Ceará e Estados Unidos Aço e ferro intensificam relação histórica de sucesso

Ceará e Estados Unidos Aço e ferro intensificam relação histórica de sucesso

Diversificação na pauta de exportações, viabilizada em grande parte pela estrutura do CIPP, também pode favorecer trocas comerciais entre Estado e aquele país

Se há uma relação comercial consolidada com o Ceará fora do território nacional, esta é a dos Estados Unidos, maior parceiro do Estado na balança comercial. E tal relação tornou-se ainda mais sólida nos últimos anos, com o fortalecimento das produções de minério de ferro e de placas de aço no parque industrial cearense, em grande parte fruto da ascensão da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP). Esta é amplamente favorecida pela única Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará) do País, onde está operando desde 2013 no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP). O desafio, agora, no entanto, está na diversificação das mercadorias que seguem para e vêm dos portos da maior economia do planeta.

Ceará e Estados Unidos há muitas décadas já mantinham um bom entendimento econômico, mesmo antes da implementação do equipamento, situado entre os municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia, com aquele país respondendo entre 20% e 25% das exportações cearenses. Mas essa relação atingiu seu ápice em 2019, ao ultrapassar, pela primeira vez, a marca do bilhão de dólares (mais precisamente US$ 1.013.937.372,00) em mercadorias embarcadas para o país norte-americano. Importações? Foram, ao todo, US$ 701,6 milhões, conforme dados do Comex Sat caracterizando um novo recorde.

Ainda que em ano já marcado para sempre como o da eclosão da grave crise provocada pela pandemia do novo coronavírus no Brasil, os bons números permanecem em algum grau, com a superpotência compradora de cerca de 38,3% do total que sai do Ceará para o exterior – US$ 364,5 milhões – nos seis primeiros meses de 2020. Destaque para aço, equipamentos para geração de energia eólica, castanha de caju e água de coco, de acordo com relatório mensal do Centro Internacional de Negócios do Ceará (CIN) da Federação das Indústrias do Estado (Fiec).

Mas a predominância desses insumos nas exportações que seguem para os portos norte-americanos, ressaltam especialistas, não anulam as possibilidades de diversificação dos produtos negociados para lá. Na verdade, tal posicionamento poderia até abrir espaço para outros segmentos, como opina o professor João Mário de França, diretor Geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece). “Em 2019, foram exportados 312 produtos para os Estados Unidos (considerando por NCM, Nomenclatura Comum ao Mercosul), concentrando quase 60% em produtos de aço. Mas isso não é ruim, é uma característica da própria estrutura das exportações atuais do Ceará, visto que é uma grande empresa exportando para este país e que foi instalada no Estado com esta finalidade”, explica ele.

Tal versatilidade nesse relacionamento com o país da América do Norte se confirma não só na participação expressiva de novas aquisições como também na consolidação de antigos “campeões” de vendas para o mercado externo.

“Novos produtos surgiram na pauta como partes de outros motores, geradores, grupos eletrogeradores, entre outros, além da água de coco, que passaram a estar entre os sete principais produtos exportados para os Estados Unidos, revelando uma certa diversificação da pauta para aquele país. Destaca-se ainda que produtos tradicionais da pauta de exportações cearenses, como castanha de caju, calçados, couros, cera vegetal, mel e frutas, ainda apresentam valores de vendas expressivos para os EUA, mostrando que esse país continua sendo um importante parceiro comercial com boa diversidade de produtos”.

João Mário de França, diretor geral do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece)
Com relação ao que é demandado do maior parceiro comercial do Estado, destaque para a ascensão do grupo “fibras de carbono, para usos não elétricos”, que em boa parte foi adquirido dos Estados Unidos e teve participação marcante no acréscimo de 419,1% dentre as importações cearenses em 2020, no acumulado do ano. Os dados são do Comex Stat.

Porto como diferencial

Por ser uma grande empresa binacional, sendo uma joint venture formada pela brasileira Vale (50% de participação) e pelas sul-coreanas Dongkuk (30%) e Posco (20%), a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), de fato, foi pensada para se tornar um grande polo de atração de investimentos para o Ceará, alterando positivamente a dinâmica da pauta de exportações por aqui. Assim, o segmento produtor de “ferro fundido, ferro e aço” respondeu, em 2019, por 45,05% do total exportado pelo estado.

Outros fatores proporcionam vantagens comparativas significativas, segundo Macedo. São eles: estar na chamada “esquina do mundo”, com boa posição inclusive em relação ao Canal do Panamá, e seu calado e logística, que favorecem sobremaneira sua capacidade operacional. “Todo o leste americano se tornou uma rota importante para vários tipos de produtos e aproximou comercialmente o Ceará daquele mercado”, informa o especialista.

Para que a situação do Estado fique ainda mais favorável junto às pretensões econômicas da nação mais rica do mundo, o professor João Mário de França destaca a necessidade de não apenas diversificar a pauta de exportações como também atribuir maior valor agregado às mercadorias que seguem daqui para o hemisfério norte. Para tanto, tornou-se oportuno que o Governo do Estado olhasse para o outro lado do globo, mais precisamente para a Holanda:

“O Ceará vem desempenhando um importante papel no tocante a investimentos em logística e gestão com foco no comércio internacional, com a expansão do Porto do Pecém e a parceria com o porto de Roterdã, que vem provocando alterações significativas nos processos operacionais no terminal cearense com desburocratização de procedimentos e atendimentos mais eficientes. Contudo, o poder público precisa investir ainda mais em canais de comunicação para aproveitar o momento de retomada da atividade econômica em vários países e em especial naqueles que já são nossos parceiros comerciais a exemplo dos Estados Unidos”, avisa.

Fonte: TrendsCE em 04/08/20

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Novo berço de atracação começa a operar no Porto do Pecém

Novo berço de atracação começa a operar no Porto do Pecém

Na ocasião também foi realizada a primeira operação simultânea de dois berços; o feito representa elevação de 300m na capacidade operacional do terminal.

O berço 10, nova plataforma de atracação do Porto do Pecém, tem capacidade para receber navios de até 330 metros de comprimento, com calado de até 15,30 metros. O local está operando desde a tarde do último sábado, quando o navio Log-In Polaris desatracou, se tornando a primeira embarcação a utilizar as instalações do berço 10 – localizado no Terminal de Múltiplas Utilidades (TMUT).

A ocasião também marcou a primeira operação simultânea de dois berços do porto. Os berços 10 e 9, onde já estava atracado o navio Hayling Island.

