Esse texto foi motivado por um amigo que me perguntou o que achava do “novo” VUCA: V – Vision (Visão); U – Understanding (Compreensão); C – Clarity (Clareza); e A – Agility (Agilidade). Bem… Pensei… É um desdobramento conceitual do VUCA em nova versão PRIME. Fiz outra leitura desse acrônimo e cheguei à conclusão de que temos algo diferente a desafiar o ser humano. AGORA!
Revisando brevemente: Essa ideia de mundo VUCA teve origem na década de 1990, na época pós-Guerra Fria, e foi utilizada para explicar a complexidade e as incertezas da situação geopolítica mundial. É o acrônimo dos termos em inglês: volatility (volatilidade); uncertainty (incerteza); complexity (complexidade); ambiguity (ambiguidade).
A partir de 2008 passou a ser aplicado no ambiente dos negócios em razão da crise econômica americana e que pela falta de previsibilidade enfrentada pelas empresas, tal ideia continuou presente até os dias de hoje. Escolas de Administração e Negócios inseriram no seus currículos temáticas que são uma verdadeira artilharia de estratégias, planos, modelos de negócios, comportamentos e competências para lidar com essa realidade. As empresas, os professores e consultores seguiram religiosamente esse caminho.
Também gosto da ideia e trabalhei com ela nos últimos dez anos. Porem, sempre com um pé atrás para aplicar as centenas de sugestões de ação advindas do conceito VUCA para o contexto empresarial brasileiro. Por que? Simples. Importar técnicas sem a devida adequação ao contexto, ou mesmo adaptar livremente sem o devido estudo e aprofundamento, não é bom. E a tecnologia foi protagonista na velocidade virótica da implementação de metodologias. Disseram-me que agora estamos no “Mundo ágil”. “- Seja rápido! Lance o seu produto no mercado e depois saia corrigindo e aperfeiçoando…” “Mude ou morra!” – Altamente competitivo, não! Até neurótico! Isso também produziu alta concorrência interna nas organizações. Colegas se viam numa arena de luta para escalar estruturas organizacionais. “A Meta”. Os ambientes de trabalho se tornaram tóxicos para as pessoas. Como chegamos a isso? Viviamos (ou vivemos!) no modo automático e não percebíamos o que estávamos fazendo com o lado invisível de nossas vidas.
Mas voltando ao contexto empresarial brasileiro, este apresenta características peculiares: o “mau” ambiente de negócios e suas práticas concorrenciais; uma política tributária agressiva para suprir a fome insaciável do governo; comportamentos de complacência; baixa confiança nas relações interpessoais e nas instituições públicas; dentre outras; que tornam o ambiente brasileiro complexo, pouco previsível, de relações voláteis e ambíguas. Esclareço que procuro sempre me basear em dados e informações de entidades e organizações credíveis para fundamentar minhas reflexões.
Diante da leitura anterior, e do momento excepcional que passamos, reescrevi uma nova perspectiva para o cenário VUCA, que também trouxe ao longo de sua história – em seu conceito e em suas práticas – forte carga de ansiedade, burnout, stress, falências pessoais e empresariais, conflitos diversos e demissões em massa. Situações muito relacionadas aos comportamentos e atitudes humanas, e menos à tecnologia e seus reconhecidos benefícios.
Trata-se, agora, de uma nova perspectiva e cenário para a construção de um Novo Mundo que chamo de VECA. Onde a característica maior é a oportunidade ímpar de reconstrução para um novo modo de viver: coletivo, solidário, humanitário, educado e espiritual.
O acrônimo é assim:
As vantagens do acrônimo: Compreensíveis, transparentes, abrangentes e universais. Esses valores se referem à humanidade, liberdade, justiça, generosidade, solidariedade, paz e amor; conceitos que estão presentes em todas as tradições culturais. VECA exprime também humanidade, afetividade, espiritualidade, confiança e bondade. Palavras que têm força e poder de transformação e se enquadra dentro da dimensão ética e moral do ser humano. Podem transformar a vida das pessoas e, consequentemente, a vida das organizações públicas e privadas para um estágio superior ao que vivemos hoje.
Como tornar esses princípios parte do DNA de todos? Pessoas e organizações? Através da Educação em todas as suas dimensões. Começa na infância, percorre a adolescência para formar o adulto cidadão auto responsável, respeitoso e humanitário.
Sobre “Mundo VUCA” temos 153 mil referências no Google. Para “World VUCA” temos um milhão e trinta mil referências. Para “Mundo VECA” o Google é teimoso. Quer me corrigir para “Mundo VUCA”. Não me reconhece. Então, o problema é dele!
Está lançada a ideia e aberto o debate. Portanto, peço o seu comentário. E se você gostar também peço compartilhar. Quem sabe essa ideia cole e teremos pessoas e organizações trabalhando seriamente em uma nova perspectiva humanitária. E o Google reconheça o “Mundo VECA” em nossas pesquisas.
Fonte: Dermeval Franco em 23.04.2020