Do Lixo ao Luxo II – A Lição Sabemos de Cor, por Cibele Gaspar

Do Lixo ao Luxo II – A Lição Sabemos de Cor, por Cibele Gaspar

Estamos vivenciando uma corrida desenfreada por soluções de transição energética. (…) Como olhar para essa tempestade perfeita e emergir com soluções que nos remetam a uma nova ordem mundial, pautada na economia circular?

Elaborado para esta coluna, o texto a seguir é de Cibele Gaspar, administradora, especialista em finanças, PPPs e financiamentos Internacionais e mestre em Gestão Estratégica . Sócia da Nexxi Consultoria Empresarial e Financeira. O tema é atualíssimo. Leia-o:

A cientista Margareth Wheatley, em seu livro “Liderança e a Nova Ciência”, nos ensina que o caos é um estranho atrator de significados. Quando refletimos sobre os períodos em que estamos mergulhados no caos, podemos perceber que, quando ele termina, emergimos transformados, mais fortes em alguns aspectos, renovados. Abrigamos em nós a dança da criação e aprendemos que evolução sempre requer a passagem pelos tenebrosos reinos da desintegração.

Para enxergar a ordem além do caos é preciso mudar o foco da visão. Num mundo não linear, coisas que a princípio parecem pequenas podem amplificar-se em resultados inesperados e por muitas vezes, positivos, que conduzem a uma nova ordem.

Essa introdução tem a ver com o momento crítico que atravessamos. Como afastar-se da visão do caos e tentar enxergar a nova ordem que vai tomando forma é importante para avançarmos como seres humanos e como corporaçõe. Quando as coisas ficam caóticas, essa clareza nos faz enxergar o sentido das coisas, mesmo que o mundo tenha ficado louco.

Estamos vivenciando uma corrida desenfreada por soluções de transição energética que nos permitam evitar o caos climático e, agora, com o conflito no Leste Europeu, o risco de suspensão de fornecimento de gás natural e fertilizantes, impactando a segurança física e alimentar de muitas regiões do mundo. Como olhar para essa tempestade perfeita e emergir com soluções que nos remetam a uma nova ordem mundial, pautada na economia circular?

A solução muitas vezes está diante de nossos olhos. O dia 21.03.2022 foi recheado de notícias alvissareiras para a indústria do Biogás e, particularmente, para a inserção do Brasil entre os países de destaque na implementação de soluções para a transição energética de combustíveis fósseis para energias limpas.

O governo federal anunciou um pacote de medidas de incentivo à produção do biometano no Brasil, que consolidam e promovem ações importantes para o setor, dentre as quais se destacam a equiparação do biogás ao gás natural, não somente intra-dutos, como até então, como também no tocante aos incentivos fiscais já existentes – desoneração de 9% de PIS/COFINS, suspensão da cobrança de PIS/COFINS na aquisição de máquinas, materiais de construção e equipamentos para novas usinas, inclusão dos investimentos em biometano no Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infra Estrutura (REIDI).

Foi também instituído o Programa Metano Zero, que consiste na criação do mercado de créditos de metano, uma iniciativa inovadora, ainda a ser regulamentada, que pretende alinhar-se ao mercado de carbono existente. O programa representa enorme oportunidade econômica e estratégica, reduzindo emissões de gases de efeito estufa, custos de combustível e energia e transformando os produtores rurais e gestores de aterros sanitários em fornecedores de combustível e energias limpas e renováveis, além do importante subproduto, os biofertilizantes com alto valor para a agricultura. Falaremos mais dele nos próximos artigos.

O significado dessas ações, principalmente no cenário mundial atual, de extrema criticidade para o mercado de gás natural e derivados do petróleo, cujos preços saltaram de forma exponencial é de um caráter estruturante e estratégico e pode mudar o patamar da economia brasileira, tão infelizmente exposta aos decepcionantes voos de galinha em seu crescimento.

O Programa, na nossa visão uma política de Estado, e que como tal deve ser preservada, permitirá de forma rápida o desenvolvimento de novas plantas industriais que gerem biometano, que é obtido no refinamento e processamento do biogás e que, como biocombustível, pode ser utilizado em substituição aos combustíveis fósseis, uma vez que a tecnologia existente já é utilizada em várias partes do mundo e no Brasil, onde se registram 675 plantas de biogás, espalhadas por todo o País, com uma produção anual que chega a 2,22 bi (Nm3/ano).

Segundo Gabriel Kropsch, vice-presidente da Abiogas, o Brasil tem um potencial da ordem de 43 milhões de m3 por ano , o que seria suficiente para substituir quase 80% de todo o óleo diesel consumido no país ou um quarto da demanda nacional por energia, por uma fonte renovável e de custo competitivo.

Ainda segundo a Abiogas , o setor privado está preparado para investir cerca de R$ 60 bilhões em novos projetos até 2030, em plantas localizadas em aterros sanitários, usinas de cana de açúcar e fazendas de suínos, principalmente.

Dentre as medidas anunciadas ontem, serão implantadas 25 plantas demonstração da tecnologia nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste do País. Contudo, não se sabe por que as regiões mais desiguais do Brasil – Norte e Nordeste – não foram contempladas. Imaginamos que isso não tenha nada a ver com o agronegócio, dada a fortaleza nordestina na produção de aves e ovos, na cultura de cana de açúcar, nas suas bacias leiteiras e na pujança verificada na produção de grãos no oeste baiano e no cerrado piauiense. Também não se aplica à questão dos aterros sanitários e lixões, espalhados por todos os rincões deste país.

