Edição 2020 do Ceará Global debate negócios internacionais, atração de investimentos estrangeiros e cooperação internacional

Edição 2020 do Ceará Global debate negócios internacionais, atração de investimentos estrangeiros e cooperação internacional

O evento deste ano acontece em formato especial, pela internet. Nos dias 25, 26 e 27 de agosto os participantes terão diferentes canais temáticos para acompanhar a programação que se desenvolverá sobre um mapa virtual da Região Metropolitana de Fortaleza e dos prédios e locais mais importantes para os negócios internacionais do Ceará

O Ceará tem investido nas últimas décadas para garantir uma posição de destaque no processo de desenvolvimento econômico regional e nacional. Diferenciais como a localização estratégica, educação pública, equilíbrio fiscal, os investimentos em infraestrutura, e as recentes conquistas dos hubs (portuário, aéreo e tecnológico) têm ajudado a desenvolver o estado, através da abertura de novos negócios e da geração de mais empregos.

Atento a esta realidade, o Ceará Global, principal evento voltado para a internacionalização da economia do Ceará, chega à quarta edição entre os dias 25, 26 e 27 de agosto, com o tema: O Futuro em 360º. Este ano, o evento ganha edição especial e, pela primeira vez, ocorre de forma online, por meio de plataformas de streaming. Por meio de transmissões virtuais, os participantes terão acesso a palestras, cases e workshops sobre os principais temas que envolvem o comércio exterior e o investimento estrangeiro no estado.

A Presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da ADECE e coordenadora do Núcleo de Práticas em Comércio Exterior (Nupex) da Unifor, Mônica Luz, explica que o Ceará Global surgiu para dar visibilidade aos esforços do estado na elaboração de sua política de internacionalização. “O Ceará conta com uma localização geográfica estratégica e uma excelente infraestrutura portuária e aeroportuária, além de uma rede de fibra ótica que conecta o Brasil ao mundo, e toda essa ambiência traz otimismo e novas perspectivas econômicas”, reforça.

Diferencial
Este ano, o evento será totalmente online, possibilitando uma imersão total através de uma plataforma integrada, levando novidades e experiências para mostrar as conexões que existem entre o Ceará e o mundo. A expectativa dos organizadores é alcançar uma audiência superior a 10 mil participantes durante toda a programação. Segundo Rômulo Soares, um dos idealizadores do movimento Ceará Global em 2016, “a edição deste ano faz referência à necessidade de olharmos em 360º antes de escolher caminhos. Além disso, a idéia de levar o mapa da Região Metropolitana de Fortaleza para o mundo virtual será uma forma de mostrar como a cidade se tornou uma das mais importantes metrópoles de influência regional do Nordeste”.

Ao longo dos três dias de evento online, serão mais de 19 horas de programação com palestrantes e conteúdos para empreendedores que atuam em negócios e cooperação internacional. Os participantes contarão, ainda, com diversas experiências em realidade virtual que mostrarão por dentro como operam os ambientes ligados à internacionalização da economia.

Mônica enfatiza como o público irá vivenciar uma agenda imersiva ligada aos negócios internacionais. “Recriamos na internet um mapa interativo com as principais entidades que atuam em negócios internacionais no Estado do Ceará. O evento acontecerá virtualmente dentro de cada uma delas e dividimos, em cada um desses prédios, a programação do evento pelo perfil dos participantes e seus interesses”, aponta. Outro destaque será a realização de um Hackaton, evento que acontecerá nos mesmos três dias com o objetivo de reunir pessoas de negócios, desenvolvimento e designers para apresentar soluções inovadoras para a internacionalização de pequenos e médios negócios.

O Ceará Global é uma iniciativa articulada pela Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro (CS COMEX & IE), com a co-realização do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (SEBRAE/CE), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (FECOMÉRCIO/CE), Câmara Brasil Portugal, Universidade de Fortaleza (UNIFOR), organização da Prática Eventos e Muvon e tem o Jornal O Povo como media partner.