“O resultado gerado pela atracação simultânea nos berços 9 e 10 enche nosso time de orgulho, uma grande emoção ver mais essa etapa do Porto do Pecém. Elevamos nossa capacidade operacional e agora podemos receber até 10 navios simultaneamente”, afirma o diretor executivo de operações do Complexo do Pecém, Waldir Sampaio
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A operação simultânea nos dois berços foi realizada novamente no domingo, com a chegada do navio Maersk Karachi no berço 10. Em ambas as operações de movimentação de contêineres foram utilizados super guindastes operados pela APM Terminals.

Há apenas dois guindastes do tipo STS (Ship to Shore) em operação no Estado do Ceará. Cada um desses dois gigantes possui 87 metros de altura em relação ao solo, além de conseguirem içar até 100 toneladas no modo gancho e 65 toneladas no modo contêiner.

Esses guindastes são compatíveis para operar os maiores navios de contêineres em operação no mundo e estão hoje entre os maiores equipamentos desse tipo na América Latina.

“O novo berço 10 traz uma capacidade adicional de 300m, colocando Pecém dentro de um seleto grupo de Portos na América Latina que podem acomodar os navios New Panamax, com os 600m dos berços 9 e 10 combinados com calados até 15,3m. O novo berço também otimiza o nosso sistema de janelas de atracação, reduzindo o tempo de espera no fundeadouro”, pontua o diretor superintendente da APM Terminals Pecém, Daniel Rose.

O início das operações no berço 10 do Porto do Pecém veio logo após a ANTAQ publicar, na semana passada, o Termo de Liberação de Operação (TLO) que autoriza a operação na área ampliada do Terminal Portuário do Pecém.

Investimentos

A conclusão dessas obras finaliza a segunda fase de expansão do Porto do Pecém, que contemplou uma série de investimentos para elevar a capacidade operacional do terminal portuário.

Dentre eles estão principalmente: a ampliação e pavimentação do quebra-mar; a construção de três novos berços de atracação – 8, 9 e 10 – de navios; e a aquisição da Correia Transportadora de Minérios e do Descarregador de Minérios.

R$ 1,3 bi
Os investimentos atingiram R$ 1,3 bilhão e incluíram ainda outras obras e equipamentos, como os carregadores de placa e a construção do prédio do Corpo de Bombeiros.

Como parte da modernização do Terminal Portuário do Pecém também foram realizadas obras de ampliação do prédio administrativo; recuperação e modernização das torres de iluminação; construção da subestação de energia e pavimentação da área destinada às operações do scanner de cargas

Fonte: Diário do Nordeste em 03/08/20

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Com investimento de R$ 30 mi, começam obras de ampliação da ZPE

Com investimento de R$ 30 mi, começam obras de ampliação da ZPE

Área do Complexo Industrial e Portuário do Pecém deverá receber indústrias de beneficiamento de granito, mineração e maquiladoras. Primeira fase de obras civis envolve área de 23 hectares e custará R$ 11.1 milhões

A Companhia Administradora da Zona de Processamento de Exportação do Ceará (ZPE Ceará) já deu início às obras da primeira fase do setor II Sul da expansão, que devem consumir, ao todo, cerca de R$ 30 milhões, segundo o secretário Maia Júnior (Desenvolvimento Econômico e Trabalho). Detalhes do andamento do projeto foram apresentados ontem ao governador Camilo Santana.

Em um primeiro momento, os serviços de construção e infraestrutura demandarão um investimento de R$ 11,1 milhões para 23 hectares. Segundo o presidente da ZPE Ceará, Mário Lima Júnior, a área pode abrigar indústrias de beneficiamento de granito, empresas de mineração e maquiladoras.

“Nessa primeira fase, nós temos indústrias de beneficiamento de granito, empresas de mineração que produzem minérios especiais, como manganês, e tem as indústrias maquiladoras, que são montadoras que recebem componentes importados, montam e exportam o produto final. Existem consultas, mas ainda não está nada formalizado”, acrescenta ele sobre as novas possíveis operações.

A área 2 da ZPE Ceará tem quase 2 mil hectares. “A área de despacho aduaneiro do setor 2 vai ser um pouco diferente da área do despacho do setor 1 porque, como abrigará indústrias diversificadas, é natural que outros órgãos anuentes, que não estão hoje no setor 1, deverão estar no setor 2, como Vigilância Sanitária e Ministério da Agricultura”, pontua.

Lima Júnior diz ainda que nesta fase ocorrerão intervenções de urbanização. “Isso consiste em regularização do terreno para diminuir o custo de terraplenagem, vamos fazer avenidas de contorno dessa área. Está sendo feita também a energização dos ramais básicos para termos energia para as indústrias e rede de água, além de obras básicas de drenagem para as instalações. Vamos ter esse condomínio uma estrutura muito interessante”.

De acordo com ele, as segunda e terceira fases da área 2 vão ocupar os primeiros 150 hectares do total de 2 mil hectares. Lima Júnior explica ainda que as próximas fases vão depender da demanda para instalação de novas indústrias.

“Nessa área, vamos fundamentalmente arrendá-las para projetos industriais por um período de 20 anos renováveis por mais 20 anos”.

O presidente diz também que a ZPE 2 fica a cerca de quatro quilômetros da ZPE 1, que tem aproximadamente seis mil hectares.

“Esses dois mil hectares estão de posse da Cipp S.A com a finalidade de desenvolvimento industrial. Dentro desses dois mil, temos um planejamento para os próximos cinco anos para uma área de 150 hectares”.
No contrato assinado entre a ZPE Ceará e a Athos Construções, as obras podem durar até 12 meses, mas Lima Júnior ressalta que as intervenções devem seguir até fevereiro de 2021, antes do prazo final.

De acordo com Maia Júnior, o Executivo estadual está tentando retomar os planos programados para este ano juntamente com o retorno gradual da economia. Ele aponta que a volta do programa de obras de diversas secretarias, incluindo a expansão da ZPE, é uma medida para estimular a atividade econômica.

“O investimento público é muito importante para a economia do Ceará e do Nordeste como um todo. Só no ano passado, o Estado gastou R$ 1,7 bilhão em compras com pequenas empresas, essencialmente”, ressalta o titular da Sedet.

Ele lembra que obras públicas geram muitos empregos e pode aliviar o saldo negativo no mercado de trabalho ocasionado pela pandemia.

“Estamos tentando retomar a rotina e atrair novos negócios, mas vai ser difícil ao longo do resto desse ano, porque o investimento está contido, o empresário não se sente confiante ainda para voltar a investir. Nosso papel é promover o Estado”, revela

Medida provisória

Desde o fim de maio, as indústrias instaladas em zonas de processamento de exportação estão dispensadas, durante este ano, de cumprir com a regra estabelecida pela Lei 11.508/2007, que decreta o compromisso de manter, pelo menos, 80% da receita bruta proveniente de exportações.