O País do agronegócio é ao mesmo tempo o país dos lixões – segundo a Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes (Abetre), ainda existem no país 2.612 lixões a céu aberto em operação, que provocam desigualdade, miséria e doença. Em 2019, no Ceará existiam 301 lixões, somente 21 municípios tinham programas de coleta seletiva e apenas 10 municípios cearenses dispunham de aterros.

Ambas as atividades geram resíduos contaminantes, que impactam severamente o meio ambiente e as condições de vida das populações menos favorecidas. Contudo, devem ser olhadas pelo viés de solução e não de problema. Espera-se que a iniciativa quanto às plantas demonstração se espalhe por todo o Brasil. A utilização econômica e inteligente de resíduos proporciona melhor qualidade de vida para todos e por esta razão deve ser democratizada.

Os resíduos do agronegócio e o processamento e os resíduos sólidos urbanos, transformados em biofertilizantes e biometano, com o adequado processamento e tratamento, geram riqueza e empregos para o País. São, na realidade, matéria prima para o desenvolvimento.

Uma das maiores produtoras de ovos do Brasil investiu recentemente, segundo dados da Bloomberg, R$ 50 milhões para construir em Minas Gerais e no Tocantins duas fábricas de fertilizantes orgânicos enriquecidos com minerais fosfatados. Quatorze milhões de aves, produzindo 7,2 milhões de ovos todos os dias, fornecem a matéria prima para um dos ativos agrícolas mais valorizados nos últimos dias, em consequência da guerra no Leste Europeu – os fertilizantes.

Como já me referi em artigo anterior nesta coluna, “o reconhecimento do lixo e do esgoto não como um passivo ambiental, mas como um ativo energético, conjugado a ações de fortalecimento do marco regulatório do setor parecem sinalizar uma luz no fim do túnel. Sair do lixo para o luxo da geração de energia renovável e limpa, com redução de emissões de gases estufa, incorporação de novas tecnologias e geração de emprego e renda, pode ser a solução dessa equação complexa.”

O Nordeste e o Ceará inserem-se de forma soberana nesse processo, tanto por já utilizar com pioneirismo a tecnologia de valorização do gás em seus resíduos sólidos, quanto por possuir um agronegócio forte e um severo problema de lixões a resolver.

Com as regiões de saneamento definidas em marco legal estadual, com a possibilidade de transporte veicular do gás produzido em aterros e plantas mais distantes dos gasodutos atualmente instalados, com os gasodutos já existentes que ligam o Pecém ao mapa de gasodutos do Nordeste e Sudeste e todo o espírito empreendedor do Ceará, acredito que estamos prontos para embarcar nessa jornada rumo a um futuro mais promissor, de céu azul e ar respirável, energia limpa e segurança alimentar.

Essa é uma dívida que temos com nossas próximas gerações e da qual não podemos nos esquivar.

A lição sabemos de cor. Só nos resta aprender.

 

Por Cibele Gaspar
Administradora, Mestra em Gestão Estratégica, Especialista em Finanças, PPPs e Financiamentos Internacionais e Sócia da CBPCE.

Fonte: Cibele Gaspar

Empresárias discutem desafios femininos no mundo dos negócios

Empresárias discutem desafios femininos no mundo dos negócios

“Conecte-se 2022” reuniu empreendedoras de quatro continentes em Portugal para mesas-redondas e desenvolvimento de parcerias

Ao mesmo tempo em que apresenta resultados significativos nos últimos anos, a participação das mulheres no mercado de trabalho também aponta que ainda há muito a caminhar. Dados divulgados pelas Estatísticas de Gênero, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, no Brasil, a presença feminina na força de trabalho aumentou pelo quinto ano seguido, porém, elas ainda recebem salários menores do que os homens.

Segundo os dados, divulgados no ano passado e referentes a 2019, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho foi de 54,5% no período, 2,9 pontos percentuais maiores do que na comparação com 2012, o primeiro ano da medição. Os homens continuam sendo maioria (73,7%) e a remuneração feminina ainda é 22% menor que a masculina.

Os desafios das mulheres na conquista por equidade no trabalho, em relação a cargos e salários, foi tema do primeiro dia do evento “Conecte-se 2022”, realizado pelo Clube Mulheres de Negócios de Portugal, que reuniu empreendedoras de quatro continentes e oito países para uma programação de atividades nas cidades de Lisboa e Porto.

Unidas pelo empreendedorismo e pela língua portuguesa, as empresárias expuseram as experiências profissionais e discutiram obstáculos que as mulheres precisam transpor no mundo dos negócios, como o fato de serem subestimadas e terem que batalhar por uma validação de equipes formadas majoritariamente por homens.

A realidade da violência doméstica também foi debatida pelas empresárias, que frisaram a importância da independência financeira para a libertação dos ciclos de agressões.

“Não temos que pagar preços enormes e carregar pesos emocionais para termos aquilo que é nosso de fato e de direito. Essa é a ideia do Clube, criar esse espaço onde mulheres espetaculares encontram o caminho para serem muito prósperas e felizes. A primeira liberdade feminina é a financeira”, afirmou Rijarda Aristóteles, presidente do Clube.