SERVIÇO:
Ceará Global 2020: o futuro 360º
Dias 25, 26 e 27 de agosto de 2020
INSCRIÇÕES: https://bit.ly/cearaglobal2020

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Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Os números das transações internacionais do Ceará no primeiro semestre de 2020 disponibilizados pelo Ministério da Economia trazem detalhes importantes, para além da esperada redução das transações internacionais durante o período da COVID-19.

Como escrevi em outra ocasião, as crises são oportunidades para se sair da zona de conforto e se perceber que setores que até há poucos anos não tinham expressão na nossa pauta de transações internacionais, estão sendo revelados.

Em resumo, neste primeiro semestre, as exportações cearenses retraíram 15%, as importações cresceram 9.9% e, somadas, geraram um déficit de US$ 255 milhões. Essa realidade nos faz retornar aos números de 2017, quando o Ceará exportou cerca de US$ 965 milhões e importou US$ 1,11 bilhões.

Para deixar bem claro que esse resultado precisa ser contextualizado, é bom lembrar que há 7 anos atrás precisávamos de um ano inteiro para alcançar esses mesmos números que produzimos em seis meses. A evolução é expressiva!

Mas há algumas mudanças que precisam ser salientadas. Por exemplo, as fatias detidas pelos principais parceiros comerciais do Ceará mudaram um pouco este ano em comparação aos anos anteriores. Os EUA continuam sendo responsáveis por cerca de 1/3 das trocas internacionais cearenses. Mas a China, que representava 10% no ano passado, saltou para 16%, aumentando a sua participação na fatia do bolo, permanecendo o segundo principal parceiro comercial do estado.

Por sua vez, olhando apenas as exportações, alguns detalhes a serem observados: em comparação ao mesmo período do ano passado, o Ceará reduziu suas vendas para os EUA (-27%), México (-53%), Holanda (-12%) e Coreia do Sul (-31%). Contudo, as vendas externas cresceram para China (397%), Canadá (262%) e, para a Turquia e a Bélgica, superaram um crescimento de mais de 1.000% cada.

Definitivamente, os produtos semiacabados de ferro ou aço são a principal fonte de divisas externas. Em menos de 4 anos a Companhia Siderúrgica do Pecém tornou o Ceará o segundo maior exportador brasileiro desse item da pauta de exportação, deixando no estado atrás apenas do Rio de Janeiro.

Sozinha, essa indústria, que ocupa a 13ª posição das exportações totais do Brasil, é a 1ª do Ceará e equivale a 54% de tudo o que o estado vende para o exterior. Em outras palavras, a cada US$ 100,00 que o Brasil recebe com a venda desses produtos, US$ 29,00 vão para o Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante ou, com outras palavras também oportunas, quase 30% das exportações brasileiras desse produto saem da Zona de Processamento de Exportações do Ceará. Não é à toa que a ZPE cearense é o exemplo mais bem sucedido dessa plataforma, em território brasileiro. Nesse contexto, é importante relembrar também que a planta siderúrgica foi concebida originalmente para permitir a duplicação da sua capacidade produtiva.

Além da siderurgia, as indústrias de calçados, de geradores elétricos giratórios e frutas completam o paretos cearense. Juntas, representam quase 80% do que o Ceará vende. Destas, um destaque positivo para as frutas frescas que foi o único produto representativo da pauta exportadora que cresceu em relação ao mesmo período de 2019: exatos 10,6%.

Dentre os demais produtos exportados, uma menção aos minérios vendidos pelo Ceará. O estado quase triplicou os embarques de outros minérios e concentrados dos metais de base.

A importação, por sua vez, foi dominada no primeiro semestre por combustíveis e trigo, descarregados no Porto do Mucuripe e carvão, descarregado no Porto do Pecém e que é a matéria prima destinada a abastecer o processo produtivo da Siderúrgica, mas também das termoelétricas localizadas naquele complexo e que, juntas, têm um papel relevante no abastecimento de energia na região nordeste. Os três produtos representam cerca de 37% de tudo o que o estado importa.

