Área de condomínios logísticos salta 10% no CE e deve dobrar em dez anos
Com 204 mil m² no Estado, a área de empreendimentos de armazenagem para a indústria deve ganhar mais 360 mil m² nos próximos anos. Demanda tem crescido gradualmente com o fortalecimento do e-commerce
Utilizados para o armazenamento – seja da matéria prima ou do produto final – por vários segmentos do setor produtivo, os condomínios logísticos no Ceará estão ganhando mais espaço. Segundo maior da região Nordeste em área, esses empreendimentos somam 204 mil metros quadrados em todo o Estado, crescimento de 10,3% ou 21 mil metros quadrados (m²) ante os 183 mil metros observados no segundo trimestre de 2019, conforme levantamento da Colliers International, que presta serviço de inteligência imobiliária para a Associação Brasileira de Logística (Abralog). Em até dez anos, o número deve mais que dobrar, com o incremento de 360 mil m².
A avaliação é do diretor comercial da entidade, Abiner Oliveira. De acordo com ele, já nos próximos meses, a área de condomínios logísticos no Ceará deve receber um incremento de 20 mil metros quadrados. “O mercado do Ceará possui em projeto cerca de 360 mil m², que poderão ingressar no mercado ao longo dos próximos cinco a dez anos”, detalha Oliveira.
O avanço é impulsionado pela alta no consumo e tem uma participação importante do crescimento do e-commerce no primeiro semestre de 2020 com o isolamento social e consequente interrupção das atividades presenciais do varejo. “Quanto mais consumo, maior é a necessidade de armazenagem de produtos. Com a pandemia, o e-commerce está demandando muito espaço em galpões logísticos em todas as capitais, não é diferente em Fortaleza”, pontua o diretor comercial.
De acordo com a pesquisa da Colliers International, o mercado do Ceará apresenta uma taxa de vacância de 10% (relação entre a área disponível e a área total) e o preço pedido médio de R$ 14,95/m².
O levantamento mostra ainda que o Ceará ocupa a nona posição no ranking nacional quando se trata de condomínios logísticos. A liderança da lista é ocupada por São Paulo (9,72 milhões/m²); Rio de Janeiro (1,89 milhões/m²) e Pernambuco (1,02 milhões/m²) – este último líder do Nordeste e com uma área cinco vezes maior que a do Ceará.
Gargalos
Apesar do potencial para o fortalecimento do setor, o coordenador do Núcleo de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Heitor Studart, destaca que o Ceará esbarra no gargalo da infraestrutura das rodovias, o que acaba deixando o Estado bem atrás do vizinho Pernambuco. “O Ceará ainda está iniciando, incipiente. O mercado é totalmente promissor e vem se desenvolvendo de forma agressiva. Não tenha dúvidas de que essa crise do coronavírus veio para acelerar esse crescimento”, diz.
“Ter uma malha rodoviária em bom estado é uma condição fundamental para o desenvolvimento da operação logística e nós infelizmente estamos em dívida com isso. Talvez a expansão em anos passados não tenha sido maior em função do estado do Anel Viário, que há 10 anos está sendo feito e tem atrasado esse crescimento”, lamenta Studart, lembrando ainda do atraso da ferrovia Transnordestina.
“Nós temos projetado oito polos intermodais ao longo da estrutura da Transnordestina, com entroncamento ligando às grandes rodovias. Esse entorno dos polos intermodais favorece grandemente o assentamento de condomínios logísticos, reforçando o desenvolvimento desses empreendimentos”, explica ainda Heitor Studart.
Atualmente, estão em operação no Estado quatro empresas desenvolvedoras de condomínios logísticos, com empreendimentos que se concentram em Fortaleza e Região Metropolitana. Studart avalia, porém, que há potencial para o desenvolvimento do setor em outras regiões, a exemplo do Chapada do Apodi, destacando o agronegócio nessa área, Cariri, Sobral e Quixadá.
Uma dessas empresas é a LOG, que opera no Ceará há quase cinco anos. A companhia opera na Capital com um condomínio logístico de aproximadamente 111 mil metros quadrados e se prepara para terminar a construção de mais 54 mil metros quadrados, investimento de R$ 80 milhões. O diretor comercial da empresa, Guilherme Trotta, avalia que o Ceará representa um importante mercado e que Fortaleza se destaca por figurar entre os grandes centros urbanos do País.
“Temos 100% de ocupação e muita procura por nossas áreas. Antes da pandemia, já tínhamos mapeado a necessidade do segundo empreendimento”, afirma Trotta. Com o crescimento do e-commerce, a certeza sobre o investimento se fortaleceu: durante a pandemia, houve alta de 40% nas locações dos galpões da LOG no Estado. Do total de clientes alocados nas instalações da LOG, 50% correspondem a empresas do e-commerce.
“O Ceará é um dos primeiros estados onde a gente começa a segunda leva de parques logísticos no País”, arremata o diretor comercial.
Fonte: Diário do Nordeste em 22/09/2020