Conecte-se 2022
Realizado entre os dias 7 e 9 de março, o “Conecte-se 2022” promoveu mesas-redondas; entrevistas; espaços para relacionamentos empresariais; lançamentos de livros; e discussões sobre temas como o futuro do trabalho e internacionalização de empresas. O foco do Clube Mulheres de Negócios de Portugal é o compartilhamento de experiências e o desenvolvimento de negócios e parcerias entre mulheres que falam a língua portuguesa.

Fonte: Clube Mulheres de Negócios em Portugal

Primeiro hub de hidrogênio verde do Ceará deve começar a operar este ano

Primeiro hub de hidrogênio verde do Ceará deve começar a operar este ano

Segundo o governador Camilo Santana e o secretário de Desenvolvimento Econômico, Maia Júnior, a EDP vai iniciar as operações com uma pequena fábrica para medir novos investimentos no futuro.

O Ceará pode ter a primeira estação de hidrogênio verde operando no território do Porto do Pecém ainda em 2022. A informação foi confirmada pelo governador Camilo Santana e pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Maia Júnior, durante o evento de inauguração do novo terminal ancoradouro.

Segundo Camilo, a EDP, uma das empresas a assinar acordos de entendimento para investimento no novo polo de hidrogênio verde no Ceará deve iniciar as operações com uma pequena planta de produção ainda este ano, aproveitando para dimensionar os próximos passos do projeto.

A fábrica da EDP, no entanto, ainda não tem uma estimativa do nível de produtividade. Segundo o governador, a empresa ainda trabalha em estudos de viabilidade para mensurar os investimentos nos próximos anos.

“Assinamos 17 protocolos com empresas internacionais e há um olhar especial para as vantagens do Ceará, para a estrutura portuária, a ZPE e outras coisas, então acreditamos que o Ceará está na vanguarda, e fizemos uma parceria com a academia para pesquisa. Também temos a perspectiva da primeira instalação das usinas ainda em 2022, para que possamos dar seguimento a isso”, disse Camilo.

“É uma estação, mesmo muitas coisas ainda estão sendo feitas, com estudos para ver as melhores estratégias de produção e transporte”, acrescentou.

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Fonte: Ceará Global

Vem aí o 3° Seminário Agrosetores Ceará

Vem aí o 3° Seminário Agrosetores Ceará

O 3° Seminário Agrosetores Ceará, um evento de inovação e empreendedorismo, realizado com a participação de todas as cadeias produtivas do agronegócio cearense, com o intuito de capacitar e abrir mentes, voltado não apenas para empresários, mas principalmente, o produtor rural.

O Evento será presencial e gratuito, no Centro de Eventos do Ceará, proporcionando, assim, um ambiente rico e momento ideal para debater as principais dificuldades de cada setor e as possibilidades de alavancar os negócios dos micro e pequenos produtores cearenses.

Dias 29 e 30 de março
Presencial no Centro de Eventos do Ceará
Inscrições pelo site: institutofuture.com.br/agrosetores

Fonte: Prática Eventos

Embaixadas portuguesas e brasileiras vão levar pelo mundo os 200 anos da independência

Embaixadas portuguesas e brasileiras vão levar pelo mundo os 200 anos da independência

Os governos português e brasileiro decidiram envolver as suas embaixadas espalhadas pelo mundo nas comemorações do bicentenário da independência do Brasil, para juntas desenvolverem ações junto de outros países e organizações internacionais.

A informação veio dos três coordenadores do programa das comemorações, um do lado português, o embaixador Francisco Ribeiro Telles, e os dois do Brasil, os embaixadores George Prata e Gonçalo Mourão, designados pelos respectivos países, numa entrevista conjunta à Lusa, em Lisboa.

Os dois coordenadores dos programas do bicentenário da independência deslocaram-se a Lisboa no âmbito da segunda visita oficial do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Carlos Alberto França, na última semana.

A megaoperação da diplomacia dos dois países visa levar além-fronteiras, não só as comemorações do bicentenário da independência do Brasil, mas também o “bom relacionamento” entre os dois Estados, sobretudo, junto de organizações como as Nações Unidas, a Unesco, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e a Organização Ibero-Americana, envolvendo-as de algum modo no evento, explicaram.

“A parceria” entre os dois países para a comemoração do bicentenário, “porque é um exemplo para o mundo”, não deve servir só em Portugal e no Brasil, afirmou George Prata.

“A ideia é que essa parceria seja o mais ampla possível, não só em outros países, mas também em organizações internacionais”, sublinhou.

Com a Organização Ibero-Americana, o objetivo “é fazer qualquer coisa nas comemorações do dia da Língua Portuguesa [05 de maio] e também um seminário, onde se discuta o relacionamento de hoje, tendo como base o passado” entre Portugal e Brasil adiantou.

Isto porque “para a América hispânica nós somos um exemplo, o Brasil e Portugal têm uma excelência de relacionamento, o que, às vezes, os países de língua espanhola não têm com a sua ex-metrópole”.

Já com a CPLP, Gonçalo Mourão disse que conversou com o secretário executivo da organização, Zacarias da Costa, sobre a possibilidade de se “fazer um seminário em torno da celebração do bicentenário do Brasil relacionado com a importância da língua portuguesa”.

