Agronegócio bate recordes e amplia mercado apesar de pandemia de Covid

Agronegócio bate recordes e amplia mercado apesar da pandemia de Covid

A pandemia do novo coronavírus, que tem provocado estragos na economia global, não impediu que o agronegócio brasileiro batesse recordes de exportação e ganhasse mercado neste ano.

Ao contrário, o setor diz que o surgimento da Covid-19 e suas consequências fizeram com que o mundo desse mais valor à alimentação e à produção nacional, cuja renda foi potencializada pelo câmbio favorável. É o que tem ocorrido em setores como os de proteína animal, soja, milho e café, que têm obtido excelentes desempenhos no mercado externo, inclusive batendo recordes.

Apesar de os PIBs dos Estados Unidos, da China e da zona do euro terem sofrido em virtude dos reflexos da pandemia, as exportações brasileiras têm ido bem. A carne de frango, por exemplo, cresceu 1,7% em volume no primeiro semestre, em comparação ao mesmo período de 2019.

Nos EUA, a economia sofreu queda de 9,5% no segundo trimestre, a maior da história, e já tinha caído 4,8% nos primeiros três meses do ano. A China, primeiro foco do coronavírus, teve a maior queda no primeiro trimestre, de 9,8%, mas cresceu 3,2% no seguinte.

A produção brasileira de carne de frango deverá crescer até 4% em 2020, atingindo 13,7 milhões de toneladas, segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), enquanto as exportações podem avançar um pouco mais, 5%, alcançando 4,45 milhões de toneladas —quase um terço do total.

No primeiro semestre, a Ásia respondeu por 40,7% dos embarques.

Já a carne suína deve ter alta na produção de até 6,5% em comparação com 2019, com exportações crescendo até 33%. Se a produção se confirmar, atingirá 4,25 milhões de toneladas, alcançando pela primeira vez 1 milhão de toneladas exportadas.

“Talvez a Covid-19 tenha despertado para duas realidades, a importância da família e da comida. São coisas que corriam automaticamente, mas, no momento de dificuldade como agora, reforçaram-se as relações familiares e de amizade e, também, da comida”, afirmou Ricardo Santin,
diretor-executivo da ABPA.

Apesar dos avanços, ele disse que a alta nos preços de insumos e do “custo Covid” impactam o setor, mas não o suficiente para frear o crescimento. “O preço do milho subiu 50%, do farelo de soja 25%, e o custo Covid é muito importante. Significativo, mas não tem importância frente ao resultado que estamos conseguindo. As empresas estão enfrentando como necessidade para chegar ao objetivo e girar. Isso tem sido sucesso.”

Só em junho, as exportações de carne suína chegaram a 96,1 mil toneladas, 50,4% mais que o volume embarcado no mesmo mês em 2019 —63,9 mil toneladas. A receita em junho foi 43,4% superior à de igual período no ano passado e chegou a US$ 198 milhões.

Já no setor de grãos as exportações de soja devem subir 8% neste ano, com 79 milhões de toneladas, ante as 73,44 milhões do ano passado, conforme estimativa da consultoria Datagro.

“Graças a Deus as exportações estão indo bem, a perspectiva agora é de melhora de preço. Apesar de o preço ter subido em reais, em dólares, moeda que baliza a maior parte dos gastos, estamos em patamares de 2014/2015”, afirmou Lucas Beber, diretor-administrativo da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso) e produtor rural em Nova Mutum (MT).

A desvalorização do real, afirma ele, é um impulso que o produtor precisava.

Passaram pelo corredor de exportação do Porto de Paranaguá (PR) 13 milhões de toneladas de grãos e farelos de janeiro a julho, 10% a mais que em igual período de 2019. A soja representa mais de 97% do total.

O Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná aponta que 91% da produção de soja do estado já foi vendida.

No total, a colheita foi de cerca de 20,7 milhões de toneladas, 28% a mais do que o produzido no ano passado.

“A maior produção, a preferência dos compradores chineses pela soja brasileira em detrimento à soja americana, e principalmente a relação cambial favorável às exportações, impulsionaram as vendas”, aponta relatório do economista Marcelo Garrido Moreira sobre a comercialização acelerada
em relação à safra anterior.

Para o produtor José Paulo Cairoli, da Reconquista Agropecuária, de Alegrete (RS), a briga entre EUA e China dá ao Brasil a chance de vender ainda mais para o país asiático.

Mesmo que os insumos para a próxima safra custem mais, por causa do dólar, a valorização da soja compensará o investimento, segundo ele. Na última terça (4), o preço da saca chegou a R$ 127 no Porto de Rio Grande, no sul do estado. Acima de R$ 100, mesmo com os custos, a rentabilidade é boa”, diz Cairoli.

Para o segundo semestre, a expectativa de escoamento em Paranaguá gira em torno da demanda externa por milho, apesar de a estiagem no Sul ter comprometido a safra. Só no Paraná, a queda é de 14% em relação à colheita anterior, mas há lavouras com perdas de 40%, segundo a Abramilho (associação de produtores).

Outro produto que tem saltado aos olhos dos chineses é a celulose. Num carregamento que durou três dias na última semana, Paranaguá embarcou 45.758 toneladas do produto, a segunda maior quantidade do item movimentada no complexo, todas com destino ao país asiático.

