Vamos falar de turismo, por Rômulo Alexandre Soares
Esta semana estive em Barranquilla, capital do Departamento do Atlântico, no norte da Colômbia, para compartilhar um pouco da nossa experiência com o Festival Winds for Future no Cumbuco e a conexão que conseguimos identificar entre inovação sustentabilidade, esportes e turismo. Também foi uma oportunidade de aprender com as diferenças entre as duas regiões.
Mesmo com o fim da pandemia ainda não dá para falar de turismo sem refletir o contexto e os efeitos da Covid-19 sobre essa indústria. O turismo brasileiro, suportado em grande medida pelo mercado interno, ainda se recupera com o que se passou em 2020 e 2021. Entretanto, as perdas foram maiores e perdurarão por mais tempo, no turismo internacional. Em 2022, o país recebeu um pouco mais de 3 milhões de turistas estrangeiros, 43% a menos do que em 2019.
O Ceará, que consumiu vários anos para implantar um hub aéreo, que chegou a ter em 2019 quase 50 voos semanais conectando Fortaleza a cidades nas Américas do Norte e Sul, Europa e África, conta atualmente com apenas 12 dessas frequências, conectando-se a Lisboa, Paris e Miami. Sem duvida, se consumirá muita energia para recuperar este atraso e nos conectarmos, por exemplo, novamente à Argentina e à Colômbia.
Mas a pandemia também trouxe algumas oportunidades potenciais, em especial, o crescimento proporcional de viagens conectadas à natureza, aventura e esportes. Sol e praia continuarão sendo o principal desejo dos turistas no Brasil e no mundo, mas uma outra classe de turismo tem se expandido. Se quase 6 a cada 10 turistas que viajam ao Brasil a lazer procuram regiões costeiras, outros quase 3 vêm também movidos pela natureza, aventura e esportes.
A tendência não é apenas brasileira, é global e destinos com grande apelo ambiental e desportivo podem tirar proveito disso. De acordo com o Barômetro Mundial do Turismo da Organização Mundial do Turismo (OMT), o turismo esportivo movimenta cerca de US$ 2,2 trilhões ao ano no mundo e vem crescendo.
O Winds for Future foi inspirado nessa protagonismo que cidades costeiras, alegres, jovens, ensolaradas, que valorizam o meio ambiente e se expressam através do esporte e eventos que congreguem pessoas, possuem. Elas costumam ser destinos memoráveis. Lisboa, que realiza o WebSummit e que serviu de inspiração ao W4F, está sendo pensada assim e atraindo cada vez mais criativos e nômades digitais de diversas partes do mundo.
Na Colômbia, observei que o Ceará e o Departamento do Atlântico têm vantagens locacionais parecidas: o mar e o vento são atributos naturais competitivos e não apenas para os esportes à vela, mas também para as energias renováveis. O kitesurf vem ressignificando o turismo, e projetos eólios offshore ligados à cadeia de hidrogênio verde, estão em fase de estudo também naquela região do Atlântico.
Foi por isso que me convidaram para vir à Colômbia. Para falar de turismo e compartilhar como o vento trouxe a maior transformação da história do Ceará e converteu o Cumbuco no que ele é hoje: uma das praias metropolitanas mais visitadas no Brasil e destino #1 de kitesurf.
Por Rômulo Alexandre Soares