O embaixador Francisco Ribeiro Telles, por seu lado, começou por realçar que a existência de uma coordenação portuguesa para o bicentenário da independência do Brasil partiu de um convite daquele país, que explicitou, numa carta dirigida ao ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, a vontade de que este país se associasse à comemoração.

“Isso mostra a excepcionalidade da independência. Não haverá dois países no mundo hoje que estejam a festejar um bicentenário da forma como estamos”, frisou o diplomata português.

Da reunião dos chefes da diplomacia dos dois países na última terça-feira, nesta semana, saiu a decisão de se dar instrução às respectivas embaixadas para “procurarem eventos comuns para festejar o bicentenário”, disse o ex-secretário executivo da CPLP, indicando que podem ser no seio das organizações internacionais ou em termos bilaterais.

Segundo Francisco Ribeiro Telles, “vai haver esta parceria entre os dois países para que a comunidade internacional constate a singularidade do nosso relacionamento, a excepcionalidade que foi a independência do Brasil, e isso é um dado bastante significativo”.

Porém, destacou que esta parceria “é mais importante nas organizações internacionais do que propriamente nas embaixadas em termos bilaterais, porque nas organizações internacionais estão presentes outros países e é onde o realce do relacionamento aparece muito mais exposto”.

“Vamos programar isso até ao final do ano”, concluiu.

Nasce uma Orquestra

A criação de uma orquestra com jovens músicos brasileiros e portugueses, um concerto com partituras de D. Pedro e um seminário sobre migrações são alguns dos destaques das comemorações do bicentenário da independência do Brasil em Portugal.

Francisco Ribeiro Telles anunciou que “há a possibilidade de se criar uma chamada orquestra dos mares, que irá reunir jovens músicos portugueses e brasileiros”.

Quanto a eventos, os três coordenadores são unânimes em considerar que um colóquio sobre as migrações cruzadas entre Portugal e o Brasil ao longo do tempo, que deverá realizar-se no Porto, com a colaboração da universidade daquela cidade, será um dos pontos altos do programa.

“Os movimentos migratórios entre Portugal e Brasil, são, dos dois lados, impressionantes e podem ser estudados e, de certa forma, até podem servir de exemplo de como um bom relacionamento entre dois países permite que haja esses fluxos migratórios constantes”, justificou Ribeiro Telles.

Do lado do Brasil, o embaixador Gonçalo Mourão sublinhou que se trata de um debate sobre o papel das migrações nos dois sentidos e “o que isso representou” desde a independência, recordando que “já naquela época, a migração representava uma coisa importante nas relações entre os dois países”.

“Queremos fazer um seminário que fale sobre a importância desse relacionamento para reforçar as relações” bilaterais, concluiu.

Para Francisco Ribeiro Telles, outro dos pontos altos das comemorações do bicentenário da independência do Brasil em Portugal deverá ser um colóquio, a organizar pela Fundação Gulbenkian, em Lisboa no mês de junho, sobre as relações entre os dois países, mas focado no futuro.

“Não é apenas revisitar o passado, mas projetar o nosso relacionamento para o futuro e quais as áreas em que nos podemos projetar ainda mais. Isso talvez seja o ponto alto do bicentenário aqui em Portugal”, sublinhou.

Já na cidade do Porto, mas em outubro, um conjunto de iniciativas da câmara municipal daquela cidade deverão marcar outro dos pontos altos das celebrações.

No dia 12 de outubro, data do nascimento do rei D. Pedro, o monarca português que proclamou a independência do Brasil, “haverá uma cerimônia na Igreja da Lapa, onde serão tocadas partituras de D. Pedro, uma espécie de sessão solene”, disse Francisco Ribeiro Telles.

Na mesma altura, é também intenção da câmara “fazer uma exposição no Museu Soares dos Reis, em outubro, sobre D. Pedro”, adiantou. A este pacote de eventos deverá juntar-se o “seminário sobre as migrações, que poderá decorrer na mesma altura”, referiu.

Pelo Brasil, Gonçalo Mourão adiantou que a Fundação Alexandre de Gusmão, sob alçada do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), organização de pesquisa e estudos acadêmicos, já lançou uma coleção sobre o bicentenário, e vai editar livros sobre o tema histórico.

“Não são só obras clássicas em torno do assunto (…), como também algumas de interpretação moderna e algumas estão a ser lançadas em coedição com o Camões [Instituto da Cooperação e da Língua]”, indicou, referindo que já foram publicadas 10 e a ideia é chegar às 32.

“Mas ainda é uma obra em aberto, porque outros títulos podem ser incorporados”, explicou o diplomata brasileiro.

Ribeiro Telles destacou também ações que estavam programadas pelo instituto Camões no Brasil, através da sua ação cultural externa, e que agora vão ser canalizadas para o bicentenário.

“Portugal é o convidado de honra da bienal de São Paulo, que é um acontecimento importante, não apenas no Brasil, como em toda a América Latina, e nós vamos aproveitar essa presença para que possa ser referenciada a importância do bicentenário”, exemplificou.

Atrasos
Os três coordenadores do programa para as comemorações dos 200 anos da independência do Brasil, oficialmente dia 07 de setembro, admitem atrasos e indefinição de orçamentos, mas garantem haver “grande mobilização” política para garantir o sucesso do evento.

