Movimento #CompredoBairro é lançado para ajudar pequenos negócios

Com o objetivo de profissionalizar o pequeno varejo nacional por meio de capacitação técnica gratuita e incentivar o consumo de comércios de bairro o movimento #CompredoBairro foi lançado hoje (6), em todo o país, por líderes de oito grandes empresas, apoiados pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae nacional), pela organização Endeavor e pela consultoria LHH.

Em entrevista à Agência Brasil, o idealizador do movimento #CompredoBairro, o empresário Guilherme Weege, disse que o momento que o país está atravessando, com a paralisação de inúmeros comércios e serviços devido à pandemia do novo coronavírus, levou o grupo de empresários a decidir que o projeto deveria ser lançado o quanto antes para atender os pequenos negócios das cidades, os mais afetados pela crise.

Na prática, Guilherme Weege explicou que o movimento tem dois grandes objetivos. O primeiro engloba capacitação e informação para gestão financeira de caixa. “Muitas vezes, a informação não chega a esse pequeno negócio e, quando chega, ele não sabe por onde começar. Então, primeiro a gente vai concentrar conteúdos de muitas fontes diferentes e ajudar a distribuir. A gente vai colocar na nossa plataforma tudo que for surgindo de novo, de maneira muito mais rápida e com informações consistentes”.

Ainda dentro da capacitação, o movimento pretende ajudar o pequeno lojista a fazer marketing digital, ensiná-lo a usar o WhatsApp e outras ferramentas modernas para que ele consiga fazer relacionamento de venda por canais que ele hoje não dispõe. “Ajudando esse pequeno a se capacitar e se digitalizar. A ter algum tipo de receita neste momento e estar mais forte para uma retomada”.

Fluxo para loja

O segundo grande objetivo, que o pequeno lojista não começará agora, mas daqui a algumas semanas, consiste em levar fluxo para essa loja, na medida em que mais pessoas comprarem das lojas do seu próprio bairro. Cartazes com esse objetivo serão espalhados em outdoors pelo país, conscientizando a população da diferença que faz o dinheiro gasto em um pequeno empreendimento do bairro, mesmo que seja de pequeno valor, para os milhões de pessoas que dependem da renda desses pequenos varejos.

“Comprar nesse momento produtos nacionais e localmente no bairro faz uma diferença enorme para a economia dessas dezenas de milhões de pessoas”, exclamou o idealizador do movimento. Guilherme Weege informou que a média de tempo por acesso à plataforma hoje pela manhã era de 12 minutos. Isso significa que as pessoas estão vasculhando os conteúdos em busca daquilo que mais lhes interessa, acrescentou.

Weege diz esperar que depois, já com as vendas totalmente restabelecidas, o movimento poderá medir os resultados alcançados pelo engajamento do público.

Conteúdos

A parceria com o Sebrae vai disponibilizar inicialmente conteúdos relacionados à gestão financeira e contábil, crédito, digitalização e marketing digital na plataforma.

De acordo com dados oficiais do Sebrae relativos a 2019, 6,3 milhões de pequenos negócios compõem o pequeno varejo brasileiro, setor que responde pelo sustento direto de cerca de 13 milhões de pessoas no país. Para Guilherme Weege, esses números retratam a força e a importância socioeconômica do pequeno varejo nacional.

O analista de inteligência de mercado do Sebrae nacional, Renato Perling, explicou à Agência Brasil que, na prática, será muito fácil para os pequenos comerciantes entrarem na plataforma. “Nós fizemos da forma mais fácil possível para que o pequeno negociante possa entrar rapidamente. Lá ele vai encontrar uma página específica do Sebrae, com dicas sobre as medidas que o governo está tomando, dicas de segurança para o negócio dele neste período, e também conteúdos digitais para este momento de crise, como crédito, finanças, marketing digital etc. Uma série de conteúdos adaptados para este momento de crise”, revelou Perling.

Cursos online

Na plataforma, o pequeno empresário encontrará cursos e capacitações online e, também, acesso a conteúdos digitais da temática que ele quiser, tudo gratuito. Ali, ele terá informações sobre o mercado de trabalho. “Ele terá acesso a lives (transmissão em tempo real), webinars (conferências online). São conteúdos mais rápidos, de pequena duração e ele interage com quem está ali dando aquelas dicas”, disse Perling. Os cursos são feitos no horário que o pequeno lojista quiser e puder, esclareceu Perling.

“É bem facilitado para a gente poder ser parceiro neste momento. E vai ser um grande atalho para o portal do Sebrae”, destacou o analista. O pequeno negociante terá na plataforma #CompredoBairro acesso aos conteúdos do Sebrae nacional. “Vai ser um ambiente ajudando o outro”. Segundo Perling, a preocupação do Sebrae é ajudar o máximo de pessoas possível.

Renato Perling salientou ainda que a ideia do movimento é que ele não morra no período pós-crise do novo coronavírus, mas que possam ser feitos também atendimentos presenciais aos empresários pelo Sebrae, para levar consultorias e outras ações para fomentar o negócio local. “A gente está de olho nesse segundo momento; que ele aconteça na hora certa para a gente botar o bloco na rua”, pontuou o analista.