Uma visão geral na lista de produtos que compõem as exportações e importações cearenses, revela que a pauta importadora do Ceará é bem mais diversificada que a sua pauta exportadora e possui uma menor concentração de atores. Talvez por isso, não sofreu tanto como as exportações sofreram.

Finalmente, um destaque para as oportunidades que existem na formação de novos clusters no Ceará. O primeiro, ligados às energias renováveis, em face do parque existente e potencial eólico e solar na área de abrangência da cidade de Fortaleza, que é considerada pelo IBGE como metrópole de influência regional. A essa região metropolitana estão conectados parte dos estados do Rio Grande Norte, Piauí e Maranhão e uma população de cerca de 21 milhões de pessoas.

Além da indústria relacionado às energias renováveis, destaco ainda a pesca e a fruticultura. Juntos, considero que são importantes indústrias desse novo Ceará.

*Advogado, vice-presidente da Federação de Câmaras de Comércio Exterior e Ex-Presidente do Conselho de Relações Internacionais da FIEC e do Conselho Setorial de Comercio Exterior e Investimento Estrangeiro da ADECE/Ceará e 3 vice-presidente de relações institucionais da CBPCE

Fonte: TrendsCE em 14.07.20

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Sócio da CBPCE, José Wahnon em destaque

Sócio da CBPCE, José Wahnon em destaque

O sócio da CBPCE, José Wahnon é administrador, com formação em administração Hoteleira e Nutrição, tem empresas de consultoria na área de Implantação e Procedimentos de Hoteis com todos os serviços necessários para garantir o sucesso de uma implantação hoteleira, consultoria em higiene alimentar, prestando auxilio neste momento aqueles empresários preocupados com a retomada dos negócios ajudando no desenvolvimento dos seus protocolos de higiene.

Contato:
jwconsultoriahoteis@gmail.com
Hotel Laguna Blu
JW Consultoria
NUTFOR Consultoria em Higiene Alimentar
85 9 9966-1897

Fonte: CBPCE em 15.07.20

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Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

De um estado que vinha crescendo, nos últimos 15 anos, cerca de 0,6% acima da média do PIB nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que disponha de boas ferramentas para buscar superar uma grave crise econômica como a atual, ampliada sobremaneira pela pandemia do novo coronavírus. Pelo menos essa é a aposta do Executivo cearense, fundamentada nos investimentos feitos em sua chamada “trinca de Hubs”.

A posição geográfica privilegiada abriu espaço para a consolidação dos hubs aéreo, marítimo e tecnológico, materializados nos centros de conexões aéreo da Air France/KLM/GOL e portuário CIPP/Porto de Roterdã, e no data center AngoNAP Fortaleza, respectivamente. Mas, afinal, como ficaram as atividades desenvolvidas nessas três frentes e quais as perspectivas para um futuro próximo, no pós-pandemia?

A TrendsCE ouviu especialistas nas respectivas áreas e buscou informações junto às secretarias estaduais e diversos atores do mercado para tentar traçar o cenário que teve de ser redesenhado nos últimos meses para os setores envolvidos. O panorama, em geral, é otimista, mas praticamente todas as fontes entrevistadas alertam para um longo caminho à frente, de esforço e perseverança, visando a recuperação do patamar anterior dos trabalhos.

Aéreo

Dois a três anos, caso a vacina para o coronavírus não seja descoberta. Essa é a previsão mais realista das fontes ouvidas pela reportagem para uma volta à normalidade do trade turístico no Estado e, consequentemente, do hub aéreo estadual.

Tendo em perspectiva a queda abrupta da movimentação registrada, por exemplo, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, que, após registrar mais de 53 mil passageiros advindos do exterior em janeiro, recebeu apenas nove usuários internacionais em todo o mês de maio, a retomada no hub aéreo cearense e, consequentemente, no trade turístico, será inevitavelmente lenta. Um exemplo disso é que, na primeira semana de julho, a Air France/KLM, que anteriormente fixara a data em 8 deste mês para a volta das operações na capital cearense, informou ainda não ter um calendário estabelecido para o retorno dos voos internacionais para o Ceará.