“Eu costumo dizer que, enquanto Portugal tem um coordenador, nós temos dois. Com isso, a gente vai recuperar o tempo perdido, porque nós temos consciência que talvez pudéssemos ter começado um pouco mais cedo”, afirmou George Prata.

“Nós estamos um pouco atrasados, relativamente. Mas se quiser dizer quando começou o movimento da independência, você pode considerar que isso começou no dia 09 de janeiro, quando o imperador Dom Pedro resolveu ficar no Brasil, e setembro, quando ele proclamou” a independência, refere Gonçalo Mourão.

Nesta perspectiva, em que a independência foi proclamada em seis meses “não há atrasos, o que há é uma premissa do tempo”, afirmou.

Já sobre o orçamento que o Brasil tem para as comemorações, Gonçalo Mourão respondeu: “Não tenho nem a menor ideia”, explicando que existem vários orçamentos.

Para justificar a resposta dá como exemplo a iniciativa de restauro e reabilitação do museu do Ipiranga, no estado de São Paulo, construído no local onde Dom Pedro proclamou a independência.

Este museu da independência, que será inaugurado a 07 de setembro deste ano, “está sendo restaurado e reabilitado com dinheiro do estado de São Paulo, (…), do governo federal e de entidades públicas privadas (…)” e com o contributo de “grandes bancos e grandes empresas”, explicou.

George Prata, por seu lado, admitiu que ainda há orçamentos por definir, mas preferiu falar da grande “mobilização política”.

Segundo o diplomata, a comemoração do bicentenário é uma iniciativa tão grande no Brasil, que “diversos órgãos”, do governo federal, dos governos estaduais, dos municípios e até diferentes áreas do Ministério das Relações Exteriores estão a tratar de diferentes eventos.

“A questão orçamental é sempre complicada, com uma demanda grande, e os recursos são limitados”, admitiu.

Mas “o que há a fazer é estabelecer prioridades, principalmente no Brasil, que não é um país assim tão rico”, afirmou, e definir “o que vamos destinar para a educação, saúde, meio ambiente e (…) para o bicentenário”, acrescentou George Prata.

O coordenador salientou que o Brasil “tem plena consciência que essa comemoração não é só voltada para trás”.

“Nós queremos celebrar o país em que nos tornamos. Por isso, toda a sociedade brasileira, dos diferentes setores do Brasil, estão comemorando o bicentenário”, salientou.

“Existe uma imensa mobilização da sociedade brasileira, do governo brasileiro e da sociedade portuguesa e do governo português. É uma mobilização ampla e dos dois lados, daí que é muito difícil nós termos às vezes informações muito precisas, justamente devido à amplitude dessa mobilização”, acrescentou.

No dia 07 de setembro haverá “um programa especial, que ainda está, porém, para ser aprovado pelo Presidente” do Brasil, Jair Bolsonaro, referiu.

“O Presidente dará prioridade ao orçamento que for necessário, quando decidir quais serão as manifestações específicas do sete de setembro”, garantiu.

O diplomata recordou ainda que, desde o ano passado, que o Ministério das Relações Exteriores está a programar eventos comemorativos do bicentenário.

Já o coordenador do programa português, Ribeiro Telles, recordou que o país estrá “a viver em duodécimos”.

“Agora, com a aprovação de um novo Orçamento [do Estado], com certeza que espero, ou tenho a expectativa, de poder ter alguma margem financeira para apoiar e subsidiar alguns projetos que nos vão chegando”, acrescentou.

O diplomata português assegurou que as comemorações também não se esgotam a 31 de dezembro deste ano. “Vão muito para além disso e o que sinto é que há muita criatividade, tanto da parte do Brasil como de Portugal, para encetar novos projetos que tenham a ver com a relação entre os dois países”, afirmou.

Ribeiro Telles sublinhou também o fato de “a primeira iniciativa que os coordenadores da parte do Brasil tiveram para o bicentenário foi terem vindo a Lisboa falar com as pessoas, que estão encarregues aqui do bicentenário”.

Segundo ele, “reflete a importância que o Brasil atribui ao bicentenário e à presença de Portugal nesse bicentenário”.

Fonte: Mundo Lusíada

Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil apresenta Portugal Polytechnics International Network (PPIN) nesta segunda

Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil apresenta Portugal Polytechnics International Network (PPIN) nesta segunda

A iniciativa abre as portas para estudantes interessados em fazer graduação fora do país e para graduados com foco em pesquisas.

A Federação das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil (FCPCB), em parceria com a Câmara Brasil Portugal de Minas Gerais e os Institutos Superiores Politécnicos Portugueses, irá promover no próximo dia 21, segunda-feira, a apresentação do projeto Polytechnics International Network (PPIN). O evento será realizado via youtube, às 10h, horário de Brasília, para as 18 câmaras associadas à FCPCB e para os interessados em conhecer mais sobre o projeto.

O PPIN é financiado pelo Governo Português e tem por objetivo criar e desenvolver uma rede de internacionalização presencial do Ensino Superior Politécnico Português (ESPP) no Brasil, por meio de uma plataforma de informação para instituições e empresas no âmbito da internacionalização, com mecanismos partilhados de sustentabilidade e eventos no âmbito da rede, internacionais e encontros nacionais de internacionalização, entre outros.