“Nós vemos isso como uma coisa boa. O empresário brasileiro tem uma cultura de exportação muito baixa em nível mundial. Nós queremos que esses produtos sejam beneficiados para aumentar o valor agregado e aumentar mão de obra. Eu defendo que não deveria existir percentual nenhum, nenhuma cota”, aponta Mário Lima Júnior.

A ZPE do Ceará, atualmente, é a única ZPE em operação no Brasil. Além da White Martins, também estão instaladas na ZPE cearense, a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) e a Phoenix Pecém. As três empresas, em 2019, movimentaram mais de 12 milhões de toneladas de cargas.

Fonte: Diário do Nordeste em 30.07.20

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Vem aí o Ceará Global – O futuro em 360º

Vem aí o Ceará Global – O futuro em 360º

Este ano o Ceará Global 2020 – O futuro em 360º é online e introduz algumas experiências imersivas para mostrar todas as conexões entre o Ceará e o mundo.

Junte-se à melhor reunião e espaço para conversar sobre comércio internacional, atração de investimentos estrangeiros e cooperação internacional.

Ao longo dos três dias de evento online, serão mais de 19 horas de programação com palestrantes e conteúdos para empreendedores que atuam em negócios e cooperação internacional. Os participantes contarão, ainda, com diversas experiências em realidade virtual que mostrarão por dentro como operam os ambientes ligados à internacionalização da economia.

O Ceará Global é uma iniciativa articulada pela Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro (CS COMEX & IE), com a co-realização do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (SEBRAE/CE), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (FECOMÉRCIO/CE), Câmara Brasil Portugal no Ceará (CBPCE), Universidade de Fortaleza (UNIFOR), organização da Prática Eventos e Muvon e tem o Jornal O Povo como media partner.

SERVIÇO:
Ceará Global 2020: o futuro 360º
Dias 25, 26 e 27 de agosto de 2020
INSCRIÇÕES: https://bit.ly/cearaglobal2020
*Óculos VR vendido separadamente.

Fonte: CBPCE em 29/07/20

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Atento aos detalhes, Ceará busca aprimorar relações comerciais com Portugal

Atento aos detalhes, Ceará busca aprimorar relações comerciais com Portugal

Estado quer ampliar ainda mais as interações com o mercado português, que, apesar de ainda representar baixo volume de mercadorias, possui alto valor estratégico para o comércio exterior cearense

Portugal está ainda longe de ser um dos principais parceiros comerciais do Ceará. Tal afirmação é uma realidade, se observados apenas os números “frios” que põem o país da Península Ibérica apenas como 21º colocado no ranking de exportações efetivadas pelo Estado – ou míseros 0,59% do total. No entanto, se as relações entre as partes forem observadas mais de perto, sob outro prisma, há ainda um largo potencial estratégico a ser explorado. E não se está falando apenas de semelhanças culturais ou relativas à língua.

Foram apenas US$ 13,2 milhões transferidos do outro lado do Oceano Atlântico para cá em troca de mercadorias durante o ano de 2019, segundo dados colhidos pelo Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado (Fiec). Se comparado ao quase US$ 1 bilhão exportado para os Estados Unidos, atual líder disparado nessa movimentação (44,9%), de fato, é muito pouco. No detalhe, entretanto, observa-se que a variação em relação ao ano anterior chegou a 102,9% positivos, um crescimento que já vem se sacramentando na série a partir de 2016, ano em que US$ 7.566.834 entraram nos cofres do Estado oriundos de Portugal. Com relação às importações, US$ 6,9 milhões foram negociados em mercadorias oriundas do “Além-Mar” em 2019, num incremento de 47,6% em relação a 2018.

A liderança absoluta entre os produtos comercializados para o país europeu continua sendo a dos combustíveis e óleos minerais e seus subprodutos, que tiveram um incremento de quase 300% nas vendas em 2019 em comparação a 2018. Antes, em 2017, o segmento já atingira a expressiva marca de mais de US$ 14 milhões, ajudando a compor o melhor desempenho das exportações cearenses para Portugal (US$ 21.076.352, no total, à época). Outro setor que se destacou neste intercâmbio, no ano passado, foi o de calçados, seguido pelo de frutas.

Para a gerente do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Fiec, Karina Frota, os números ora modestos – em 2018, o Ceará era apenas o 15º estado brasileiro com maior volume de mercadorias negociadas com Portugal, segundo levantamento do CIN – não devem indicar que o mercado lusitano pode ser, de alguma maneira, desprezado. Pelo contrário:

“O Ceará tem sólidas relações comerciais com Portugal, porém, em termos de valor exportado, o resultado é pouco expressivo. É relevante lembrar que no que se refere aos Investimentos Estrangeiros Diretos, Portugal é um importante parceiro. Iniciar a internacionalização da empresa/negócio por Portugal é uma alternativa inteligente, pois o país lusitano é um dos 27 membros da União Europeia”, comenta ela.

A secretária executiva da Câmara Brasil Portugal no Ceará, Clivânia Teixeira, segue um raciocínio semelhante, indicando uma visão que pode vir a ser vencedora nos anos vindouros. “Sem falar na origem comum, localização geográfica e língua, Portugal e Ceará são entradas atlânticas estratégicas, se considerarmos Portugal como porta de entrada para a União Europeia e Ceará como uma das entradas para o Brasil”, argumenta.

Clivânia Teixeira lembra a importância dos trabalhos realizados pelas câmaras de comércio como “legítimas agentes da diplomacia econômica nos locais em que estão instaladas”, especialmente para manter as relações comerciais entre os países aquecida. “Em 2001, quando surgiu a Câmara Brasil Portugal no Ceará, tínhamos, se muito, umas cinco câmaras portuguesas em funcionamento no Brasil. Hoje, já temos 17 instituições, que fazem parte de uma federação, e 60 Câmaras Portuguesas no mundo distribuídas em mais de 40 mercados”, contabiliza.

Pelo fim dos “clichês”

As semelhanças entre Brasil e Portugal, a começar pela língua e hábitos culturais herdados pela antiga colônia de sua matriz, como não poderia deixar de ser, acabam sendo uma espécie de “clichê” quando se pensa em relações internacionais entre os dois países. Tal visão limitada, de acordo com o diretor de Finanças da Câmara de Comércio Brasil Portugal no Ceará, Raul dos Santos Neto, não deve mais nortear o vai e vem de mercadorias e a prestação de serviços entre as duas nações. “O fato de haver essa semelhança na língua pode acabar sendo uma armadilha, pois muitas vezes a pessoa pensa que montar um negócio em outro país acabe sendo a mesma coisa lá em Portugal, e vice-versa. E não é bem assim que funciona”, assevera, apontando o principal papel dos consulados e câmaras de comércio, consistindo em estreitar mais essas culturas, para que sejam tão alinhadas quanto são as línguas.

