Transição energética: o Ceará é o dono da bola
O Ceará é o lugar do mundo que mais tem condições de promover uma transição energética justa nos próximos cinco anos. A análise é de Liane Freire (foto), CEO do Blend Group, empresa que cria soluções de blended finance em larga escala para projetos de desenvolvimento sustentável em todo o mundo.
Ela, que conversou com a coluna por vídeochamada, coloca o potencial cearense junto da capacidade do Nordeste e do Brasil, mas aponta particularidades do Estado. Ela cita recursos naturais, investimentos bem sucedidos como o Complexo do Pecém, um modelo de desenvolvimento industrial em sinergia com desenvolvimento local e um histórico de estabilidade política. Liane alerta que esse potencial exige uma nova postura do Ceará, a de “dono da bola”. “O Ceará é dono dos ativos, não é só um beneficiário final daquilo que vai transbordar dos investimentos”, disse ela.
As mesas certas
Liane Freire explica que assumir a postura de dono dos ativos significa chegar às mesas de negociação certas, “onde se decidem os próximos passos do mundo”, com soluções financeiras prontas e se colocando como cofinanciador. “É preciso mostrar qual é o problema, qual é a solução, quanto do problema você está enfrentando com sua situação, quais ativos você está trazendo e quanto você precisa de coinvestimento complementar de outros”. Ela explica que no papel de investidor, além de fundos específicos, é preciso considerar os próprios ativos e itens como incentivo fiscal.
“Entrar como cofinanciador é a tendência agora”, diz ela, que aponta que o modelo tradicional de prospecção e financiamento ainda é válido, mas não dá conta dos grandes volumes necessários à transição energética. A análise, ressalta, cabe para toda a América Latina. Mas a conclusão é específica: “se eu fosse o Ceará traria os grandes players para ter uma vivência aqui. Não tem um que não vai querer investir”, diz em referência às belezas naturais e forma de viver do cearense.
Fonte: O Otimista