concebido como um terminal portuário, local se tornou um grande complexo, com área indústria e a única ZPE ativa no Brasil

Responsável por mais de 50% de todas as exportações e importações do Ceará, o Porto do Pecém tem sido, há quase duas décadas, um dos principais diferenciais competitivos da economia do Estado. Localizado no município de São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), o equipamento deixou de ser, ao longo dos anos, um simples terminal portuário para se tornar um grande complexo, com área industrial, porto e Zona de Processamento de Exportação (ZPE), a única atualmente em atividade no Brasil.

Opinião: Pecém, de um sonho a uma política de Estado

Fruto de uma joint venture formada pelo Governo do Ceará e pelo Porto de Roterdã, na Holanda, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém conta com condição geográfica privilegiada, tendo em vista que o porto possui a menor distância entre o Brasil e regiões estratégicas como os Estados Unidos, Europa e o norte da África. Constantemente expandindo-se e recendo melhorias para sua operação, o local movimentou o número recorde de 18,1 milhões de toneladas de cargas em 2019, mostrando assim um desenvolvimento forte e ininterrupto.

Inaugurado em março de 2002, o Porto do Pecém movimentou, naquele ano, apenas 386.990 toneladas de cargas, valor este que conseguiu mais do que dobrar já no ano seguinte, atingindo 837.952 toneladas. De lá para cá, o volume de movimentação não parou de crescer e alcançou a média mensal de 1.508.397 toneladas no ano passado, um feito praticamente inimaginável há 18 anos, mas que não surpreende quem acompanhou toda a trajetória de evolução do local, como Waldir Sampaio, diretor executivo de operações do Complexo do Pecém.

“Começamos operando apenas contêineres, mas, em pouco tempo, já passamos a atender empresários que queriam transportar bobina de aço, frutas e minérios voltados às exportações. No decorrer dos anos, fomos fomentando os mais diferentes tipos de cargas e, hoje, possuímos um porto com um mix que dificilmente é encontrado em outro terminal do Brasil”, destaca Waldir Sampaio.

Segundo o diretor do Complexo, atualmente o Pecém possui uma importante expertise no desembarque de granéis sólidos, minério de ferro e carvão mineral, assim como no embarque de placas de aço e pás eólicas, o que diferencia o local de outros portos brasileiros. “São produtos difíceis de movimentar, que exigem conhecimento específico e equipamentos de primeira linha para tal. As placas de aço, por exemplo, variam de 20 a 40 toneladas, portanto não é qualquer um que as movimentam. Nós possuímos a estrutura para isso”, afirma.

Além do conhecimento específico e de equipamentos modernos, como os dois maiores portêineres em operação no território brasileiro, o Pecém também conta com vantagens geográficas que o diferenciam de outros portos do País, como é o caso do calado natural existente no local, com profundidade para atracar embarcações com até 15,3 metros de calado.

“Não há canal de aproximação, pois não temos nenhum tipo de problema para atracar navios, como em alguns locais, onde é necessário aguardar a maré. Essa facilidade nos dá uma vantagem importante, principalmente considerando a nossa natureza offshore, afastado da terra. Não gastamos recursos em dragagem”, diz Waldir Sampaio.

No ano de sua inauguração, o Porto do Pecém registrou um total de 167 atracações. Com seu desenvolvimento e ampliação, o local atracou, em 2019, exatos 703 navios, valor mais do que quatro vezes superior ao de 18 anos atrás. Neste ano, somente entre janeiro e junho, 306 atracações ocorreram no terminal.

Crescimento em meio à pandemia

Mesmo diante da pandemia da Covid-19, o Complexo do Pecém não deixou de movimentar cargas em nenhum dia deste ano. Segundo a administração do local, isso ocorreu porque toda uma logística foi criada, através de comissões e cooperação dos colaboradores, para que o Estado não fosse prejudicado com nenhum tipo de desabastecimento. “Nenhum navio deixou de atracar”, informa.

Por conta desta operação ininterrupta, o Pecém registrou, no primeiro semestre de 2020, crescimento de 4% nas exportações de mercadorias, mesmo com a pandemia tendo afetado diversas empresas e portos pelo mundo. Ao todo, 2.492.843 toneladas foram embarcadas entre janeiro e junho, contra 2.393.659 toneladas registradas pelo Complexo no mesmo período do ano passado.

A movimentação acumulada de contêineres registrou a marca de 151.717 TEUs (95.343 unidades), alta de 3% em relação ao resultado obtido no mesmo período de 2019. A cabotagem respondeu por 139.085 TEUs, mantendo-se estável ao mesmo período de 2019. No longo curso, o crescimento foi de 58%, passando de 7.996 TEUs, em 2019, para 12.632 TEUs, no primeiro semestre de 2020.