“Acredito que a grande dificuldade para os portugueses, ao chegar ao Brasil, seria a de encontrar um canal correto para investir em um país tão complexo em seu ambiente de negócios e de dimensões continentais. Ao longo dos anos, muitos foram enganados, não só no Ceará, mas no Brasil inteiro, se associando a pessoas que não tinham um bom histórico de negócios. Seria interessante que, ao procurar fazer acordos por aqui, o fizessem através dos consulados, câmaras de comércio e indústria, para que os investimentos fossem mais bem sucedidos”, indica Santos, que também é vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef).

Setores com potencial

Segundo Clivânia Teixeira, o Ceará tem focado em algumas áreas que podem alavancar parcerias estratégicas com e a partir de Portugal (para a União Europeia). “Destacamos os setores/atividades de agronegócios, energias renováveis, economia do mar, logística, infraestrutura, agricultura biológica, produtos gourmet, tecnologia (robótica e afins), comunicação e saúde, além de serviços que envolvam a geriatria (saúde, lazer e acompanhamento, etc.) e franchising em várias atividades, entre outros”.

Já Raul dos Santos destaca hotelaria, energias renováveis (ambas de grande porte), serviços de dessalinização e a gastronomia (esta no varejo) como os melhores canais para se estabelecer parcerias comerciais entre os dois países nos próximos anos.

Turismo

O diretor de Finanças da Câmara Brasil Portugal no Ceará também ressalta a força do turismo como elo consistente entre as duas nações. “Temos uma costa com empreendimentos cada vez melhores, com mais infraestrutura. Também destaco a malha aérea, que, hoje, é bem verdade, está prejudicada pela pandemia (do novo coronavírus), mas o retorno das atividades do nosso hub, continuará permitindo que os voos cheguem ao Ceará com mais facilidade, com turistas do mundo todo”, lembra.

“Em se tratando do Ceará, desde que a TAP se instalou e mais recentemente com a instalação do hub aéreo, intensificou-se o fluxo de viajantes. O turismo é uma atividade abrangente que move todas as cadeias produtivas, contribuindo naturalmente para o incremento e verticalização das relações estratégicas e comerciais como um todo, não apenas locais, mas internacionais”.

Semelhanças

“Tanto Brasil como Portugal têm o foco crescente de estimular os pequenos negócios a partir dos programas de incentivos e investimentos para este setor, relação operacionalizada em Portugal pelo IAPMEI (Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação daquele país) e no Brasil pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). Portugal vem se destacando nos últimos anos como um dos países mais seguros para se viver, desenvolvendo não apenas políticas promocionais de fomento ao turismo, como incentivos à atração de novos negócios a partir de fundos de investimentos”, compara Clivânia Teixeira.

Mudanças e aprimoramentos

Na opinião de Santos Neto, as diferenças culturais – e até comportamentais – entre os consumidores dos dois países devem estar sempre no campo de visão dos empresários que queiram reforçar os acordos comerciais com a nação co-irmã. “O português tem um consumo bem mais consciente. Ou seja, tem a cultura de ir ao supermercado e comprar só o que precisa, ao contrário do brasileiro, que em regra gosta de encher o carrinho de compras. Enquanto o português só adquire uma roupa nova quando a antiga já não lhe serve mais, o brasileiro compra muito mais guiado pela moda. Um cumpre suas próprias tarefas dentro de casa, dispensando a contratação de empregados, o outro tem esse hábito de possuir alguém para lhe servir. E isso reflete bastante no mundo dos negócios”, exemplifica o dirigente.

Clivânia Teixeira, por sua vez, indica uma atenção especial às importações como outra orientação estratégica na relação Ceará-Portugal. “É (preciso) ampliar e organizar a cooperação entre os players que atuam nas relações internacionais do Estado. Além disso, devemos lembrar que comércio exterior é via de mão dupla, ou seja, há que se acolher a importação para gerar relacionamento e reciprocidade”, recomenda, ressaltando a necessidade de uma manutenção de políticas constantes de atração de investimento, “cuidando de fatores preponderantes como infraestrutura e segurança jurídica, bem como todo o fluxo de atividades relacionado à movimentação de mercadoria”, complementa a secretária executiva da Câmara Brasil Portugal no Ceará.

Fonte: Trends CE em 29/07/20

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Porto do Pecém bate recorde de embarque de placas de aço em 24h

Porto do Pecém bate recorde de embarque de placas de aço em 24h

Terminal atingiu a marca de mais de 34 mil toneladas de placas embarcadas em um único dia, o que traduz em aumento da produtividade do porto. Movimentação da carga avançou 25,6% na passagem de maio para junho

O Porto do Pecém (CE) alcançou um novo recorde na operação de embarque de placas de aço. Com o material produzido pela Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), o terminal movimentou 34.169 toneladas da carga em 24 horas. No último sábado (18), a embarcação Mv Tong Da desatracou do Pecém em direção à China, carregado pelas placas, aonde deve chegar dia 25 de agosto.

Segundo Waldir Sampaio, diretor executivo de operações do Complexo do Pecém, a marca sinaliza a superação da capacidade operacional do Porto, tendo em vista que o contrato prevê o transporte de 10 a 12 mil toneladas de placas por dia. No próximo mês de agosto, acrescenta Sampaio, o Porto do Pecém completa quatro anos de trabalho com a exportação das placas feitas na CSP.

O recorde envolveu duas prestadoras de serviço operacionais do Porto: Tecer Terminais e a Unilink Transportes Integrados. Para Carlos Alberto Nunes, gerente comercial da Tecer, a marca demonstra que, com esse aumento de produtividade, há melhor uso da estrutura portuária.

“Quanto você aumenta seus níveis de produção, pressiona menos essa estrutura. Facilita pra empresa que embarca o navio, disponibiliza menos equipamentos e, para o Porto do Pecém, maximiza a disponibilidade de berço para outros clientes (embarcações)”, explica Nunes. Ele observa como esse movimento influencia na articulação do número de instalações portuárias.

“Questão da produtividade nos portos é importante por isso”, reforça. Nunes coloca que outros dois fatores influenciaram no alcance da marca: articulação na negociação do plano de transporte e o navio era do tipo “box” – com menor necessidade de trabalho de manuseio dentro da embarcação.

A movimentação específica desse tipo de carga cresceu 25,6%, de maio para junho, segundo levantamento divulgado pelo Porto do Pecém. “A Siderúrgica deu uma queda pequena de produção, de março pra abril, retomou em maio, e em junho voltou com a carga total – vimos por esse aumento com as placas”, contextualiza Waldir Sampaio.