Os entrevistados apontam que, além da necessidade de total segurança, a readequação motivada por alterações de protocolo e até novos hábitos adquiridos durante o período de isolamento social podem deixar todo o processo mais moroso.

“Tudo ainda é muito incerto, mas podemos fazer um exercício prospectivo com base no que ocorre hoje na Europa e na Ásia. Retomaremos os voos, contudo não retomaremos patamares anteriores em dois ou três anos, pois há mudanças de hábito para as quais ainda não sabemos qual será o impacto em voos para fins de negócios”, avalia Gildemir da Silva, pesquisador em Economia dos Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), citando como exemplo as videoconferências, recurso que teve grande aceitação durante a quarentena e passou a ser alternativa para os deslocamentos a trabalho.

O docente projeta ainda que novos protocolos de distanciamento social, readequação das aeronaves – necessárias em uma indústria projetada para altas densidades – e um maior número de demandas sazonais – mais pessoas deixando para viajar apenas nas férias, por exemplo – devem provocar novas altas nos preços das passagens.


A prudência também está evidenciada no discurso do secretário do Turismo, Arialdo Pinho, que igualmente calcula em dois ou três anos o intervalo necessário para a total normalização das operações.

“Se conseguirem desenvolver uma vacina eficaz, esse período deve diminuir para um ano. Isso porque as companhias aéreas precisarão se adequar e, com certeza, isso trará mais custos”, acrescenta o titular da pasta.

“Estamos estabelecendo uma série de protocolos para que o visitante se sinta tranquilo e que possamos conquistar o status de destino seguro”, garante Pinho.

“Segurança” é outra palavra que estabelece um norte para os trabalhos da Fraport, dona da concessão do Aeroporto Pinto Martins, para que a normalidade seja retomada o quanto antes no terminal. “Seguimos rigorosamente as recomendações das autoridades de saúde e as medidas neste sentido já foram implementadas”, diz Andreea Pal, presidente da empresa no Brasil, citando ações como a cuidadosa desinfecção das áreas, feita em conjunto com o Exército, uma rotina intensificada de higienização, especialmente em banheiros, corrimãos, assentos e elevadores e a orientação constante com avisos sonoros de todo o equipamento.

Tais mudanças de rotina serão imprescindíveis num panorama que aponta uma queda de 91% na procura por voos domésticos em maio, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em comparação com o mesmo período de 2019. Com relação a voos internacionais, a redução foi de 97%.

“As companhias aéreas também implementaram medidas para manter o distanciamento durante o embarque e desembarque e, além disso, é muito importante ressaltar que a cada 3 minutos, 99,7% das partículas do ar que circula nas cabines das aeronaves são filtradas, por meio de um sistema chamado filtro de ar HEPA, que evita a disseminação do Coronavírus durante as viagens. Sendo assim, viajar de avião é muito mais seguro do que de ônibus ou permanecer em um ambiente com pouca ventilação. Estamos prontos para oferecer um ambiente limpo e seguro a todos”.

Andreea Paal, presidente da Fraport no Brasil

Marítimo

Se o termo segurança é palavra-chave para alcançar uma consistência nas operações do hub aéreo cearense no pós-pandemia, pode vir a ser um dos grandes trunfos no equivalente marítimo, representado pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), quando o “vendaval” provocado pela crise, enfim, for debelado. Esse “Ás” na manga, para Igor Pontes, PhD em Logística e professor da Faculdade CDL, é proporcionado por sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

“O Porto do Pecém já é uma infraestrutura logística consolidada. Os dados de crescimento do CIPP, tanto de carga contêinerizada como carga geral, corroboram essa assertiva. O impacto da pandemia não será diretamente no porto, mas na economia mundial e mais severamente no Brasil. Por outro lado, possuir uma ZPE garante ao CIPP um certo grau de segurança econômica. Isso porque as empresas que ali estão têm a produção voltada para o mercado internacional, como é o caso da siderurgia da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém). Nesse contexto, também destacam-se as operações de pás eólicas, que, apesar de não estarem na ZPE, grande parte de sua produção é escoada pelo Porto”.

