Câmaras de Comércio estimam trocas comerciais em níveis pré-pandemia entre Portugal e Brasil em 2022
O presidente da Federação das Câmaras de Comércio Portuguesas no Brasil estima que as trocas comerciais entre os dois países atinjam níveis pré-pandemia em 2022, com o segundo semestre deste ano a ser já “extremamente positivo”.
Em declarações concedidas à Lusa na última segunda-feira (20), em Brasília, Armando Abreu afirmou que as relações comerciais e de investimento entre Portugal e Brasil “só têm tendência a aumentar”, mostrando-se satisfeito com os resultados alcançados no segundo semestre deste ano e salientando que deseja que “sejam atingidos e, inclusive, ultrapassados, os níveis registados antes da pandemia”, que se espalhou pelo mundo 2020.
Armando Abreu esteve presente na reunião anual da Federação das Câmaras de Comércio Portuguesas no Brasil, que abordou temas como a aprovação da prestação de contas, o relatório de atividades da federação entre setembro de 2020 a agosto de 2021, a presença brasileira na Web Summit 2021, o reconhecimento das Câmaras portuguesas e o IX encontro anual das Câmaras de Comércio portuguesas.
“É evidente que ainda estamos num momento de pandemia. 2020 foi um ano muito parado e em 2021 a atividade económica está a recuperar”, explicou Abreu.
“De Portugal para o Brasil continua a predominar o azeite, alguns produtos agrícolas e alguns óleos. Do Brasil para Portugal temos combustíveis, minérios e ‘commodities’, mas, cada vez mais, os brasileiros olham para Portugal não só como um sítio excelente para se viver, mas também como um excelente local para iniciar negócios e utilizar Portugal como a porta de entrada na Europa”, acrescentou o português.
Ainda de acordo com o engenheiro, os próprios empresários brasileiros reconhecem que quando estão a criar empresas e a investir em Portugal, “estão a investir num mercado de 500 milhões de pessoas”.
“Por isso, cada vez mais apostamos, e temos a certeza, que as relações comerciais e de investimento entre Portugal e o Brasil só têm tendência a aumentar”, frisou.
Já o embaixador de Portugal em Brasília, Luís Faro Ramos, destacou que, “mesmo em período de pandemia, as trocas comerciais nos primeiros oitos meses deste ano”, face ao mesmo período de 2020, “cresceram mais de 40%”, situação que “mostra bem o dinamismo dessas trocas”.
Na reunião anual, que decorreu na Embaixada de Portugal na capital brasileira, estiveram presentes 15 das 18 Câmaras de Comércio portuguesas, que integram uma rede de instituições que ajudam a divulgar Portugal ao Brasil e vice-versa.
O encontro contou também com a presença de Nuno Rebelo de Sousa, vice-presidente da Federação das Câmaras Portuguesas no Brasil, que, em declarações à Lusa, destacou o trabalho que tem sido feito na agricultura, um dos setores mais fortes nas trocas comerciais entre Portugal e o país sul-americano.
“Nas câmaras, acreditamos muito nessa agenda de intercâmbio de investimento na área ‘agrotech’ [soluções tecnológicas para otimizar a produtividade dos produtores rurais], achamos que com a tecnologia as coisas estão bem encaminhadas. O ‘agro’ português está a despontar numa tipologia muito diferente da brasileira, que é uma agricultura de larga escala, enquanto em Portugal temos uma agricultura confinada, de elevada produtividade, mas com muita tecnologia e oportunidades de investimento”, disse Rebelo de Sousa.
“Em 2022, queremos levar alguns empresários a Portugal para fazer uma missão Agro. Tem havido uma interação muito boa a nível governamental, institucional dos dois países”, revelou.
Luís Faro Ramos aproveitou para demonstrar a disponibilidade da Embaixada em continuar a colaboração com as Câmaras de Comércio, num trabalho que considera “fundamental na promoção e da visibilidade de Portugal no Brasil.
Para facilitar esse trabalho, o embaixador referiu que, em todas as visitas de trabalho que efetua a vários estados brasileiros, “faz questão de incluir sempre a câmara de comércio local não só nos encontros institucionais” que mantém, mas também na sua própria delegação, “porque a vontade de cooperar é fortíssima”.
Fonte: Lusa