O Ceará Global, Por Rômulo Alexandre Soares, sócio da CBPCE
Em 2017, enquanto presidi a Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro da Adece, tive a oportunidade de liderar os primeiros passos de um movimento denominado Ceará Global e, em parceria com a Câmara Brasil Portugal, a Unifor, a Fiec e apoio do O POVO, chamarmos a atenção para o recente processo de internacionalização da economia do Ceará, que se intensificou a partir de 1998 com a abertura da economia brasileira e a inauguração da ponte aérea com a Europa, a partir de Lisboa.
Além de organizarmos um evento anual, que este ano chegou à sua 5ª edição debatendo os clusters econômicos do Ceará, conseguimos promover uma ação pioneira no LinkedIn, seguida por mais de 10 mil pessoas em vários países. A partir dessa rede, difundimos conteúdo em inglês para empresários e executivos no estrangeiro, mostrando as vantagens competitivas do estado.
Além disso, em parceria com a Junta Comercial, viabilizamos um mapeamento dos principais investimentos estrangeiros diretos que desembarcam por aqui, apontando sua origem, valores, setores e municípios onde estão localizados.
Os resultados surpreendem. Não são só coreanos que produzem placas de aço. Há franceses, ingleses, espanhóis e holandeses plantando e exportando produtos agrícolas; há ingleses destilando cachaça, americanos produzindo embalagens e ceras, gregos na indústria de cimento, espanhóis exportando pescado, holandeses e uruguaios na área de shipping, portugueses liderando projetos turísticos e por aí vai.
Em síntese, são mais de 8 mil empresários de 104 nacionalidades que abriram mais de 5.822 empresas no Ceará nas duas últimas décadas. Há empresas com capitais estrangeiros em Fortaleza, mas também em Caucaia, Aquiraz, Juazeiro do Norte e em outros 16 municípios.
O aumento do número de Câmaras de Comércio bilaterais em Fortaleza, ampliada no último mês com a criação da Câmara Brasil Argentina no Ceará, reflete bem essa nova dinâmica. Definitivamente, o Ceará se tornou global.
Mas quero chamar a atenção também, para os números recentemente divulgados pelo Ministério da Justiça acerca dos imigrantes que desembarcaram no Ceará nos últimos anos. O estado há mais de uma década é um dos principais destinos brasileiros para investidores pessoas físicas e foi líder no primeiro semestre de 2021, atraindo mais poupança externa do que São Paulo.
Entretanto, também impressiona a vinda para o Ceará de estudantes estrangeiros. A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – Unilab focada na integração entre países de língua portuguesa da África e Ásia (Timor Leste) posicionou o Ceará num seleto grupo.
Para um estado que tem na educação uma de suas principais virtudes – que sedia 82 das 100 melhores escolas públicas do Brasil do ensino fundamental – a presença da Unilab fortalece uma outra agenda virtuosa ligada à internacionalização. Muitos desses estudantes que vêm estudar aqui, retornam para os seus países e se tornam “embaixadores do Ceará” por lá.
Fala-se com bastante propriedade no hub logístico, hub de energias renováveis, hub turístico e hub de dados. Mas a Unilab é também uma das melhores conexões que podemos ter hoje com o mundo e o futuro.
Por Rômulo Alexandre Soares
Publicado no O Povo em 22/10/2021