O professor, entretanto, se diz cético em relação aos rumos da economia brasileira, por esta se ressentir da falta de um “grande pacto nacional para a retomada”, especialmente no atual cenário de incertezas imposto pela crise política e econômica.

“O País precisa de diretrizes claras, metas, apoio financeiro, envolvendo todos os entes da federação e as classes empresariais em prol de um crescimento sustentável”, diz, para em seguida acrescentar: “O tom do discurso sobre os temas de políticas sociais, ambientais e das relações exteriores tem provocado o isolacionismo do Brasil no cenário internacional e, consequentemente, se reverterá em inversões de IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) cada vez menores, como tem sinalizado claramente a comunidade europeia”.

Não obstante reconheça o esforço do Ministério da Infraestrutura, Pontes afirma que o Brasil se ressente da ausência de um plano nacional de longo prazo para a construção de um sistema de transporte logístico “adaptado às vocações regionais e ainda de um esforço de integração intra-regional e inter-regional”.

“A engenharia financeira do Ministério (da Infraestrutura) é pautada, sobretudo, na atração de capitais, seja através de concessões ou de antecipação de outorgas. A questão que se coloca é se será através desse modelo que o País diminuirá seu déficit de infraestrutura. A resposta até poderá ser positiva. Contudo, emerge uma segunda pergunta mais complexa: essa ‘nova’ infraestrutura delegada à iniciativa privada apoiará o desenvolvimento do País ou simplesmente respeitará a lógica mercantil do lucro? Não é uma pergunta simples, tanto que os maiores portos do mundo mantêm suas autoridades portuárias sob a tutela do Estado”.

Igor Pontes, PhD em Logística

Por conta disso, para Pontes, o hub marítimo do Pecém enfrentará dois tipos de concorrência: uma dos portos da Região Nordeste, sobretudo, Suape e Itaqui, e uma disputa cada vez mais acirrada no próprio Estado com a profissionalização da Companhia Docas.

Para a gestão do hub marítimo instalado no município de São Gonçalo do Amarante, a cautela é palavra de ordem na retomada, conforme atesta a análise do presidente do Complexo, Danilo Serpa:

“Estamos estudando muitos cenários nesse momento. De acordo com projeções e análises que estamos fazendo, com base nas informações dos nossos clientes e parceiros, temos a certeza que sentiremos algum tipo de impacto no primeiro semestre e, provavelmente, no segundo. Desde abril, a produção mundial de bens e mercadorias começou a ser afetada de forma mais severa, inclusive forçando a indústria a reduzir ou até mesmo suspender suas atividades, decretando férias coletivas e adotando outras ações que certamente afetarão diretamente a movimentação portuária do Pecém e de outros portos espalhados pelo mundo. Precisamos ser cautelosos nesse momento”.

Danilo Serpa, presidente do CIPP

Contudo, passada a hora mais crítica da pandemia, para o dirigente, o momento é de mirar para o futuro, e isso passa indubitavelmente pelas obras de infraestrutura, que poderão garantir a boa operacionalidade do terminal.

“Hoje estamos com todas as obras em andamento. E nossa expectativa é que o governador Camilo Santana possa inaugurar, após essa pandemia, a nossa segunda expansão para elevar a capacidade operacional do Pecém. Teremos o décimo berço de atracação; uma segunda ponte de acesso aos píeres; além de um novo portão conectado à rodovia das placas, que também será inaugurada para ligar diretamente o porto à CSP”, descreve.

Tecnológico

Para completar a trinca estratégica, a gestão estadual conta com o hub tecnológico. E sua proposta elementar segue sendo manter o Ceará bem conectado com o mundo, mesmo durante a pandemia. Com base no Data Center AngoNAP, inaugurado em 2019 basicamente para tentar consolidar a atração de novas empresas tecnológicas no Estado, os trabalhos voltados para a transformação digital, que há anos já vêm se concretizando, não foram paralisados. Pelo contrário.