Pandemia

Diante dos efeitos da crise do novo coronavírus, Sampaio não nega que o Porto tenha sido afetado pela crise, mas reforça que as operações “seguem normalmente”. O diretor situa que o equipamento é “indispensável para o Governo do Estado” no abastecimento de alimentos, medicamentos e produtos hospitalares, dentre outras cargas.

“O Porto do Pecém não parou em nenhum momento nessa pandemia. Não poderíamos prejudicar o abastecimento do Estado. Fomos afetados sim, já que quando uma fábrica para de produzir, os portos e aeroportos, que movimentam as cargas, também sofrem com a queda”, esclarece.

Fonte: Diário do Nordeste em 21.07.20

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Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Os números das transações internacionais do Ceará no primeiro semestre de 2020 disponibilizados pelo Ministério da Economia trazem detalhes importantes, para além da esperada redução das transações internacionais durante o período da COVID-19.

Como escrevi em outra ocasião, as crises são oportunidades para se sair da zona de conforto e se perceber que setores que até há poucos anos não tinham expressão na nossa pauta de transações internacionais, estão sendo revelados.

Em resumo, neste primeiro semestre, as exportações cearenses retraíram 15%, as importações cresceram 9.9% e, somadas, geraram um déficit de US$ 255 milhões. Essa realidade nos faz retornar aos números de 2017, quando o Ceará exportou cerca de US$ 965 milhões e importou US$ 1,11 bilhões.

Para deixar bem claro que esse resultado precisa ser contextualizado, é bom lembrar que há 7 anos atrás precisávamos de um ano inteiro para alcançar esses mesmos números que produzimos em seis meses. A evolução é expressiva!

Mas há algumas mudanças que precisam ser salientadas. Por exemplo, as fatias detidas pelos principais parceiros comerciais do Ceará mudaram um pouco este ano em comparação aos anos anteriores. Os EUA continuam sendo responsáveis por cerca de 1/3 das trocas internacionais cearenses. Mas a China, que representava 10% no ano passado, saltou para 16%, aumentando a sua participação na fatia do bolo, permanecendo o segundo principal parceiro comercial do estado.

Por sua vez, olhando apenas as exportações, alguns detalhes a serem observados: em comparação ao mesmo período do ano passado, o Ceará reduziu suas vendas para os EUA (-27%), México (-53%), Holanda (-12%) e Coreia do Sul (-31%). Contudo, as vendas externas cresceram para China (397%), Canadá (262%) e, para a Turquia e a Bélgica, superaram um crescimento de mais de 1.000% cada.

Definitivamente, os produtos semiacabados de ferro ou aço são a principal fonte de divisas externas. Em menos de 4 anos a Companhia Siderúrgica do Pecém tornou o Ceará o segundo maior exportador brasileiro desse item da pauta de exportação, deixando no estado atrás apenas do Rio de Janeiro.

Sozinha, essa indústria, que ocupa a 13ª posição das exportações totais do Brasil, é a 1ª do Ceará e equivale a 54% de tudo o que o estado vende para o exterior. Em outras palavras, a cada US$ 100,00 que o Brasil recebe com a venda desses produtos, US$ 29,00 vão para o Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante ou, com outras palavras também oportunas, quase 30% das exportações brasileiras desse produto saem da Zona de Processamento de Exportações do Ceará. Não é à toa que a ZPE cearense é o exemplo mais bem sucedido dessa plataforma, em território brasileiro. Nesse contexto, é importante relembrar também que a planta siderúrgica foi concebida originalmente para permitir a duplicação da sua capacidade produtiva.

Além da siderurgia, as indústrias de calçados, de geradores elétricos giratórios e frutas completam o paretos cearense. Juntas, representam quase 80% do que o Ceará vende. Destas, um destaque positivo para as frutas frescas que foi o único produto representativo da pauta exportadora que cresceu em relação ao mesmo período de 2019: exatos 10,6%.

Dentre os demais produtos exportados, uma menção aos minérios vendidos pelo Ceará. O estado quase triplicou os embarques de outros minérios e concentrados dos metais de base.

A importação, por sua vez, foi dominada no primeiro semestre por combustíveis e trigo, descarregados no Porto do Mucuripe e carvão, descarregado no Porto do Pecém e que é a matéria prima destinada a abastecer o processo produtivo da Siderúrgica, mas também das termoelétricas localizadas naquele complexo e que, juntas, têm um papel relevante no abastecimento de energia na região nordeste. Os três produtos representam cerca de 37% de tudo o que o estado importa.

Uma visão geral na lista de produtos que compõem as exportações e importações cearenses, revela que a pauta importadora do Ceará é bem mais diversificada que a sua pauta exportadora e possui uma menor concentração de atores. Talvez por isso, não sofreu tanto como as exportações sofreram.

Finalmente, um destaque para as oportunidades que existem na formação de novos clusters no Ceará. O primeiro, ligados às energias renováveis, em face do parque existente e potencial eólico e solar na área de abrangência da cidade de Fortaleza, que é considerada pelo IBGE como metrópole de influência regional. A essa região metropolitana estão conectados parte dos estados do Rio Grande Norte, Piauí e Maranhão e uma população de cerca de 21 milhões de pessoas.

Além da indústria relacionado às energias renováveis, destaco ainda a pesca e a fruticultura. Juntos, considero que são importantes indústrias desse novo Ceará.

*Advogado, vice-presidente da Federação de Câmaras de Comércio Exterior e Ex-Presidente do Conselho de Relações Internacionais da FIEC e do Conselho Setorial de Comercio Exterior e Investimento Estrangeiro da ADECE/Ceará e 3 vice-presidente de relações institucionais da CBPCE

Fonte: TrendsCE em 14.07.20

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Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

De um estado que vinha crescendo, nos últimos 15 anos, cerca de 0,6% acima da média do PIB nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que disponha de boas ferramentas para buscar superar uma grave crise econômica como a atual, ampliada sobremaneira pela pandemia do novo coronavírus. Pelo menos essa é a aposta do Executivo cearense, fundamentada nos investimentos feitos em sua chamada “trinca de Hubs”.

A posição geográfica privilegiada abriu espaço para a consolidação dos hubs aéreo, marítimo e tecnológico, materializados nos centros de conexões aéreo da Air France/KLM/GOL e portuário CIPP/Porto de Roterdã, e no data center AngoNAP Fortaleza, respectivamente. Mas, afinal, como ficaram as atividades desenvolvidas nessas três frentes e quais as perspectivas para um futuro próximo, no pós-pandemia?

A TrendsCE ouviu especialistas nas respectivas áreas e buscou informações junto às secretarias estaduais e diversos atores do mercado para tentar traçar o cenário que teve de ser redesenhado nos últimos meses para os setores envolvidos. O panorama, em geral, é otimista, mas praticamente todas as fontes entrevistadas alertam para um longo caminho à frente, de esforço e perseverança, visando a recuperação do patamar anterior dos trabalhos.

