Raul Santos Neto, diretor da CBPCE, explica sobre a cotação e valorização do ouro
Raul Santos Neto, diretor da CBPCE, explica sobre a cotação e valorização do ouro
Incertezas do mercado financeiro têm impulsionado valorização do metal. Apesar das altas, opção só é recomendada para investidores experientes e com conhecimento avançado para incluir nesta modalidade na carteira
Diante da baixa do dólar e da incerteza que paira no mercado financeiro, a cotação do ouro encerrou a sessão de ontem (5) com alta de 0,66%, a US$ 1.920,10 pela onça-troy, unidade equivalente a 31,1035 gramas. O resultado é o mais alto das últimas duas semanas.
O vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE), Raul Santos, aponta que as incertezas são o motivo para as altas substanciais do metal nas últimas semanas e alerta para o risco de apostar no investimento dessa natureza.
“O ouro está muito valorizado, e não é para iniciantes ou pessoas de médio conhecimento. Ele chegou numa fase que está muito valorizado e, se as vacinas prometidas vierem, o ambiente de incerteza vai baixar e o ouro rapidamente vai voltar a se desvalorizar. Então, eu acho que teve um certo efeito manada. Muita gente começou a procurar, e o preço ainda pode subir mais um pouco, mas o risco é grande”, explica Santos.
Além dos títulos de ouro, o momento também é favorável para a venda de joias. A Ouro Minas, casa de câmbio que também realiza a transação, estava pagando R$ 220 por grama de ouro nessa segunda.
O vice-presidente do Ibef detalha que a compra do ouro é sempre baseada em expectativas, portanto, é importante buscar outras opções de investimento antes de alocar recursos nesta modalidade. “Primeiro, a pessoa precisa entender como funcionam os investimentos de renda fixa. Depois disso, pressupõe-se que já se tenha conhecido a poupança; em um segundo momento, os fundos multimercado, com maior volatilidade. E eu equipararia esse fluxo, não pelo grau de risco, mas por diversificação, ao próprio amadurecimento. Então, a pessoa vai chegar em um ponto que vai buscar diversificação e o ouro pode ser uma possibilidade”, aconselha Santos.
Perfil cearense
Apesar dos riscos, Santos considera o cearense um investidor mais ousado que a média nacional. Ainda assim, a parcela da população disposta a investir em títulos de ouro e que estaria apta a gerir uma aplicação desse tipo ainda é muito pequena, segundo ele.
“O que acontece é que as pessoas não possuem acesso e conhecimento dentro desse tipo de mercado. Mas eu digo que os jovens são mais adeptos às ações. O apetite de risco lá é muito maior. Eles se expõem muito a esse tipo de operação, mercado de futuros. Funciona muito com o mercado agrícola, por exemplo. O ouro é do mesmo jeito”, diz.
O vice-presidente do Ibef ainda orienta que, para os interessados, é importante buscar o máximo de conhecimento sobre o assunto e nunca concentrar os investimentos em um só ativo. “É entender que o ouro pode ser opção, mas nunca para se colocar 50%, 60%, 100% do dinheiro”, acrescenta.
Como investir
Santos detalha que, para investir em títulos de ouro, os interessados podem procurar corretoras, sempre verificando se a instituição possui inscrição na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ainda é possível verificar nas plataformas de grandes bancos se eles possuem fundos de investimentos que aplicam em ouro.
Com alto índice de incertezas no mercado mundial, a cotação do ouro passou por uma forte valorização. Contudo, o vice-presidente do Ibef indica cuidado para entrar nesta modalidade de investimento.
Fonte: Diário do Nordeste em 06/10/2020