Além de garantir a continuidade das exportações e importações cearenses, o funcionamento do Pecém, em meio à pandemia, também foi fundamental para a manutenção do emprego para milhares de pessoas. Atualmente responsável por gerar cerca de 26 mil postos de trabalho, o complexo, segundo dados do Sistema Nacional de Emprego do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT), até mesmo ampliou seu quadro durante a crise, tendo contratado 872 pessoas no primeiro semestre de 2020, uma alta de 70% ante o mesmo período de 2019.

Principais mercadorias

Como tem ocorrido ao longo dos últimos anos, as principais mercadorias importadas e exportadas pelo porto giram em torno da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), empreendimento âncora do complexo, que teve sua produção iniciada em 2016 e conta com capacidade instalada de 3 milhões de toneladas de placas de aço por ano. Segundo Rômulo Alexandre Soares, sócio da APSV Advogados e vice-presidente da Federação Brasileira de Câmaras de Comércio Exterior, o empreendimento, que custou US$ 5,4 bilhões, foi fundamental para mudar o patamar de desenvolvimento de todo o Complexo do Pecém.

“Se o porto e a infraestrutura que deram identidade ao polígono do complexo foram a grande contribuição pública para o Pecém, a siderúrgica foi a grande contribuição privada. Entretanto, mesmo nesse projeto, o apoio público federal e estadual foi determinante por conta do seu funcionamento dentro de uma ZPE, que não estava nos planos iniciais, mas foi fundamental para que a conta de investimento e produção vingassem”, pontua Rômulo Alexandre Soares.

No primeiro semestre deste ano, todas as principais mercadorias que chegaram ao Ceará, através dos desembarques de longo curso, fazem parte do processo produtivo da CSP. São elas: carvão mineral (1.953.218 t), gás de petróleo (215.574 t); coque de petróleo (60.813 t) e produtos siderúrgicos (48.364 t). Em relação às exportações, foram embarcadas 1.249.402 de toneladas de placas de aço, o principal produto da siderúrgica, além de destaques como o minério de manganês (104.744 t) e frutas (47.195 t), outro segmento de importância local.

Já na navegação de cabotagem, entre o Pecém e outros portos do Brasil, os principais produtos desembarcados, entre janeiro e junho, foram o minério de ferro (1.914.232 t), também matéria-prima para a CSP, além de cereais (256.714 t) e produtos siderúrgicos (165.620 t). Já os embarques ficaram por conta das movimentações de sal (161.247 t), farinha de trigo (89.940 t), placas de aço (77.208 t), cereais (55.643 t), assim como alumínio e suas obras (55.368 t).

Ampliação e modernização

Dando sequência ao contínuo desenvolvimento e ampliação do Complexo do Pecém, o terminal portuário iniciou a operação, no último dia 1º de agosto, de seu novo e décimo berço de atracação, que possui capacidade para receber navios de até 330 metros de comprimento, com calado de até 15,3 metros.

Com a conclusão do berço 10, segundo a administração do Complexo do Pecém, está sendo finalizada a segunda expansão do porto, que contemplou investimentos para elevar a capacidade operacional do terminal, o que inclui a ampliação e pavimentação do quebra-mar; a construção de três novos berços de atracação (8, 9 e 10); e a aquisição da Correia Transportadora de Minérios e do Descarregador de Minérios. Em visita ao local no último dia 30 de julho, o governador do Ceará, Camilo Santana, destacou a importância desses projetos.

“Este último berço faz parte de um conjunto de investimentos que o Estado fez, ao longo dos últimos anos, para a modernização e ampliação do Complexo do Pecém. Somente com os quatro últimos berços e a nova ponte, foram investidos em torno de R$ 700 milhões. Ao todo, R$ 1,3 bilhão foi aplicado no local, incluindo correias transportadoras, estradas para as placas, rodovias e descarregadores para dar suporte à produção da CSP. É um complexo que tem crescido a cada ano” destaca Camilo Santana.

Ainda de acordo com o governador, o Porto do Pecém, atualmente, é quase três vezes maior do que foi inicialmente concebido, e a expectativa é de que o desenvolvimento da área continue acontecendo ao longo dos próximos anos. “Isso mostra a importância deste complexo, principalmente para a geração de emprego, que é uma das maiores preocupações nossas neste momento”, pontua Camilo.

A ideia, segundo ele, é fazer do Pecém o mais moderno porto brasileiro, com grande capacidade e agilidade de carregamento e descarregamento. “Queremos sempre aperfeiçoar a eficiência no serviço prestado aos navios que chegam do mundo inteiro”, finaliza.