“O Polytechnics International Network é um projeto liderado pelo Politécnico do Porto, que envolve 18 instituições politécnicas e representa um grande investimento feito, resultado de uma candidatura ao Sistema de Apoio a Ações Coletivas do Portugal 2020, que nasceu na sequência do trabalho desenvolvido pela rede politécnica do Ensino Superior Português. Essa é também uma iniciativa que fortalece a união entre os dois países, Brasil e Portugal, e a Federação vem cumprindo sua missão de abrir portas para firmar cada vez mais essa parceria”, destaca Armando Abreu, Presidente da FCPCB.

De acordo com a Federação, um projeto piloto já está sendo impulsionado com a participação de uma comitiva de Politécnicos de Portugal em um roadshow que se iniciou no dia 14 deste mês em várias cidades brasileiras. O projeto PPIN tem 3 níveis de público alvo: estudantes concluintes do ensino médio politécnico; bolsistas em projetos de investigação e conexão de empresas brasileiras; e jovens que concluíram cursos politécnicos.

Carlos Lopes, Presidente da Câmara de Minas Gerais, conta que o PPIN é um projeto que materializa de forma completa e genuína um dos principais papéis das Câmaras Portuguesas de Comércio no Brasil que é “a promoção do intercâmbio do conhecimento acadêmico e cultural”. Neste caso, sob três perspectivas: “O PPIN vai possibilitar que jovens adolescentes se graduem em Portugal; que jovens graduados e com o auxílio de bolsas de investigação conheçam um ambiente cultural e acadêmico diferente do seu, elevando a sua bagagem acadêmica e cultural, além da aproximação efetiva das academias e empresas, permitindo que as necessidades de ambas sejam mais facilmente compreendidas e ajustadas no contato direto com esses estudantes e investidores; e, finalmente, na abertura de uma porta gigante entre o ensino Português e Brasileiro, que nos deve encorajar a tornar efetivas as tão prometidas palavras que nos afirmam irmãos, mas tão timidamente concretizada”, enfatiza.

O evento de apresentação do PPIN tem o apoio da Embaixada de Portugal no Brasil e da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal – AICEP e contará com a participação do presidente da FCPCB, Armando Abreu, do Secretário de Estado do Ensino Superior do Governo de Portugal, João Sobrinho Teixeira, do Vice-presidente do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, em representação do conselho do PPIN, Agostinho Silva, Orlando Rodrigues da Comissão Permanente do CCISP e Presidente do Instituro Politécnico de Bragança.além da participação das 18 câmaras de comércio no Brasil.

Os interessados em participar da apresentação do PPIN devem acessar o link https://bit.ly/3MPHwir e fazer o cadastro. Para mais informações contato@fcpcb.com.br

Serviço:
Data: 21/03 (segunda-feira)
Hora: 10h (no Brasil)
Local: evento online

Inscrições: https://bit.ly/3MPHwir

Hotéis Dom Pedro a três velocidades em função da sua geografia

Hotéis Dom Pedro a três velocidades em função da sua geografia

A recuperação do turismo está aí mas o ritmo não é igual em todo o país. Em conversa com o Turisver, Pedro Ribeiro, diretor comercial da Dom Pedro Hotels & Golf Collection, com hotéis no Algarve, Lisboa e Madeira, fala mesmo numa recuperação a três velocidades.

Como é que está a situação dos hotéis da Dom Pedro nesta fase, dita de endemia?

Nós podemos dizer que estamos a três velocidades, o que tem a ver com as três regiões onde estamos implantados. Estamos com uma velocidade muito acelerada no Algarve, onde os nossos números já estão ao nível de 2019, até mesmo um pouco superiores em termos de RevPar. Na Madeira estamos, por assim dizer, a uma velocidade média, já que a recuperação não está neste momento ao nível do que aconteceu em setembro a novembro de 2021.

O facto de para nós a recuperação na Madeira estar agora a fazer-se a um ritmo um pouco mais lento tem também a ver com o facto de neste destino trabalharmos muito com mercados emergentes, como é o caso do mercado ucraniano que estava com três voos semanais para a Madeira e que foi muito importante para nós na recuperação que tivemos em setembro e outubro do ano passado. Trabalhamos também muito com o mercado polaco, que é o nosso primeiro mercado na Madeira, e que está agora com muitas oscilações. Os mercados lituano e romeno também estavam a ser muito importantes e também estes podem ter algumas oscilações por causa da guerra na Ucrânia. Depois temos outros mercados, como o francês, o alemão e o inglês. A combinação dos dois tipos de mercados faz com que estejamos com a velocidade média que referi.

A terceira situação é a de Lisboa, onde a recuperação se está a fazer a um ritmo bastante mais lento, embora já com alguns sinais positivos. Neste momento já temos um grupo de MICE, marcado para os próximos dias 15 e 16, que nos vai ocupar todo o hotel. Estamos a ter alguma consistência ao nível dos grupos de MICE, o que é um segmento muito importante para nós e que poderá dar a recuperação ao hotel até ao final do ano. Em termos de MICE, o número de pedidos diários está, neste momento, em cerca de 80% do que era antes da pandemia, as confirmações ainda estão abaixo, mas como se sabe, no MICE aparece de repente algumas surpresas, como o grupo americano que nos vai ocupar 250 quartos e foi confirmado apenas com três semanas de antecedência, o que antes era impensável.