Aéreo

Dois a três anos, caso a vacina para o coronavírus não seja descoberta. Essa é a previsão mais realista das fontes ouvidas pela reportagem para uma volta à normalidade do trade turístico no Estado e, consequentemente, do hub aéreo estadual.

Tendo em perspectiva a queda abrupta da movimentação registrada, por exemplo, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, que, após registrar mais de 53 mil passageiros advindos do exterior em janeiro, recebeu apenas nove usuários internacionais em todo o mês de maio, a retomada no hub aéreo cearense e, consequentemente, no trade turístico, será inevitavelmente lenta. Um exemplo disso é que, na primeira semana de julho, a Air France/KLM, que anteriormente fixara a data em 8 deste mês para a volta das operações na capital cearense, informou ainda não ter um calendário estabelecido para o retorno dos voos internacionais para o Ceará.

Os entrevistados apontam que, além da necessidade de total segurança, a readequação motivada por alterações de protocolo e até novos hábitos adquiridos durante o período de isolamento social podem deixar todo o processo mais moroso.

“Tudo ainda é muito incerto, mas podemos fazer um exercício prospectivo com base no que ocorre hoje na Europa e na Ásia. Retomaremos os voos, contudo não retomaremos patamares anteriores em dois ou três anos, pois há mudanças de hábito para as quais ainda não sabemos qual será o impacto em voos para fins de negócios”, avalia Gildemir da Silva, pesquisador em Economia dos Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), citando como exemplo as videoconferências, recurso que teve grande aceitação durante a quarentena e passou a ser alternativa para os deslocamentos a trabalho.

O docente projeta ainda que novos protocolos de distanciamento social, readequação das aeronaves – necessárias em uma indústria projetada para altas densidades – e um maior número de demandas sazonais – mais pessoas deixando para viajar apenas nas férias, por exemplo – devem provocar novas altas nos preços das passagens.


A prudência também está evidenciada no discurso do secretário do Turismo, Arialdo Pinho, que igualmente calcula em dois ou três anos o intervalo necessário para a total normalização das operações.

“Se conseguirem desenvolver uma vacina eficaz, esse período deve diminuir para um ano. Isso porque as companhias aéreas precisarão se adequar e, com certeza, isso trará mais custos”, acrescenta o titular da pasta.

“Estamos estabelecendo uma série de protocolos para que o visitante se sinta tranquilo e que possamos conquistar o status de destino seguro”, garante Pinho.

“Segurança” é outra palavra que estabelece um norte para os trabalhos da Fraport, dona da concessão do Aeroporto Pinto Martins, para que a normalidade seja retomada o quanto antes no terminal. “Seguimos rigorosamente as recomendações das autoridades de saúde e as medidas neste sentido já foram implementadas”, diz Andreea Pal, presidente da empresa no Brasil, citando ações como a cuidadosa desinfecção das áreas, feita em conjunto com o Exército, uma rotina intensificada de higienização, especialmente em banheiros, corrimãos, assentos e elevadores e a orientação constante com avisos sonoros de todo o equipamento.

Tais mudanças de rotina serão imprescindíveis num panorama que aponta uma queda de 91% na procura por voos domésticos em maio, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em comparação com o mesmo período de 2019. Com relação a voos internacionais, a redução foi de 97%.

“As companhias aéreas também implementaram medidas para manter o distanciamento durante o embarque e desembarque e, além disso, é muito importante ressaltar que a cada 3 minutos, 99,7% das partículas do ar que circula nas cabines das aeronaves são filtradas, por meio de um sistema chamado filtro de ar HEPA, que evita a disseminação do Coronavírus durante as viagens. Sendo assim, viajar de avião é muito mais seguro do que de ônibus ou permanecer em um ambiente com pouca ventilação. Estamos prontos para oferecer um ambiente limpo e seguro a todos”.

Andreea Paal, presidente da Fraport no Brasil

Marítimo

Se o termo segurança é palavra-chave para alcançar uma consistência nas operações do hub aéreo cearense no pós-pandemia, pode vir a ser um dos grandes trunfos no equivalente marítimo, representado pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), quando o “vendaval” provocado pela crise, enfim, for debelado. Esse “Ás” na manga, para Igor Pontes, PhD em Logística e professor da Faculdade CDL, é proporcionado por sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

“O Porto do Pecém já é uma infraestrutura logística consolidada. Os dados de crescimento do CIPP, tanto de carga contêinerizada como carga geral, corroboram essa assertiva. O impacto da pandemia não será diretamente no porto, mas na economia mundial e mais severamente no Brasil. Por outro lado, possuir uma ZPE garante ao CIPP um certo grau de segurança econômica. Isso porque as empresas que ali estão têm a produção voltada para o mercado internacional, como é o caso da siderurgia da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém). Nesse contexto, também destacam-se as operações de pás eólicas, que, apesar de não estarem na ZPE, grande parte de sua produção é escoada pelo Porto”.

O professor, entretanto, se diz cético em relação aos rumos da economia brasileira, por esta se ressentir da falta de um “grande pacto nacional para a retomada”, especialmente no atual cenário de incertezas imposto pela crise política e econômica.

“O País precisa de diretrizes claras, metas, apoio financeiro, envolvendo todos os entes da federação e as classes empresariais em prol de um crescimento sustentável”, diz, para em seguida acrescentar: “O tom do discurso sobre os temas de políticas sociais, ambientais e das relações exteriores tem provocado o isolacionismo do Brasil no cenário internacional e, consequentemente, se reverterá em inversões de IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) cada vez menores, como tem sinalizado claramente a comunidade europeia”.

Não obstante reconheça o esforço do Ministério da Infraestrutura, Pontes afirma que o Brasil se ressente da ausência de um plano nacional de longo prazo para a construção de um sistema de transporte logístico “adaptado às vocações regionais e ainda de um esforço de integração intra-regional e inter-regional”.

“A engenharia financeira do Ministério (da Infraestrutura) é pautada, sobretudo, na atração de capitais, seja através de concessões ou de antecipação de outorgas. A questão que se coloca é se será através desse modelo que o País diminuirá seu déficit de infraestrutura. A resposta até poderá ser positiva. Contudo, emerge uma segunda pergunta mais complexa: essa ‘nova’ infraestrutura delegada à iniciativa privada apoiará o desenvolvimento do País ou simplesmente respeitará a lógica mercantil do lucro? Não é uma pergunta simples, tanto que os maiores portos do mundo mantêm suas autoridades portuárias sob a tutela do Estado”.