Fonte: Trends CE em 10/08/20

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‘Pandemia é resposta biológica do planeta’, diz físico Fritjof Capra

‘Pandemia é resposta biológica do planeta’, diz físico Fritjof Capra

Autor de “O Tao da Física” relaciona desigualdade social, economia predatória e devastação ambiental ao surgimento do novo coronavírus

Ícone do pensamento sistêmico, o físico e ambientalista austríaco Fritjof Capra, 81, interpreta a pandemia da Covid-19 como uma resposta biológica da Terra diante de emergências sociais e ecológicas amplamente negligenciadas.

Segundo Capra, as mudanças de paradigma necessárias a essas emergências já são possíveis, tanto do ponto de vista do conhecimento quanto do desenvolvimento tecnológico. “Teremos a vontade política que falta?”, provoca ele, em entrevista à Folha por e-mail.

Autor de best-sellers internacionais como “O Tao da Física” e “Ponto de Mutação” (Cultrix), entre outros, o Capra articulou a física moderna a uma visão holística da vida no planeta e dos fenômenos naturais, inserindo a humanidade e suas ações nos ciclos de transformação da vida no planeta.

Capra é uma das estrelas deste ano do ciclo de conferências Fronteiras do Pensamento, cujo tema —Reinvenção do humano— implica um debate de múltiplas variáveis que, na visão do físico austríaco, são sempre indissociáveis e interdependentes.

Diretor do Centro de Alfabetização Ecológica, com sede em Berkeley, na Califórnia (EUA), Capra desenvolveu uma pedagogia da ecologia a ser aplicada no ensino formal, primário e secundário.

Convertido em ambientalista por sua própria pesquisa, o austríaco há décadas denuncia o caráter predatório da economia global capitalista extrativista e a captura corporativa da política, que sucumbe a interesses econômicos em detrimento dos recursos naturais do que chama de Gaia —a Mãe-terra da mitologia grega que batizou uma visão do planeta como um imenso organismo vivo.

Para ele, estão equivocadas as atuais métricas do desenvolvimento baseadas no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) a partir de uma cultura de excessos, que implica em perdas sociais e econômicas.

Em quais aspectos o momento presente pode redefinir a condição humana?

Na minha visão, o coronavírus deve ser visto como uma resposta biológica de Gaia, nosso planeta vivo, à emergência social e ecológica que a humanidade criou para si própria. A pandemia emergiu de um desequilíbrio ecológico e tem consequências dramáticas por conta de desigualdades sociais e econômicas.

Cientistas e ativistas ambientais há décadas vêm alertado para as terríveis consequências de sistemas sociais, econômicos e políticos insustentáveis. Mas até agora as lideranças corporativas e políticas teimaram em resistir a esses alarmes. Agora eles foram forçados a prestar atenção, já que a Covid-19 trouxe os avisos de antes para a realidade de hoje.

Quais paradigmas a humanidade precisa mudar e por quê?

Com a pandemia, Gaia nos trouxe lições valiosas capazes de salvar vidas. A questão é: teremos a sabedoria e a vontade política necessárias para ouvir essas lições? Mudaremos do modelo de crescimento econômico indiferenciado baseado no extrativismo para outro de crescimento qualitativo e regenerativo? Vamos substituir combustíveis fósseis por formas renováveis de energia que deem conta de todas as nossas necessidades? Vamos substituir nosso sistema centralizado de agricultura industrial com uso intensivo de energia por um sistema orgânico de agricultura regenerativa, familiar e comunitária? Vamos plantar bilhões de árvores capazes de retirar o CO2 da atmosfera e de restaurar diferentes ecossistemas do mundo?

Nós já temos o conhecimento e a tecnologia para embarcar em todas essas iniciativas. Teremos a vontade política que falta?

Num momento em que o valor do conhecimento científico biológico e tecnológico se mostram tão importantes, qual é o papel das humanidades?

Isso está diretamente relacionado a sua pergunta anterior. Se temos todo o conhecimento científico e tecnológico para construirmos um futuro sustentável, porque não o fazemos simplesmente?

Quando refletimos sobre essa questão crucial, rapidamente percebemos que o nível conceitual não conta toda essa história. Nós também precisamos lidar com valores e éticas, e é por isso que as ciências humanas são mais importantes do que nunca. Literatura, filosofia, história, antropologia podem todas nos imbuir do compasso moral que tanto falta à política e à economia atuais.

Índices de desmatamento têm aumentado na Amazônia brasileira. Quais são os incentivos para isso?

Esses crimes são uma consequência direta da obsessão com o crescimento econômico e corporativo. A devastação de grandes áreas de florestas tropicais é impulsionada pela ganância de corporações multinacionais do setor de alimentação, que buscam incansavelmente lucro e crescimento.

