Energia das ondas: Ceará pode ser referência em geração, mas aguarda investimento
Piloto de energia ondomotriz foi testado no Porto do Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, no início da década; paralisado, projeto aguarda capital
Muito tem se falado que o Ceará detém uma costa de 573 quilômetros e posição geográfica privilegiada, próximo à linha do Equador, e um litoral voltado para o hemisfério norte. Características que podem estimular, além da economia do turismo, investimentos em áreas pouco exploradas, como a geração de energia ondomotriz. Afinal, ondas oceânicas, assim como a irradiação solar e os fortes ventos presentes no Estado, também são fontes renováveis de energia. E o Ceará é beneficiado com uma regularidade climática de ondas o ano inteiro, recebendo essa massa de água sazonalmente em ambos os hemisférios.
A tecnologia voltada para energia ondomotriz ainda é embrionária, já que é a mais caçula das fontes renováveis. Entretanto, um projeto piloto foi implantado no dique de proteção do Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza, em 2006. Os testes só vieram seis anos depois. O empreendimento, o primeiro do gênero da América Latina, baseou-se em pesquisa realizada pelo professor Segen Farid Estefen, do Laboratório de Tecnologia Submarina (LTS) do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ).
De porte pequeno, o tanque tem condições de gerar 50 quilowatts de energia, o suficiente para abastecer cerca de 200 casas. O projeto, entretanto, não foi concluído no período previsto, de dois anos, e segue paralisado. “Mas a estrada está aberta para a iniciativa privada explorar essa fonte. Acreditamos que isso ocorrerá em um futuro próximo”, ressaltou o secretário executivo de Energia e Telecomunicações Adão Linhares Muniz, da pasta estadual de Infraestrutura.
Os primeiros resultados, de acordo com Muniz, foram positivos e fez com que o projeto evoluísse para um programa de Pesquisa e Desenvolvimento da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), patrocinado pela empresa Tractebel, depois pela companhia Engie Brasil. “As fontes eólica e solar estão na frente e ocupam uma participação relevante da matriz elétrica brasileira. A energia eólica offshore também entrará em uma sequência virtuosa nos próximos anos. Acreditamos que as fontes renováveis marinhas, tanto eólica offshore, de ondas e até mesmo de correntes terão seu protagonismo no tempo certo”, explica.
O secretário afirma, ainda, que a geração de fontes renováveis na costa e próximo ao consumo reduz as perdas de transmissão e distribuição. “Essas fontes podem produzir em horários quando a energia é mais cara. Como fontes intermitentes terão sempre uma geração excedente, que poderá vir a ser um grande diferencial para atração de investimentos através da oferta desse excedente por um preço diferenciado, em vez do incentivo fiscal”, disse.
Fonte: TrendsCE