Igor Pontes, PhD em Logística

Por conta disso, para Pontes, o hub marítimo do Pecém enfrentará dois tipos de concorrência: uma dos portos da Região Nordeste, sobretudo, Suape e Itaqui, e uma disputa cada vez mais acirrada no próprio Estado com a profissionalização da Companhia Docas.

Para a gestão do hub marítimo instalado no município de São Gonçalo do Amarante, a cautela é palavra de ordem na retomada, conforme atesta a análise do presidente do Complexo, Danilo Serpa:

“Estamos estudando muitos cenários nesse momento. De acordo com projeções e análises que estamos fazendo, com base nas informações dos nossos clientes e parceiros, temos a certeza que sentiremos algum tipo de impacto no primeiro semestre e, provavelmente, no segundo. Desde abril, a produção mundial de bens e mercadorias começou a ser afetada de forma mais severa, inclusive forçando a indústria a reduzir ou até mesmo suspender suas atividades, decretando férias coletivas e adotando outras ações que certamente afetarão diretamente a movimentação portuária do Pecém e de outros portos espalhados pelo mundo. Precisamos ser cautelosos nesse momento”.

Danilo Serpa, presidente do CIPP

Contudo, passada a hora mais crítica da pandemia, para o dirigente, o momento é de mirar para o futuro, e isso passa indubitavelmente pelas obras de infraestrutura, que poderão garantir a boa operacionalidade do terminal.

“Hoje estamos com todas as obras em andamento. E nossa expectativa é que o governador Camilo Santana possa inaugurar, após essa pandemia, a nossa segunda expansão para elevar a capacidade operacional do Pecém. Teremos o décimo berço de atracação; uma segunda ponte de acesso aos píeres; além de um novo portão conectado à rodovia das placas, que também será inaugurada para ligar diretamente o porto à CSP”, descreve.

Tecnológico

Para completar a trinca estratégica, a gestão estadual conta com o hub tecnológico. E sua proposta elementar segue sendo manter o Ceará bem conectado com o mundo, mesmo durante a pandemia. Com base no Data Center AngoNAP, inaugurado em 2019 basicamente para tentar consolidar a atração de novas empresas tecnológicas no Estado, os trabalhos voltados para a transformação digital, que há anos já vêm se concretizando, não foram paralisados. Pelo contrário.

É o que afirma presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa. Nos últimos três meses, ele informa que a presença do hub conseguiu atrair escritórios de corporações como AWS (Amazon), Google, Microsoft, Oracle e IBM. “Ou seja, atraímos o Top 5 da indústria ocidental de computação em nuvem. Esses cinco grandes provedores estão atuando no Estado através de suas empresas parceiras. Hoje, já passam de 20 as parcerias nesse hub tecnológico, com empresas daqui do Ceará, como Lanlink, Mob e BSPAR, e outras que ainda estão vindo, de Brasília, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Então, apesar da pandemia, estamos de vento em popa na construção dessa iniciativa”, propaga Pessoa.

De forma semelhante, para a advogada e coordenadora do setor de Startups e Direito Digital no escritório Albuquerque Pinto Advogados, Mariana Zonari, o que vem por aí pode ser considerado alvissareiro, com as dificuldades abrindo novos caminhos.

“Entendo que esse baque na economia local, provocado pela pandemia do coronavírus, que ninguém estava esperando, traz muito mais oportunidades que ameaças. Tem virado clichê, mas não deixa de ser verdade: a gente acelerou exponencialmente nosso processo de transformação digital, seja no público ou no privado. Vivemos 50 anos em três meses. Por exemplo, discutíamos há anos e anos a telemedicina. Do dia para a noite, virou algo extremamente necessário e foi regulamentado. Havia uma tendência ao trabalho remoto e a discussão vinha se arrastando, mas este também acabou implementado”, cita Zonari, que também é gestora de Inovação Jurídica do Íris (Laboratório de Inovação e Dados do Estado).

Enquanto muitos negócios conseguiram tornar a crise de certa forma oportuna, outros amargaram a dura realidade de constatar que o despreparo para situações emergenciais, como a que a economia mundial teve de lidar agora, pode mesmo ser fatal para a vida de uma empresa na terceira década do Século XXI. “Foi uma situação vivida não só no Ceará como no mundo inteiro e fez com que novos e pequenos negócios tivessem um boom. Fez, sim, com que outros fechassem ou estivessem prestes a fechar suas portas, mas não podemos levar isso como algo extremamente negativo. Isso porque as empresas que não conseguirem se adaptar aos novos modelos de negócio, às novas tecnologias e a esse movimento de transformação digital vão dar espaço às que estejam antenadas e conectadas com esse movimento”, expõe.

Para Pessoa, a visão pragmática, porém positiva do futuro, já implementada no presente, é uma consequência premente dos esforços empreendidos no hub. “Não podemos ser como um otimista sonhador, nem o pessimista que nos torna incapaz de gerar mudanças. Prefiro apontar para um cenário realista com aspectos de um pensamento positivo. A Etice tem mantido sua missão de prover soluções para o setor público, em especial para o Governo do Estado, que é nosso principal cliente”, assinala o gestor.

“Mantivemos as ações de expansão de estrutura do nosso Cinturão Digital, continuamos, mesmo nesse ambiente de pandemia, fazendo conexões de escolas e de unidades de saúde, como o próprio (Hospital) Leonardo Da Vinci, que foi conectado ao Cinturão Digital, nos últimos dois meses mais de 30 escolas foram conectadas, ou seja, mantivemos nosso ritmo de expansão da estrutura de conectividade”

Adalberto Pessoa, presidente da Etice

Outra novidade que tem relação direta com o hub tecnológico cearense prevista para o pós-pandemia é um aplicativo, desenvolvido pelo Íris, chamado Ceará App, que teve seu lançamento em maio de 2020, com o apoio da Secretaria da Saúde (Sesa), voltado apenas ao combate ao coronavírus e terá sua atuação ampliada em breve. “Será a porta de entrada para todos os serviços públicos do Estado, um portal único de serviços, e isso será de extrema importância também na retomada”, assegura Zonari.

Fonte: TrendsCE em 15.07.20

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Movimentação no Porto de Fortaleza cresce 9% no 1º semestre, apesar da pandemia

Movimentação no Porto de Fortaleza cresce 9% no 1º semestre, apesar da pandemia

Os granéis sólidos foram responsáveis pela alta, enquanto os granéis líquidos se mantiveram praticamente estáveis.

Mesmo no cenário econômico abalado pela pandemia da Covid-19 no primeiro semestre deste ano, o Porto de Fortaleza registrou crescimento de 9% na movimentação de cargas, quando comparado ao mesmo período do ano passado.