Se o que chamamos de progresso foi atingido às custas de danos ao meio ambiente, nossa ideia de progresso está errada?

A crença em um progresso contínuo e, em particular, a obsessão de nossos economistas e políticos com a ilusão de um crescimento ilimitado em um planeta finito constituem o dilema fundamental que permeia nossos problemas globais.

Isso equivale ao choque entre o pensamento linear e os padrões não lineares da nossa biosfera —a interdependência dos sistemas ecológicos e os ciclos que constituem a teia da vida. Essa rede global altamente não linear contém inúmeras alças de retroalimentação por meio das quais o planeta se regula e se equilibra.

Nosso sistema econômico atual, ao contrário, parece não reconhecer a existência de limites. Nele, um crescimento perpétuo é perseguido incessantemente através da promoção do consumo excessivo e de uma economia do descarte que usa de maneira extravagante tanto recursos como energia, aumentando a desigualdade econômica.

Esses problemas são exacerbados pela emergência climática global, causada pelas tecnologias de uso intensivo de energia e baseada em combustíveis fósseis.

Com a pandemia, projeções apontam para o aprofundamento das já marcantes desigualdades sociais de nosso tempo. O que as produziu e como reverter esse processo?

O aprofundamento das desigualdades é uma característica inerente ao sistema econômico capitalista de hoje. O chamado “mercado global” é, em verdade, uma rede de máquinas programadas de acordo com o princípio fundamental segundo o qual ganhar dinheiro tem primazia sobre direitos humanos, democracia, proteção ambiental.

Valores humanos, no entanto, podem mudar porque eles não são leis naturais. A mesma rede eletrônica de fluxos financeiros pode ter nela embutidos outros valores. O ponto crítico não é a tecnologia, mas a política.

Há sinais de mudanças neste sentido na política de hoje?

Uma nova liderança começou a emergir recentemente em uma série de movimentos jovens muito potentes, como Sunrise Movement, Extinction Rebellion, Fridays for Future, entre outros.

Há também a ascensão de uma nova geração de políticos, curiosamente formada por mulheres, como a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinta Arden, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, ou a congressista [democrata] norte-americana Alexandria Ocasio-Cortez.

A crise atual prescreve nossa percepção de soberania e de globalização? Como?

Com certeza absoluta! Para prevenir o alastramento da pandemia, agora e no futuro, teremos de reduzir densidades populacionais excessivas, como ocorre no turismo de massa e em condições de vida marcadas pela superlotação. Ao mesmo tempo, necessitamos de cooperação global.

A justiça social se torna uma questão de vida ou morte durante uma pandemia como a da Covid-19. E ela só pode ser superada por meio de ações coletivas e cooperativas.

Seu trabalho explorou a interconectividade entre as ciências e os conceitos e filosofias considerados não-científicos. Como esse diálogo complexifica nosso entendimento do planeta e da humanidade?

Eu me formei como físico e fiquei fascinado pelas implicações da física quântica, que nos mostra que o mundo material não é uma máquina gigante mas uma rede inseparável de padrões de relações. Durante os anos 1980, minha pesquisa virou para a área das ciências da vida, da qual tem emergido um novo conceito sistêmico que confirma a fundamental interconectividade e interdependência de todos os fenômenos naturais.

Quando nós entendemos que compartilhamos não apenas as moléculas básicas da vida, mas também princípios elementares de organização com o restante do mundo vivo, percebemos o quão firme estamos costurados em todo o tecido da vida.

O que você aprendeu com a pandemia?

Tem sido incrível para mim ver como o coronavírus expôs tantas injustiças ecológicas, sociais e raciais omitidas por décadas pelas mídias de massa.

Também fiquei espantado de ver como, em um curto espaço de tempo, a poluição quase desapareceu da baía de São Francisco, na Califórnia (EUA), onde eu vivo, assim como ocorreu em várias das grandes cidades do mundo. Isso me encheu de esperança quanto à capacidade da Terra de se regenerar.

Fonte: Folha de São Paulo em 09/08/20

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Webinário ‘Cenários do Turismo’ acontece entre os dias 10 e 18 de agosto

Webinário ‘Cenários do Turismo’ acontece entre os dias 10 e 18 de agosto

A cadeia produtiva do Turismo começa a dar sinais de movimentação em diversos destinos, principalmente, na Europa, após as medidas de maior flexibilização do distanciamento social em decorrência da pandemia do coronavírus como a abertura de pontos turísticos, comércio, hotéis, bares e restaurantes. No Brasil, esses momentos também começam a ser percebidos em Estados onde o número de casos da doença começa a ficar estabilizado.

