Cooperar ou competir no mundo das corporações? Por Yunare Targino
Seria o ser humano naturalmente competitivo ou o meio o influencia para que se torne assim? As relações sociais nos conduzem à competição, fazendo-nos provar, o tempo todo, que somos os melhores em alguma coisa?
Certa vez, um dirigente no momento de receber uma distinção comentou o seguinte:
“Nesta companhia tem havido uma autêntica corrida entre os departamentos e vemos várias vezes a impossibilidade de acompanhar o ritmo. Esta corrida oscila nos resultados e não considero o negócio como um trabalho e sim como um jogo, cujo espírito sempre nós temos que incutir no pessoal mais novo”.
Ao longo dos anos identifiquei aspectos diretamente relacionados com o ambiente empresarial: poder, hierarquia, confiança, visão sistêmica, calçar os sapatos do outro, empreendedorismo, diversidade e negociação.
Quando a hierarquia tem um impacto negativo numa organização, o que acontece é que impede a inovação, a expressão de ideias e o fluxo de informação, ou seja, quando a estrutura hierárquica é “forte” demais, a informação não chega ao topo.
Entretanto, a lógica e a essência são necessárias para gerar ideias, não devendo existir hierarquias, como não devem existir líderes, mas sim facilitadores conectados nos valores da organização para se coordenar e integrar comportamentos encontrando o equilíbrio em que a competição é mais saudável e as alturas em que só através da colaboração é possível atingir o fim pretendido.
Em particular para os líderes, a ideia de “calçarem os sapatos dos outros”, “quando se tem poder, perde-se a ‘perspectiva’ em relação aos que nos rodeiam”.
Esta capacidade unicamente humana de “entrar na cabeça dos outros e saber o que eles sentem” pode ajudar-nos a ser melhor a competir – se conseguirmos antecipar qual a próxima jogada do nosso “oponente”, mas também nos ajuda a perceber melhor a outra pessoa, podendo ser mais “rentável” optarmos pela colaboração. E, para os líderes e apesar de difícil pois “quem manda sou eu”, esta capacidade é de extrema importância.
Na verdade, tanto a competição como a cooperação envolvem competências que podem ser “treinadas” e melhoradas, mas, para nosso bem, é imperativo sabermos quando e como temos de fazer a “mudança” entre ambas e qual “persona” devemos ser em cada uma das interações e contextos que definem as nossas vidas.
Outro dia ouvi de minha amiga Leila:
Certa vez um agricultor que tinha o melhor milho da região por anos, foi lhe perguntado como ele garantia a melhor plantação da região e ele respondeu que distribuía o milho na região e por polinização eu garanto que o outro também tenha o bom milho e também recebo o melhor por cooperação.
Sejamos nós um pai ou mãe a pensar nos filhos, uma pessoa a pensar no seu parceiro, um colega a pensar noutro colega, um líder a pensar num colaborador ou vice-versa – nos ajudará a ganhar um maior controle sobre a nossa vida, como também a atingir o tal equilíbrio entre a competição e a colaboração que nos conduzirá a uma forma mais plena de contato com a plenitude.
Por mim, por você, por todos!
Por Yunare Marinho