A alta foi puxada pelos produtos: trigo, escória, clínquer, manganês, magnésio, vergalhão, tarugo de aço e os derivados de petróleo. As 2,34 milhões de toneladas registradas até o momento, representam 53% de tudo o que foi movimentado em 2019 (4,4 milhões de toneladas).

Granéis

Os granéis sólidos cresceram 19% em junho comparado ao mesmo mês de 2019, passando de 909.195t para 1.080.406t. Com o segundo melhor desempenho, aparece a carga geral, registrando aumento de 10,5%, (+20.459t). Os granéis líquidos se mantiveram praticamente estáveis, passando de 1.030.956 toneladas para 1.041 toneladas.

De acordo com a diretora-presidente da Companhia Docas do Ceará, Mayhara Chaves, o crescimento contínuo do granel sólido neste ano possibilitou igualar a movimentação de granel líquido de 2019, que liderou o volume de cargas do ano anterior.

De janeiro a junho deste ano, os granéis sólidos responderam por 46% da movimentação total e os granéis líquidos por 45%. No mesmo período ano passado, respectivamente, foram 43% e 48%. A carga geral se manteve estável em 9%.

“A movimentação eficiente dos granéis sólidos está consolidando essa carga no Porto de Fortaleza, que só não foi maior devido à pandemia da Covid-19. Em relação aos granéis líquidos, o período de isolamento social iniciado em março deu uma freada no consumo, que agora já está voltando próximo da normalidade e em breve teremos um desempenho melhor desta carga” Mayhara Chaves (diretora-presidente da CDC).

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Fonte: Diário do Nordeste em 08.07.20

Porto cearense é o primeiro do Brasil a fazer parte da rede Green Award

Porto cearense é o primeiro do Brasil a fazer parte da rede Green Award

São Gonçalo do Amarante – CE. No Dia Mundial do Meio Ambiente de 2020, o Porto do Pecém ingressou na rede Green Award, como Fornecedor de Incentivos ao decidir recompensar navios certificados pela Fundação Green Award, com sede em Roterdã, na Holanda. Para marcar a iniciativa foi realizada, no fim da manhã do dia 5 de junho, uma cerimônia virtual cruzando as fronteiras da América Latina e Europa com a participação de representantes do Porto do Pecém e da Fundação Green Award.

O porto cearense se tornou, assim, o primeiro terminal portuário do Brasil a fazer parte da rede Green Award. Com o objetivo de proteger a comunidade local e o ambiente marinho, o porto passa a fortalecer o apoio e a promoção contínua de movimentações mais seguras e limpas, usando o Green Award como ferramenta. O porto passa a oferecer até 10% de desconto na taxa de utilização das instalações de atracação para os navios que possuem um certificado de navio Green Award.

O Green Award é uma plataforma para promover segurança, qualidade e desempenho ambiental no transporte, facilitando uma rede de fornecedores de incentivos com uma ampla gama de benefícios para os titulares de certificados. Os detentores de certificados do Green Award podem demonstrar que estão acima e além dos padrões internacionais e do excelente compromisso com a segurança e o meio ambiente por meio da melhoria contínua.

“O porto de Pecém é o primeiro do Brasil a ingressar no Green Award como fornecedor de incentivos. O Brasil é o maior país da América do Sul em população e tem um enorme impacto no comércio global por enquanto e ainda mais no futuro. O ingresso do Pecém no Green Award mostra seu compromisso de apoiar a melhoria contínua na segurança de movimentações portuárias, proteção ambiental e proteção de tripulantes. Todos esses tópicos são mais importantes do que nunca no presente momento e precisamos resolver isso juntos. Desde o alcance global do Ceará, Brasil e Green Award, acreditamos que podemos causar um impacto”, afirma Jan Fransen, diretor executivo da Green Award Foundation.

A conquista reforça um compromisso do Porto do Pecém com o meio ambiente. No ano passado, o terminal cearense saltou cinco posições e chegou ao 4° lugar no Índice de Desempenho Ambiental (IDA) – referente ao ano de 2018. O resultado foi apresentado pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), em Brasília. O IDA, que é referência no setor portuário, é composto por 38 indicadores relacionados a conformidades legais vigentes no Brasil e boas práticas em gestão ambiental, saúde e segurança de operações.

“O Pecém gostaria de incentivar as linhas de navegação a investir cada vez mais em navios sustentáveis, bem como incentivar outros portos brasileiros a oferecer incentivos semelhantes e a participar da rede Green Award, para que juntos, possamos ter um impacto positivo maior no transporte aquático sustentável ”, declara Duna Uribe, diretora executiva comercial do Porto de Pecém.

O Dia Mundial do Meio Ambiente nesse ano teve como tema escolhido pela ONU a Biodiversidade para 2020. Muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU estão relacionados a este tema, enquanto o programa de certificação de navios do Green Award também estão relacionados com os 12 Objetivos que promovem o Desenvolvimento Sustentável nos transportes marítimos.

Complexo do Pecém
O Complexo do Pecém concentra uma Área Industrial, o Porto do Pecém e a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) Ceará – a única em atividade hoje no Brasil. O Complexo do Pecém é uma joint venture formada pelo Governo do Estado do Ceará (70%) e pelo Porto de Roterdã (30%). A sociedade com um player global representa a otimização das operações e a possibilidade de atração de novos investimentos, inclusive investimentos estrangeiros.

O Pecém, enquanto complexo industrial e portuário está estrategicamente localizado no nordeste do Brasil, na “esquina do atlântico”. Localizado a cerca de 50 Km de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, o terminal atende a um mercado de aproximadamente 56 milhões de pessoas, conectando-se aos mercados dos EUA, Europa, Oriente Médio e Ásia. Em 2019, movimentou 18,1 milhões de toneladas de carga.

Fundação Green Award
A Green Award Foundation certifica petroleiros marítimos e químicos, navios graneleiros, navios GNL e GLP, navios porta-contêineres, navios offshore, RoRo, barcaças de navegação interior e navios fluviais. Seus critérios de avaliação abrangem aspectos ambientais, de qualidade e segurança, e desempenho da gerência e da tripulação. Com essa abordagem abrangente e uma equipe diversificada de especialistas do setor que apoiam o esquema, o Green Award garante a qualidade de suas auditorias e o valor real de seu certificado.

Com mais de 145 portos e outras organizações relacionadas ao setor marítimo que oferecem descontos para empresas e navios certificados, a iniciativa motiva os armadores e gerentes a investir nas melhorias a bordo e em terra e serve como uma ferramenta confiável de Responsabilidade Social Corporativa e redução de risco para as companhias de navegação participantes, portos e prestadores de serviços marítimos.

Mais informações
Complexo do Pecém: www.complexodopecem.com.br
Green Award: www.greenaward.org

Fonte: Agência Eco Nordeste em 10.06.2020