Para debater o pós-pandemia no segmento turístico, o BTM – Brazil Travel Market, Sebrae e o Grupo VC vão promover uma série especial de Webinários intitulada “Cenários do Turismo”, no período de 10 a 18 de agosto. Os debates serão divididos em duas etapas. A primeira, de 10 a 14 de agosto, e a segunda nos dias 17 e 18 de agosto. Elas serão transmitidas no canal do YouTube do BTM a partir das 19h.

O “Cenários do Turismo” contará com personalidades de peso do trade turístico do Brasil e do exterior, entre executivos e secretários de Turismo. No debate que abre a série – no dia 10 de agosto -, já estão confirmadas as participações dos secretários de Turismo do Ceará, Arialdo Pinho, e do Turismo, Indústria, Comércio e Projetos Estratégicos de Foz do Iguaçu, Gilmar Piolla. As discussões serão em torno do tema “Estratégias e desafios dos destinos nacionais na retomada”.

No dia 11 de agosto, a série de Webinários vai reunir Fernanda Longobardo, responsável pela ENIT – Agência Nacional Italiana de Turismo – sede Brasil -, e Jeff Santos, representante da América do Sul do Tourism Authority of Thailand. O debate vai girar em cima do ‘que podemos aprender com ações e protocolos de destinos mundiais’. Já no dia 12, o tema será o ‘retorno da aviação, protocolos e desafios pós-pandemia’ e contará com Gonzalo Romero, executivo da Air Europa, e Renata Pedretti Pestana, gerente nacional de Vendas da Gol Linhas Aéreas.

O “Novo normal e cuidados redobrados durante as viagens” será o tema do debate do dia 13 de agosto, com a participação de Celso Guelfi, presidente da GTA – Global Travel Assistance, e Luiz Gustavo Costa, CEO da April Brasil Seguro Viagem. No dia seguinte – 14 de agosto -, Maurício Viana, da Turks e Caicos, fundador da Net Hospitality, e Renata Vuono, gerente de marketing do Ministério do Turismo de Israel, vão debater o tema “Marketing e as ações promocionais de duas referências do turismo internacional”.

No dia 17 de agosto, a série de Webinários vai reunir a representante da Secretaria de Turismo de Ushuaia/Argentina, Cristiane Cavalli, e o secretário de Turismo daquela cidade, José Luiz Recchia, tendo como mediadores os publishers da Revista VemTambém, Valdir e Samara Fernandes. Fechando a série, no dia 18 de agosto, Gervásio Tanabe, presidente executivo da Abracorp, e Rebeca Ferreira, gerente Norte/Nordeste da Trend Operadora, e Fabiano Portela, gerente Norte/Nordes da RexturAdvance, vão discutir o tema “Qual seu próximo destino? Ele está seguro?”.

Fonte: Revista Vem Também em 10.08.2020

Energia das ondas: Ceará pode ser referência em geração, mas aguarda investimento

Energia das ondas: Ceará pode ser referência em geração, mas aguarda investimento

Piloto de energia ondomotriz foi testado no Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, no início da década; paralisado, projeto aguarda capital

Muito tem se falado que o Ceará detém uma costa de 573 quilômetros e posição geográfica privilegiada, próximo à linha do Equador, e um litoral voltado para o hemisfério norte. Características que podem estimular, além da economia do turismo, investimentos em áreas pouco exploradas, como a geração de energia ondomotriz. Afinal, ondas oceânicas, assim como a irradiação solar e os fortes ventos presentes no Estado, também são fontes renováveis de energia. E o Ceará é beneficiado com uma regularidade climática de ondas o ano inteiro, recebendo essa massa de água sazonalmente em ambos os hemisférios.

A tecnologia voltada para energia ondomotriz ainda é embrionária, já que é a mais caçula das fontes renováveis. Entretanto, um projeto piloto foi implantado no dique de proteção do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, em 2006. Os testes só vieram seis anos depois. O empreendimento, o primeiro do gênero da América Latina, baseou-se em pesquisa realizada pelo professor Segen Farid Estefen, do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).

De porte pequeno, o tanque tem condições de gerar 50 quilowatts de energia, o suficiente para abastecer cerca de 200 casas. O projeto, entretanto, não foi concluído no período previsto, de dois anos, e segue paralisado. “Mas a estrada está aberta para a iniciativa privada explorar essa fonte. Acreditamos que isso ocorrerá em um futuro próximo”, ressaltou o secretário executivo de Energia e Telecomunicações Adão Linhares Muniz, da pasta estadual de Infraestrutura.

