O Coração e a Língua Portuguesa, Por Vanilo de Carvalho, sócio da CBPCE
O coração é o órgão do corpo humano que mais “fala” português!
Língua de Camões, é também a língua dos anônimos das ruas e das alcovas, dos esquecidos pelos programas educacionais governamentais, dos pobres sem acesso a internet, e também dos milhões de estrangeiros que aqui chegaram com seus mais diferentes sotaques e origens linguísticas.
Os cultos, os eruditos, os “homens da letras” correm o risco de vestirem-se de uma superioridade segregadora e que não comunica que a Língua Portuguesa é MÃE que ama todos seus filhos, e aceita cada um com sua peculiaridade orgulhando-se da riqueza de sua característica própria.
As normas linguísticas devem sempre estar a favor da união e da igualdade, e jamais ser alimento a um “complexo de colônia”.
A Língua Portuguesa tem uma das mais complexas gramáticas existentes. Isso não é por acaso. ela é fruto de uma história longa, notadamente a partir do final do Império Romano construindo um caminho específico das outras que nasceram do latim.
Na época das Grandes Navegações o português que já tinha recebido influências dos árabes que ocuparam a Península Ibérica espalha-se pelo mundo, chegando a lugares nunca antes imaginados, do Timor-Leste ao Brasil, de Angola a Goa, de Macau a Moçambique!
Que riqueza!
Quanto mais influência de outros povos, de outras línguas, mais o coração da Língua Portuguesa crescia!
Como os nossos desejos, emoções, labutas e aflições são definidos por essa língua!
É em português que a grande vencedora do Prêmio Camões de 2021, a moçambicana Pauline Chiziane, nos diz:
“Contar uma história significa levar as mentes ao voo da imaginação e trazê-las de volta ao mundo da reflexão.”
Vanilo de Carvalho