Sebrae-CE aponta alternativa para micro e pequenos conseguirem crédito e enfrentarem pandemia
Apontados como as mais frágeis entre o setor produtivo, microempreendedores individuais (MEIs) e pequenas e médias empresas (MPEs) podem encontrar crédito para enfrentar a crise deflagrada pelo novo coronavírus longe dos balcões dos bancos. Isso porque, além das fintechs e do sistema bancário tradicional, os MEIs e as MPEs têm mais uma alternativa de acesso a crédito, segundo o Sebrae, que promete ser mais rápido, fácil e desburocratizado: são as Empresas Simples de Crédito (ESCs).
Regulamentadas no ano passado, já existem 24 ESCs no Ceará, segundo o gestor de Acesso ao Crédito para os Pequenos Negócios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) no Estado, Silvio Moreira. No Brasil, são 631.
As ESCs podem conceder empréstimos e financiamentos para MEIs e micro e pequenas empresas. A ideia é que elas favoreçam negócios próximos delas próprias, podendo ser beneficiadas apenas empresas no município da sede ou nos municípios limítrofes.
No Ceará, 98,8% das empresas formais se encaixam no porte necessário para ter acesso e geram 50,3% dos empregos com carteira assinada do Estado, sendo responsáveis por 26,5% do Produto Interno Bruto (PIB) cearense. Ao total, são 409 mil empreendimentos aptos a acessar crédito através das ESCs.
Diferenciais
“Nesse momento, com essa crise afetando principalmente os pequenos, é uma alternativa de crédito. Aqueles que não conseguirem pelo sistema bancário tradicional, podem buscar ajuda de crédito pela ESC”, afirma Moreira.
Ele ressalta que alguns dos diferenciais das operações com ESC são desburocratização e rapidez. “Todo o processo é feito pela internet. E, como são pequenas bases, a empresa consegue conceder o recurso muito mais rápido”, ressalta.
Valdiene Andrade, proprietária do Mercadinhos Andrade Frios, comprovou a indicação do gestor de Acesso ao Crédito. Através de uma pesquisa comparativa, optou por fazer empréstimo com ESC. “Em comparação com outros bancos, o juros e o parcelamento foram bem mais favoráveis. E simples também, fiz tudo pela internet”, conta. Ela ainda lembra que recebeu o recurso em menos de 24 horas.
A empreendedora, que tomou emprestado R$ 10 mil, já realizou uma segunda operação, dessa vez de R$ 15 mil. “Eu precisava para investir em mercadoria e ter capital de giro. Tem sido muito importante nesse momento, porque consegui manter os pagamentos em dia sem me aperrear”, ressalta. “Estou muito satisfeita e pretendo fazer novas operações”, acrescenta.
Condições
Ari Célio Mendes, sócio-diretor da PegFácil, criou sua ESC no fim do ano passado e já atendeu a 10 clientes, totalizando R$ 150 mil emprestados. A empresa concede crédito de R$ 1 mil a R$ 50 mil, em parcelas que variam de 6 meses a 36 meses, com taxas de juros de 3,5% mais custos da operação.
Mendes revela que já tinha trabalhado com crédito em sua ocupação anterior. “Eu já tinha o desejo de empreender e tinha experiência, então resolvi entrar no mercado com a ESC e não só colocar mais crédito à disposição, mas também ajudar os empreendedores com orientação”, afirma.
Ele aponta que a divulgação tem sido feita boca a boca e que, apesar do processo ser simples, é necessário ter uma plataforma de acompanhamento das operações. “O Banco Central e o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) exigem isso. Então é preciso ficar atento a esses detalhes quem se interessar”.
Mendes ainda acrescenta que o processo garante toda a segurança necessária para as ESCs, possibilitando o uso de garantia de bens, por exemplo.
Fonte: Diário de Nordeste em 31.03.2020