Os primeiros resultados, de acordo com Muniz, foram positivos e fez com que o projeto evoluísse para um programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), patrocinado pela empresa Tractebel, depois pela companhia Engie Brasil. “As fontes eólica e solar estão na frente e ocupam uma participação relevante da matriz elétrica brasileira. A energia eólica offshore também entrará em uma sequência virtuosa nos próximos anos. Acreditamos que as fontes renováveis marinhas, tanto eólica offshore, de ondas e até mesmo de correntes terão seu protagonismo no tempo certo”, explica.

O secretário afirma, ainda, que a geração de fontes renováveis na costa e próximo ao consumo reduz as perdas de transmissão e distribuição. “Essas fontes podem produzir em horários quando a energia é mais cara. Como fontes intermitentes terão sempre uma geração excedente, que poderá vir a ser um grande diferencial para atração de investimentos através da oferta desse excedente por um preço diferenciado, em vez do incentivo fiscal”, disse.

Fonte: TrendsCE

Ceará e Estados Unidos Aço e ferro intensificam relação histórica de sucesso

Ceará e Estados Unidos Aço e ferro intensificam relação histórica de sucesso

Diversificação na pauta de exportações, viabilizada em grande parte pela estrutura do CIPP, também pode favorecer trocas comerciais entre Estado e aquele país

Se há uma relação comercial consolidada com o Ceará fora do território nacional, esta é a dos Estados Unidos, maior parceiro do Estado na balança comercial. E tal relação tornou-se ainda mais sólida nos últimos anos, com o fortalecimento das produções de minério de ferro e de placas de aço no parque industrial cearense, em grande parte fruto da ascensão da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Esta é amplamente favorecida pela única Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará) do País, onde está operando desde 2013 no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O desafio, agora, no entanto, está na diversificação das mercadorias que seguem para e vêm dos portos da maior economia do planeta.

Ceará e Estados Unidos há muitas décadas já mantinham um bom entendimento econômico, mesmo antes da implementação do equipamento, situado entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia, com aquele país respondendo entre 20% e 25% das exportações cearenses. Mas essa relação atingiu seu ápice em 2019, ao ultrapassar, pela primeira vez, a marca do bilhão de dólares (mais precisamente US$ 1.013.937.372,00) em mercadorias embarcadas para o país norte-americano. Importações? Foram, ao todo, US$ 701,6 milhões, conforme dados do Comex Sat caracterizando um novo recorde.

Ainda que em ano já marcado para sempre como o da eclosão da grave crise provocada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, os bons números permanecem em algum grau, com a superpotência compradora de cerca de 38,3% do total que sai do Ceará para o exterior – US$ 364,5 milhões – nos seis primeiros meses de 2020. Destaque para aço, equipamentos para geração de energia eólica, castanha de caju e água de coco, de acordo com relatório mensal do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) da Federação das Indústrias do Estado (Fiec).

Mas a predominância desses insumos nas exportações que seguem para os portos norte-americanos, ressaltam especialistas, não anulam as possibilidades de diversificação dos produtos negociados para lá. Na verdade, tal posicionamento poderia até abrir espaço para outros segmentos, como opina o professor João Mário de França, diretor Geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). “Em 2019, foram exportados 312 produtos para os Estados Unidos (considerando por NCM, Nomenclatura Comum ao Mercosul), concentrando quase 60% em produtos de aço. Mas isso não é ruim, é uma característica da própria estrutura das exportações atuais do Ceará, visto que é uma grande empresa exportando para este país e que foi instalada no Estado com esta finalidade”, explica ele.

Tal versatilidade nesse relacionamento com o país da América do Norte se confirma não só na participação expressiva de novas aquisições como também na consolidação de antigos “campeões” de vendas para o mercado externo.

“Novos produtos surgiram na pauta como partes de outros motores, geradores, grupos eletrogeradores, entre outros, além da água de coco, que passaram a estar entre os sete principais produtos exportados para os Estados Unidos, revelando uma certa diversificação da pauta para aquele país. Destaca-se ainda que produtos tradicionais da pauta de exportações cearenses, como castanha de caju, calçados, couros, cera vegetal, mel e frutas, ainda apresentam valores de vendas expressivos para os EUA, mostrando que esse país continua sendo um importante parceiro comercial com boa diversidade de produtos”.

João Mário de França, diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece)
Com relação ao que é demandado do maior parceiro comercial do Estado, destaque para a ascensão do grupo “fibras de carbono, para usos não elétricos”, que em boa parte foi adquirido dos Estados Unidos e teve participação marcante no acréscimo de 419,1% dentre as importações cearenses em 2020, no acumulado do ano. Os dados são do Comex Stat.

Porto como diferencial

Por ser uma grande empresa binacional, sendo uma joint venture formada pela brasileira Vale (50% de participação) e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%), a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), de fato, foi pensada para se tornar um grande polo de atração de investimentos para o Ceará, alterando positivamente a dinâmica da pauta de exportações por aqui. Assim, o segmento produtor de “ferro fundido, ferro e aço” respondeu, em 2019, por 45,05% do total exportado pelo estado.