O café, no ano-safra 2019/20, encerrado em junho, alcançou o segundo recorde histórico de exportações, segundo dados do Cecafé (conselho dos exportadores), com 40 milhões de sacas.
Produtores projetam mais uma safra positiva agora, segundo o pesquisador Renato Garcia Ribeiro, do Cepea, da Esalq/USP.

“Exportar esse patamar numa produção total de 59 milhões de sacas é muito bom. E a safra passada foi teoricamente de bienalidade baixa, ou seja, o reflexo foi bastante positivo”, disse.

Conforme ele, o mercado antecipou muitos contratos nos meses de março, abril e maio, devido à pandemia, e as exportações seguem um ritmo forte.

“O cafeicultor não pode reclamar do volume embarcado. Os preços andaram caindo, mas se recuperaram e foram impulsionados pelo câmbio.”

Fonte: Portos e Navios em 09.08.2020

Setor logístico foca debate em demandas do agronegócio

Setor logístico foca debate em demandas do agronegócio

Maior evento do setor logístico do Norte e Nordeste e um dos principais do País, a Expolog – Feira Internacional de Logística 2020, irá tratar da importância do tema para o agronegócio, do papel dos jovens no setor logístico, dos desafios dos modais ferroviário, rodoviário e portuário, dentre outros. A temática da edição deste ano foi definida na tarde de ontem (2) durante o encontro de Planejamento da Expolog 2020. A feira será realizada nos dias 25 e 26 de novembro, no Centro de Eventos do Ceará (CEC).

Segundo Enid Câmara, diretora da Prática Eventos, organizadora da feira, os debates e seminários irão abordar ainda a relação entre a conectividade e o setor.

“Além da feira, a Expolog irá contar com 23 eventos paralelos, onde serão discutidos desde a empregabilidade dos jovens do setor logístico até as demandas do agronegócio”, aponta a diretora.

Para o economista e consultor internacional Alcântara Macêdo, a Expolog deverá contribuir com a melhoria da infraestrutura logística do Estado como um todo, principalmente a rodoviária e ferroviária.

“O Pecém hoje é um dos principais portos da América Latina e a tendência é que ele se torne cada vez mais importante, atendendo o mercado da China e dos Estados Unidos. Mas vejo que a gente precisa melhorar as nossas rodovias e aumentar a malha de ferrovias. Então, essa é uma discussão muito proveitosa para o Estado”.

Potencial
Macedo destaca ainda que, pela posição geográfica, o Porto do Pecém, principal equipamento logístico do Estado, ainda apresenta um grande potencial para escoar a produção de estados como Piauí e Rio Grande do Norte. “Esses são estados muito fortes no agronegócio. Mas o nosso porto também pode atender o Maranhão e o norte de Goiás. Mas tudo isso depende de uma melhoria do modal ferroviário e rodoviário, que pode ocorrer investimentos do setor privado”, conta.

Fonte: Diário do Nordeste em 03.03.20

Ceará se prepara para exportar melão para China

Ceará se prepara para exportar melão para China

Uma comitiva de agrônomos chineses estará no Ceará para visitar as áreas de produção de melão, no período de 13 a 18 de janeiro. Os chineses vão verificar requisitos fitossanitários para a exportação de melões brasileiros para a China. Um protocolo foi recentemente assinado entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Administração Geral de Aduanas da República Popular da China.

Na avaliação da presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri), Vilma Freire, a vinda da comitiva chinesa ao Ceará e Rio Grande do Norte abre uma possibilidade interessante para os dois estados – livres da mosca da fruta – iniciarem um canal de exportação para o mercado asiático.

A missão técnica do governo chinês tem o objetivo de auditar a certificação fitossanitária nas áreas livres de moscas das frutas (ALP) nos dois maiores estados produtores de melão do Brasil: Ceará e Rio Grande do Norte.

A inspeção será acompanhada pela equipe técnica da Adagri, liderada pela diretora de sanidade vegetal, Neiliane Sombra. Após a inspeção, a previsão é que nos próximos meses o Ceará inicie os embarques de melão para a China, via porto do Pecém.

O melão produzido no Ceará já é exportado para União Europeia, Estados Unidos, Chile, Argentina, Uruguai e Rússia, e num futuro próximo para a China e Vietnã.

“Com início das exportações para a China, a expectativa de volume exportado é bastante positiva. O setor deve inclusive ampliar a área plantada,” afirmou Sílvio Carlos, secretário-executivo do Agronegócio da Sedet.

Exigências cumpridas
Entre os dias 7 e 9 de janeiro, a Adagri realizou curso para habilitar técnicos em fitossanidade no município de Limoeiro do Norte para atender aos requisitos fitossanitários do governo Chinês.

Exportações com foco no Agronegócio
Após cinco anos de chuvas abaixo da média, o Ceará voltou a ser ator importante nas exportações de frutas. Em 2019, o Ceará vendeu ao exterior mais U$ 62 milhões de dólares nesse segmento; e o melão liderou a lista com U$ 41,5 milhões de dólares.

Fonte: Ceará Portos em 10.01.20