Estreia da Brisanet na Bolsa fortalece presença de empresas do Ceará no mercado de capitais
A entrada da provedora de internet na B3, ontem, fortalece a atuação do Estado no segmento, que já contava com oito participantes. Lançamento oficial dos ativos movimentou R$ 1,435 bilhão, com as ações fechando o dia em R$ 13,93
Conforme as palavras do fundador CEO da Brisanet (BRIT3), José Roberto Nogueira, a empresa alcançou “mais um estágio propulsor para o nosso foguete, que tem mais de 20 anos de trajetória”, com o IPO (oferta inicial de ações) na B3, ontem. O lançamento oficial dos ativos movimentou a quantia de R$ 1,435 bilhão. Inicialmente, as ações inicialmente foram precificadas em R$ 13,92 e registraram leve alta (0,07%) ao longo do dia, fechando a R$ 13,93. Foram negociadas 89.798.851 ações na oferta-base e 13.469.827 no exercício do lote suplementar. A presença no mercado financeiro e os consequentes aportes que virá a receber podem elevar o valor da companhia ao patamar de R$ 5 bilhões e R$ 6 bilhões, segundo estimativas.
A entrada da Brisanet na Bolsa de Valores fortalece a atuação cearense no segmento, que já contava com oito participantes: Banco do Nordeste, Enel Ceará, Grendene, Hapvida, M. Dias Branco, Pague Menos e Aeris Energy. A Arco Educação tem ações na Nasdaq, dos Estados Unidos.
“É um momento de grande relevância para a empresa. Nós vamos ser a operadora que vai estar em qualquer lugar do Nordeste. É uma empresa que, para as próximas décadas, vai atender qualquer necessidade dentro da nossa área de abrangência. Começamos conectando pequenas cidades, distritos e vilas, e agora temos um novo compromisso, muito maior: continuar conectando, construindo infraestrutura de telecom, em função da a internet ser cada vez mais relevante na vida das pessoas”, observa José Roberto Nogueira.
“Temos o compromisso de fazer pontes, de construir trilhos para levar o futuro dos serviços, centenas deles, que vão precisar de infraestrutura de telecom para chegar às regiões mais remotas. A Brisanet é um exemplo de que qualquer lugar do planeta pode ter uma evolução”, reforça.
Crescimento
Com 22 anos de mercado, a provedora de internet Brisanet tem mais de 14 mil km de infraestrutura de backbones (linhas para distribuir internet às outras redes), 150 data centers e mais de 35 mil km de cabos diretos aos clientes. No total, são 6.300 funcionários e mais de 697 mil clientes, incluindo Pessoa Física e Jurídica, em 251 cidades do Nordeste, por meio de 94 franqueados.
Esses predicados técnicos indicam o destacado estágio de crescimento que a Brisanet alcançou, consolidando a presença das empresas cearenses na B3. “É extremamente importante a evolução do mercado de capitais cearense, mostra que as empresas estão se preparando, organizando e planejando, estruturalmente, e com protocolos contábeis, governança e estruturação de capital para atrair cada vez mais investidores e ampliar as suas operações”, avalia o economista Ricardo Coimbra, presidente do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE).
Recursos
Para Raul dos Santos, sócio-fundador da Aveiro Consultoria e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef Ceará), a presença dessa empresas na B3 pode projetá-las ainda mais no mercado.
“Para um Estado como o nosso, ter cada vez mais empresas acessando o mercado de renda variável é muito importante, porque é uma das melhores fontes de captação de recursos para que a empresa cresça. Isso não é endividamento bancário: através da abertura de capital, a empresa adquire uma quantidade muito grande de sócios, de forma pulverizada, e isso impulsiona os negócios de uma forma bem interessante”, observa.
Diante do momento de retomada da economia e da valorização geral dos ativos no mercado financeiro, as perspectivas são boas para as empresas do Ceará na B3. “Estamos falando de empresas do setor de alimentos, saúde, energias renováveis, tecnologia. São setores que o mercado gosta, promissores, no sentido de escalabilidade do negócio. São companhias maduras, que têm um nível de gestão bem interessante, capazes de entregar o que o mercado espera”, ressalta Raul dos Santos.
“As empresas cearenses na B3 têm uma tendência muito grande, com o reaquecimento da economia brasileira e no exterior, de que elas também se beneficiem e tenham uma perspectiva de valorização da suas ações”, acrescenta Ricardo Coimbra.
Desempenho das companhias do Estado na B3 supera expectativas
De acordo com a análise de especialistas, o desempenho das ações das companhias do Ceará listadas na B3 está acima das expectativas. Conforme Raul dos Santos, o empresário cearense já internalizou muito bem esse caminho. “A primeira grande referência foi a abertura de capital da M.Dias Branco, uma quebra de paradigma, e depois disso outras empresas passaram a sonhar com esse processo”, diz o vice-presidente do Ibef Ceará. “O Banco do Nordeste é uma empresa pública, mas foi importante ter aberto o capital, pois é a principal instituição do Nordeste a promover o desenvolvimento e o fomento de novos empreendedores”, observa, elogiando o desempenho da Arco Educação.
“A Arco promoveu uma inovação em cima da inovação: além de abrir o capital, o fez na Bolsa de Nova York (Nasdaq). Ela ousou duplamente, e hoje tem um processo de gestão muito avançado, com grande tendência de alta”, afirma Raul dos Santos. “E a Enel é uma grande companhia, com presença nacional, que atua em um setor de investimentos constantes e de grande soma”, reforça o sócio-fundador da Aveiro Consultoria.
Ricardo Coimbra destaca algumas das companhias cearenses na B3, como é o caso da Grendene. “Ela tem uma forte atuação em nosso Estado, para onde transferiu sua matriz, e com o crescimento do mercado consumidor. Tende a manter e fortalecer sua presença no mercado nacional e nas exportações”, explica, citando outro grande player cearense, o Grupo Pague Menos.
“É uma empresa que, ao longo dos últimos anos, fortaleceu o processo de transição da gestão, e atua em um segmento que tende a se expandir. Mesmo com o aumento da concorrência, tem ampliado os negócios”, diz, elogiando também a Aeris Energy. “É outra empresa que se instalou recentemente no Ceará, se fortaleceu e cresceu, dentro de um segmento em expansão, atraindo cada vez mais investimentos”, lembra. “E o Grupo Hapvida, mesmo abrindo recentemente seu capital, teve um crescimento muito grande, ampliando sua participação, adquirindo e desenvolvendo novos produtos”, completa o presidente do Corecon-CE.
Fonte: O Otimista em 30.07.2021