É o que afirma presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa. Nos últimos três meses, ele informa que a presença do hub conseguiu atrair escritórios de corporações como AWS (Amazon), Google, Microsoft, Oracle e IBM. “Ou seja, atraímos o Top 5 da indústria ocidental de computação em nuvem. Esses cinco grandes provedores estão atuando no Estado através de suas empresas parceiras. Hoje, já passam de 20 as parcerias nesse hub tecnológico, com empresas daqui do Ceará, como Lanlink, Mob e BSPAR, e outras que ainda estão vindo, de Brasília, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Então, apesar da pandemia, estamos de vento em popa na construção dessa iniciativa”, propaga Pessoa.

De forma semelhante, para a advogada e coordenadora do setor de Startups e Direito Digital no escritório Albuquerque Pinto Advogados, Mariana Zonari, o que vem por aí pode ser considerado alvissareiro, com as dificuldades abrindo novos caminhos.

“Entendo que esse baque na economia local, provocado pela pandemia do coronavírus, que ninguém estava esperando, traz muito mais oportunidades que ameaças. Tem virado clichê, mas não deixa de ser verdade: a gente acelerou exponencialmente nosso processo de transformação digital, seja no público ou no privado. Vivemos 50 anos em três meses. Por exemplo, discutíamos há anos e anos a telemedicina. Do dia para a noite, virou algo extremamente necessário e foi regulamentado. Havia uma tendência ao trabalho remoto e a discussão vinha se arrastando, mas este também acabou implementado”, cita Zonari, que também é gestora de Inovação Jurídica do Íris (Laboratório de Inovação e Dados do Estado).

Enquanto muitos negócios conseguiram tornar a crise de certa forma oportuna, outros amargaram a dura realidade de constatar que o despreparo para situações emergenciais, como a que a economia mundial teve de lidar agora, pode mesmo ser fatal para a vida de uma empresa na terceira década do Século XXI. “Foi uma situação vivida não só no Ceará como no mundo inteiro e fez com que novos e pequenos negócios tivessem um boom. Fez, sim, com que outros fechassem ou estivessem prestes a fechar suas portas, mas não podemos levar isso como algo extremamente negativo. Isso porque as empresas que não conseguirem se adaptar aos novos modelos de negócio, às novas tecnologias e a esse movimento de transformação digital vão dar espaço às que estejam antenadas e conectadas com esse movimento”, expõe.

Para Pessoa, a visão pragmática, porém positiva do futuro, já implementada no presente, é uma consequência premente dos esforços empreendidos no hub. “Não podemos ser como um otimista sonhador, nem o pessimista que nos torna incapaz de gerar mudanças. Prefiro apontar para um cenário realista com aspectos de um pensamento positivo. A Etice tem mantido sua missão de prover soluções para o setor público, em especial para o Governo do Estado, que é nosso principal cliente”, assinala o gestor.

“Mantivemos as ações de expansão de estrutura do nosso Cinturão Digital, continuamos, mesmo nesse ambiente de pandemia, fazendo conexões de escolas e de unidades de saúde, como o próprio (Hospital) Leonardo Da Vinci, que foi conectado ao Cinturão Digital, nos últimos dois meses mais de 30 escolas foram conectadas, ou seja, mantivemos nosso ritmo de expansão da estrutura de conectividade”

Adalberto Pessoa, presidente da Etice

Outra novidade que tem relação direta com o hub tecnológico cearense prevista para o pós-pandemia é um aplicativo, desenvolvido pelo Íris, chamado Ceará App, que teve seu lançamento em maio de 2020, com o apoio da Secretaria da Saúde (Sesa), voltado apenas ao combate ao coronavírus e terá sua atuação ampliada em breve. “Será a porta de entrada para todos os serviços públicos do Estado, um portal único de serviços, e isso será de extrema importância também na retomada”, assegura Zonari.

Fonte: TrendsCE em 15.07.20

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