A iniciativa socioeconômica é projeto pessoal dos empresários Guilherme Weege (Grupo Malwee), Fred Trajano (Magazine Luiza), Artur Grynbaum (Grupo Boticário), Jean Jereissati Neto (Ambev), Marcel Szajubok (Embelleze), André Street (Stone), Alcione Albanesi (FLC) e Ana Fontes (Rede Mulher Empreendedora), com o apoio do Sebrae. As empresas não fazem parte da iniciativa, que é projeto pessoal das lideranças envolvidas.

Fonte: Diário do Nordeste em 06.04.2020

E-commerce no nordeste: Desafios e oportunidades

Nos últimos anos o e-commerce no nordeste vem crescendo acentuadamente tanto em número de consumidores quanto em volume de compras. Contudo, poucas empresas da região estão apostando efetivamente nessa área e se estruturando adequadamente para esse canal de venda tão precioso.

Segundo os dados do Ebit Nielsen, esse setor teve um crescimento de 12% no último ano, surpreendentemente em um momento em que a economia em geral apresentava sinais de ajustes.

É evidente que existem alguns desafios que causam receio no momento de investir no crescimento do mercado online, porém, as oportunidades progressivas apresentam um cenário favorável que deve ser considerado na perspectiva da transformação digital e do cenário que a humanidade está vivendo no momento.

Algumas das diversas questões que temos que considerar se refere ao aspecto da territorialidade ampla (o nordeste é um país) e acesso a alguns locais, atrelados a aspectos sociais que podem impedir que o e-commerce no nordeste seja realmente explorado.

Embora devam ser consideradas, observamos que esse contexto tem se alterado gradativamente nos últimos anos com uma tendência de ajustes de acordo com as previsões do mercado, mostrando todo o seu potencial de crescimento.

O e-commerce no nordeste e os investimentos

O e-commerce pode ser encarado como uma estratégia de mercado que surgiu com a popularização da internet, onde todas as fases da transação são feitas no meio digital.

Essa janela possibilitou que pessoas de diversas partes do país e do mundo passassem a adquirir produtos sem sair de casa, e que não fossem fabricados, necessariamente, próximos a sua residência.

Por outro lado, a globalização aumentou exponencialmente, e se tornou possível comprar mercadorias do mundo todo, não apenas do Brasil.

Uma vez que essa possibilidade se tornou comum, produtos importados passaram a chegar nas alfândegas nacionais, para serem distribuídos.

Sendo assim, transportar produtos chegados do sul para o nordeste é economicamente mais caro, o que ocasiona fretes mais caros, tornando os produtos desinteressantes.

Com menos consumidores que a região sudeste (58%), muitas empresas acreditam que seja mais viável investir em entregas nessa região, realizando a manutenção desse ciclo que pode proporcionar uma estagnação do e-commerce no nordeste.

Aspectos culturais e macro econômicos

Além da questão territorial, há um certo distanciamento cultural com o nordeste por parte de outras regiões.

Historicamente, a região sul e centro-oeste foram colonizadas primeiro, possuindo maior investimento e recebendo a maior parte dos imigrantes.

Essas regiões criaram estratégias de desenvolvimento pautadas na industrialização e modernização de outros setores da economia, de modo que a economia passou a se concentrar, em grande parte, nesses locais.

Dessa forma, muitas pessoas, e o mercado em geral, mantêm o imaginário que essas regiões possuem maior poder econômico, enquanto as localidades do norte e nordeste são menos abastadas.

Essa linha de raciocínio, ainda que involuntariamente, leva a um baixo investimento das empresas para o e-commerce no nordeste, acreditando que essa aplicação não retornará lucros.

Com o baixo investimento, a uma tendência que os fretes aumentam e o e-commerce para essa região possa ser pouco atrativo, alcançando poucas lojas que se preocupem em enviar produtos para esses locais.

Esse olhar, ainda que superficial, cria a oportunidade para que empresas da região estruturem melhor seus canais de venda e tratem o e-commerce como uma possibilidade de melhorar faturamento e relacionamento com o consumidor que está em sua região.

Oportunidades que superam os desafios

Ainda que existam desafios, observamos que nos últimos anos, o e-commerce no nordeste foi o que mais cresceu no quesito consumidores e compras realizadas. Foram mais de 3 bilhões em faturamento no último semestre, apenas com o crescimento da região.

É uma área pouco explorada, com grande potencial de crescimento. Seu faturamento apresenta números elevados e expectativas positivas para o mercado online, que cresceu mais 7% nos últimos seis meses.

Dessa forma, investir no e-commerce no nordeste pode apresentar muitos desafios atualmente, mas, a médio e longo prazo, as oportunidades encontradas superam as adversidades, com um público crescente e crescimento inevitável.

Nas palavras de Aldo Pacheco, especialista em e-commerce, “o nordeste é maior que muitos países e que não se pode ignorar a possibilidade de atingir esse mercado. O e-commerce pode e deve ser considerado como uma estratégia, especialmente pelas empresas locais”.

É nessa perspectiva de um mundo e uma economia em transformação que as empresas do nordeste devem se reposicionar em vias a melhorar faturamento, lucro líquido, fortalecimento de marca, relacionamento com consumidor dentre outras questões.

O nordeste pode ser a solução para o nordeste, ao menos no quesito e-commerce.

Fonte: Carlos Luna em 31.03.2020