Os grupos de lazer também estão a começar a ter alguma concretização, principalmente no que toca aos mercados brasileiro e americano. Os mercados asiáticos é que estão completamente parados e eram os nossos principais mercados em termos de lazer. Temos uma operação nova de lazer do mercado alemão que também tem estado a trabalhar bastante bem e algumas coisas com o mercado grego, em Julho e agosto. No segmento dos individuais, o mercado brasileiro está a reservar, o mercado nacional também.

Ou seja, no que toca a Lisboa, estamos a entrar numa fase de algum dinamismo mas ainda estamos com números muito abaixo do que seria desejável.

Turismo interno foi determinante para os nossos hotéis do Algarve
Conseguiram proteger o Algarve, nos dois últimos anos, com o turismo interno?

Conseguimos, principalmente os períodos de verão, entre julho e setembro, podemos considerar que foram bastante positivos com o turismo nacional. Mesmo em 2020 conseguimos ocupações interessantes e em 2021 os meses de julho a novembro correram muito bem, aliás, os meses de setembro, outubro e novembro foram melhores do que em 2019.

Neste momento, estamos a assistir a uma recuperação muito forte do segmento de golfe.

Com um primeiro semestre tão bom no Algarve, é possível que terminem o ano com números muito parecidos aos de 2019?

Neste momento existe mesmo uma franca possibilidade de fecharmos 2022 com resultados acima de 2019.

Já conseguiram resolver a situação dos recursos humanos que é comum a todo o setor?

Não. Essa é uma situação que está bastante complicada. Temos feito alguma deslocalização dos nossos recursos humanos entre Lisboa e o Algarve porque como Lisboa tem demorado mais a ativar temos levado empregados para o Algarve. Este ano não sabemos o que vai acontecer até porque a equipa de Lisboa foi reduzindo pouco a pouco, não por iniciativa nossa mas por si mesmo e podemos chegar à época alta do Algarve e não poder contar com a equipa de Lisboa, até mesmo pelas necessidades que esperamos que o nosso hotel de Lisboa venha a ter.

Penso que a solução vai passar em muito pela importação de mão de obra, não estou a ver outra saída. Tem que haver, por parte das entidades oficiais, uma flexibilização das regras de imigração, porque estamos muito carenciados e não conseguimos que o mercado interno responda.

O Turismo de Portugal foi mantendo uma presença importante nos mercados
Tudo o que se poderia ter feito pelas empresas hoteleiras neste período, nomeadamente em termos de promoção, foi feito?

A promoção parou porque os fluxos pararam, mas penso que o Turismo de Portugal foi mantendo uma presença importante, em termos de comunicação, tanto junto do mercado nacional, quando não havia outros, como dos mercados internacionais quando se abriam algumas janelas e se pensava que ia acontecer a retoma. Acho que não haveria mais que se pudesse fazer.

Falando dos eventos, há vários fundos de apoio, alguns mecanismos para a sua captação mas seria importante que existissem eventos âncora, criados em Portugal ou captados. Esse é um trabalho que tem que ser feito porque é muito importante que existam conteúdos já que são eles que trazem negócio. E os conteúdos são transversais, desde o futebol à música e ao entretenimento, passando pelos congressos e conferências. Tudo isto somado é que traz dinâmica e ocupação à cidade.

Fonte: Turisver

Flow Desenvolvimento, sócia da CBPCE, completa 4 anos de vida

Flow Desenvolvimento, sócia da CBPCE, completa 4 anos de vida

No último dia 12 a Flow Desenvolvimento Integral completou 4 anos de vida.

“A alegria de deixar fluir o melhor que há em nós, para fazer fluir o melhor que há no outro é o que nos move e nos faz exercitar a nossa integralidade, nos reconstruindo dia a dia.

Nossa Flow é leveza que vem da essência, mas é também força ancorada na coragem de construir novos futuros aqui, no presente, único lugar onde é possível realizar a nossa ação.

Aqui sentimos, pensamos e agimos, buscando coerência com o que é sagrado em nós, acreditando que somos facilitadores de transformação, de dentro pra fora, do indivíduo para o mundo.

Isso é o que nos define “flows”.

Gratidão a todos que estão e “são flows” conosco, nessa jornada de construção de relações humanas nutritivas, ambientes saudáveis e um mundo melhor, alicerçado no Bem Comum.” definiu Adriana Bezerra do Carmo, proprietária da Flow.

Fonte: Flow Desenvolvimento

Reverso: no mundo real não há planeta B, por Rômulo Alexandre Soares

Reverso: no mundo real não há planeta B, por Rômulo Alexandre Soares

Lembro do meu primeiro acesso à internet, pela BR Home Shopping, em 1995. Eu tinha acabado de sair da faculdade de Direito da UFC e me conectado à Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), quando Fernando Cirino era presidente, Carlos Prado e Eduardo Bezerra lideravam a área internacional da casa e lançavam o Trade Point no Ceará, numa parceria com o Ministério de Relações Exteriores e a CNUCD, a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento. Uma das primeiras páginas que acessei na www foi o site do projeto. Era uma nova forma de conexão com o mundo.

Era o tempo do Netscape, Lycos, Alta Vista e Eudora, portais e aplicações que substituíram rápida e definitivamente o meu rádio Lafayette telsat, a minha antena plano-terra e aposentaram o meu prefixo PX7B4121 que me permitia modular com outros lugares do mundo.