Outros fatores proporcionam vantagens comparativas significativas, segundo Macedo. São eles: estar na chamada “esquina do mundo”, com boa posição inclusive em relação ao Canal do Panamá, e seu calado e logística, que favorecem sobremaneira sua capacidade operacional. “Todo o leste americano se tornou uma rota importante para vários tipos de produtos e aproximou comercialmente o Ceará daquele mercado”, informa o especialista.

Para que a situação do Estado fique ainda mais favorável junto às pretensões econômicas da nação mais rica do mundo, o professor João Mário de França destaca a necessidade de não apenas diversificar a pauta de exportações como também atribuir maior valor agregado às mercadorias que seguem daqui para o hemisfério norte. Para tanto, tornou-se oportuno que o Governo do Estado olhasse para o outro lado do globo, mais precisamente para a Holanda:

“O Ceará vem desempenhando um importante papel no tocante a investimentos em logística e gestão com foco no comércio internacional, com a expansão do Porto do Pecém e a parceria com o porto de Roterdã, que vem provocando alterações significativas nos processos operacionais no terminal cearense com desburocratização de procedimentos e atendimentos mais eficientes. Contudo, o poder público precisa investir ainda mais em canais de comunicação para aproveitar o momento de retomada da atividade econômica em vários países e em especial naqueles que já são nossos parceiros comerciais a exemplo dos Estados Unidos”, avisa.

Fonte: TrendsCE em 04/08/20

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Com um dos maiores índices de irradiação do País, Ceará lidera ranking de geração de energia solar

Com um dos maiores índices de irradiação do País, Ceará lidera ranking de geração de energia solar

Conforme Aneel e Absolar, o Estado figura em 1° lugar em geração distribuída e tem destaque em geração centralizada; 58 novas usinas devem operar nos próximos anos

As capacidades econômica e de investimentos do Ceará, quando se tratam de energias renováveis, não têm como motor somente uma costa de 573 quilômetros e ventos fortes. Aqui, como dizem os cearenses, há um sol para cada um. Ou, de uma forma mais técnica, o Estado possui um dos maiores índices de irradiação do Brasil. O uso de energia solar cresce de forma gradativa e, como combustível, vem impulsionando o desenvolvimento em todo o território.

O Ceará figura em 1° lugar do Nordeste quando o assunto é geração distribuída de energia solar fotovoltaica (97.5 MW) — aquela feita em pontos diversos, por meio de sistemas geradores que ficam próximos ou até na própria unidade consumidora, como casas e indústrias, e que são ligados por rede elétrica pública. O dado é de balanço mais recente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

Opinião: Temos Vento, Sol, Ondas e Resíduos Sólidos

Segundo a Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), com base em dados da Aneel, 9.224 unidades geradoras, com potência de geração de 116 MW, espalham-se por 178 dos 184 municípios cearenses.

O ranking de cidades brasileiras deste tipo de geração de energia também é positivo para o Estado: Fortaleza está entre os três maiores municípios com potencial de instalação (29.1 MW). Somente Rio de Janeiro (35.6 MW) e a cidade mineira de Uberlândia (29.6 MW) ficam acima.

O estado cearense, de acordo com o levantamento, também ocupa o 2° lugar no País em geração de energia centralizada (910,1 MW), ficando atrás apenas do Piauí (1.147,4 MW). Esta categoria de geração diz respeito às grandes usinas que produzem energia e a enviam aos consumidores por meio de linhas e redes de transmissão, chegando até eles via distribuidores locais.

Conforme Jurandir Picanço, presidente da Câmara Setorial de Energias Renováveis da Adece, o Estado está “muito bem nos dois segmentos de geração”.

“No caso da geração distribuída, em que depende do poder aquisitivo dos consumidores, apesar de o Ceará ser uma economia que fica abaixo da Bahia, de Pernambuco, nós somos líderes. Isso mostra que estamos adiante”, disse Picanço.

Segundo ele, a geração de energia solar nas duas categorias vai continuar em crescimento ao longo do tempo. “Porque houve uma redução do custo da produção dessa energia”, justificou ele, que também é consultor em energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec). “Além de ser uma questão de meio ambiente, é uma questão econômica, porque é uma das fontes de energias mais baratas que existem (ao lado da eólica)”, continuou.

De acordo com o presidente da Adece, Eduardo Neves, investimentos têm sido feitos para impulsionar os negócios do segmento e bancos comerciais têm oferecido empréstimos vantajosos ao empreendedor e às empresas especializadas nas vendas, instalação e manutenção de equipamentos de energia solar.