A mudança veio rápida! A internet mudou nossa vida e, evoluindo do acesso discado, 3G, 4G, conectou-nos a qualquer aparelho que nos permite ficar on-line. Saímos da tela verde, vieram as telas coloridas, as agendas Cássio, os palms, celulares e, enfim, com óculos, estamos entrando na tela.

A experiência de entrar numa realidade paralela, cheia de avatares, o tal metaverso, é incrível, mas assustadora. Lembro-me em Lisboa há 6 anos, no WebSummit, ouvir um debate sobre teletransporte e eu ter me metido na conversa e dizer que achava que isso nunca existiria. E, se existisse, qual seria a utilidade? Se a realidade pode ser reconstruída sem desintegrar e reintegrar a matéria, de maneira mais barata e rápida, o teletransporte seria pouco útil. Realidade aumentada e realidade virtual seriam o futuro.

Noutro dia correndo na Antônio Sales percebi uma outra visão desse processo: nossos avós viveram e tiveram tudo no mesmo lugar. Depois, no tempo dos nossos pais, o lugar onde moramos e onde trabalhamos ficou distante entre eles. E hoje? Hoje, o trabalho e tudo vem vindo para perto de onde estamos e, além disso, iremos estar em vários lugares do mundo, vários versos, movimentando-nos à velocidade da luz. Quase tudo sem que a matéria saia do lugar. Esse é o tempo da nossa velhice e da juventude dos nossos filhos.

Mas a mensagem de alerta que damos para os Brunos e Cecílias, que se desconectem, precisa ser dada para nós mesmos. Já, senão será tarde. Proponho um grito contra o metaverso, que nos aproxima de Zion e nos distancia da Matrix. Que venha o multiverso, que inclua também este universo onde somos de carne e osso, vivemos e morremos.

Quero o melhor do mundo virtual e do mundo real. Quero folhear um livro infinito, trazer telas virtuais iguais às que vi em Minority Report. Mas quero dar um abraço verdadeiro, olhar nos olhos, não ser um avatar, admirar a beleza de um corpo que enruga, envelhece, mas que é meu desde o início, até o fim, fruto do código divino. Que tudo tenha um fim e um recomeço.

Proponho o reverso, uma jornada que misture tudo, onde avatares, carne, osso e energia convivem, em horas que somos superhuman@s e outras, falíveis e sujeitos às leis da física e da dor, conectados com a verdade, com um planeta que precisa ser cuidado. Enfim, não esquecer: no mundo real não há planeta B.

Fonte: Rômulo Alexandre Soares

Diretor da Fetranslog-NE afirma que alta do petróleo obriga o reajuste dos fretes

Diretor da Fetranslog-NE afirma que alta do petróleo obriga o reajuste dos fretes

Ele destaca que é preciso haver um consenso entre embarcadores e transportadores de um modo geral, para que seja dada uma condição mínima de trabalho, e não ocorra o risco de desabastecimento.

A invasão da Ucrânia pelas tropas russas gerou uma forte reação internacional, de embargo comercial a produtos oriundos da Rússia, inclusive o petróleo, está gerando uma alta desenfreada nos preços dessa importante commodity no mercado internacional. Já existia uma defasagem em relação ao preço dos combustíveis brasileiros. Com a guerra no Leste da Europa e a elevação do preço do barril do petróleo Brent, a Petrobras aumentou seus preços nas refinarias.

Segundo o presidente em exercício do Setcarce e diretor da Fetranslog Nordeste, Marcelo Maranhão, isto é algo pontual. “O petróleo varia muito. É difícil até fazer uma composição de custos, tem uma volatilidade muito grande. O certo é que neste momento, em caráter emergencial, as empresas de transportes precisam reajustar seus fretes”, afirmou.

Citou como exemplo um caminhoneiro que pegou uma carga em São Paulo para trazer para Fortaleza, com o preço do frete ajustado antes da alta do diesel e percorreu mil quilômetros, ou um terço do trecho. Neste momento houve a alta nos postos. Então, ele não vai conseguir completar a viagem, pois o gasto com o combustível, que representa mais de 50% do custo do frete, inviabilizaria qualquer ganho.

Ele destaca que é preciso haver um consenso entre embarcadores e transportadores de um modo geral, para que seja dada uma condição mínima de trabalho, e não ocorra o risco de desabastecimento. “Inclusive na próxima terça-feira (15), estarei viajando para Brasília, pois fui convocado para uma reunião emergencial convocada pela Federação Nacional dos Transportes, para que possamos discutir todas essas questões”, disse Maranhão.

O dirigente lembrou que está havendo uma ampla negociação entre integrantes dos setores de transporte e logística com seus clientes, e o Governo Federal está adotando algumas medidas emergenciais, a fim de garantir o fornecimento de produtos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos, combustíveis, entre outros, para garantir o abastecimento da população.

E destacou que é preciso aguardar o desenrolar da guerra na Ucrânia, a fim que o fornecimento do petróleo russo possa ser retomado, o que traria uma certa normalidade para a situação. “Mas tudo depende das definições do conflito que está ocorrendo no Leste Europa e estamos acompanhando de perto essa situação. Mas não existe um risco de desabastecimento imediato”, completou Marcelo Maranhão.

Fonte: portalin