Neves ressalta, ainda, os benefícios do Fundo de Desenvolvimento Industrial (FDI) para importações de placas solares, conversores, condutores etc, e do Programa de Incentivos da Cadeia Produtiva Geradora de Energias Renováveis (PIER). “O Governo do Ceará quer aproveitar principalmente as oportunidades de geração em áreas com potenciais no Interior. São áreas degradadas e em processo de desertificação”, afirmou, comemorando a construção do Atlas Eólico e Solar, lançado no fim de 2019 pelo governo estadual. “Já era de conhecimento nosso o imenso potencial para a geração de energia fotovoltaica. No entanto, foi com a publicação do Atlas que conseguimos comprovar as vantagens de se investir em território cearense”.

Leandro Marins de Abreu, diretor de e-Industries da Enel X no Brasil, braço da multinacional Enel, destaca que o Ceará possui boa oferta de terra, fazendo com que “o payback [o retorno] de projetos sejam encurtados quando comparados com outras regiões do País”. Abreu ressalta que a companhia desenvolve ações de geração distribuída adaptadas para atender às necessidades dos “players” [atuantes relevantes no mercado] de vários segmentos. “Essas instalações dão suporte aos clientes em suas necessidades de eficiência energética e geração limpa de energia”, afirmou.

Os projetos desenvolvidos pela empresa se estruturam para vendas ao mercado de pessoas jurídicas, seja na forma de investimento por parte desses consumidores ou na forma de autoinvestimento, com a venda de prestação de serviços e locação de equipamentos para a geração de energia solar. “Estruturamos os projetos na forma de Full EPC [Engenharia, Compra e Construção], buscando todo o desenvolvimento das terras, licenças, execução do projeto executivo, até a instalação e comissionamento final e, posteriormente, ainda fazemos o O&M [Operação e Manutenção da planta solar]”, disse Abreu, reforçando a existência, também, de projetos para residências no portfólio da companhia.

Usinas solares

Ao todo, oito usinas solares estão em operação no Ceará desde 2011, quando foi instalado empreendimento em Tauá, no sertão dos Inhamuns. De lá para cá, sete outras usinas começaram a operar nos municípios de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza, e em Quixeré, na região do Jaguaribe.

Outras 58 usinas estão previstas, de acordo com a Aneel, com construção ainda não iniciada. Entre elas estão projetos do grupo canadense Brookfield Energia Renovável. O negócio envolve parques pré-operacionais em Limoeiro do Norte, na região jaguaribana, que pertenciam ao grupo de engenharia e construção Steelcons. Os ativos envolvidos fazem parte do complexo Alex, que também tem unidades em Tabuleiro do Norte. Por contrato, as usinas precisam começar a produzir energia em janeiro de 2022. É o primeiro investimento da companhia nessa fonte de geração no Brasil, segundo nota enviada à agência Reuters em janeiro deste ano.

Além da Brookfield, a Sunco Energy Brasil, outra grande companhia do setor, possui empreendimentos em andamento em Mauriti e Milagres, ambas no sul cearense. Serão oito novas usinas que devem iniciar operações nos próximos anos, gerando mais empregos na região.

Legislação ambiental

Em setembro de 2018, o Conselho Estadual do Meio Ambiente (Coema) estabeleceu, por meio de decreto, normas, critérios e padrões visando à “utilização, preservação e conservação dos recursos naturais” em procedimentos de licenciamento ambiental relacionados a empreendimentos de geração de energia elétrica por fonte solar. O regulamento se baseou em resoluções de anos anteriores e considerou a necessidade “de revisão e simplificação dos procedimentos, critérios e parâmetros aplicados aos processos de licenciamento e autorização ambiental”.

As resoluções, de acordo com o titular da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), Carlos Alberto Mendes, estabeleceram procedimentos que deixaram mais claros os processos de licenciamento e ampliaram a segurança jurídica de empreendimentos. “Foram muitos e importantes, para a atração de investimentos no segmento das energias renováveis, os avanços da legislação. Hoje, nós temos uma legislação onde é definido o prazo de emissão das licenças, que pode ser de 45 dias, ou até de 60 dias”, explicou.

Mendes também destaca a exigência de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental (Eia/Rima) apenas para empreendimentos de porte excepcional, aqueles “que têm capacidade de geração de energia, no caso da energia eólica, maior que 150 megawatts, e, no caso de energia solar, acima de 450 hectares de área da planta da usina”, explicou. Abaixo destas características, um relatório ambiental mais simples deve ser feito e analisado, dispensando a compensação ambiental e a realização de audiência pública antes de submeter o projeto ao Coema. Assim, “o processo corre mais rapidamente”.

Fonte: TrendsCE em 31.07.2020