Turismo, tecnologia e metrópoles criativas, por Rômulo Alexandre Soares
Turismo, tecnologia e metrópoles criativas, por Rômulo Alexandre Soares
Estive em Portugal há duas semanas participando do Web Summit e de uma ação promovida pela Secretaria Estadual de Turismo em cooperação com a Câmara Brasil Portugal – CBPCE para divulgar o Ceará a empreendedores estrangeiros e mostrar que faz todo o sentido ações em torno do turismo, tecnologia e cidades criativas andarem juntas.
O Web Summit é um dos maiores eventos de tecnologia do mundo e, nesta primeira edição pós-pandemia, conseguiu atrair mais de 43 mil participantes. Lisboa alcançou essa façanha porque o evento é único, excelente para fazer conexões, mas também porque os criativos e inovadores adoram cidades diversas, vibrantes e costeiras. Portugal é o país mais ensolarado da Europa, tem praias incríveis, altas ondas para surfar, sua capital é inspiradora, seu povo é hospitaleiro e a sua história e gastronomia são fascinantes. Além disso, a juventude do país é globalizada e fala a língua franca do mundo. Isso tudo atrai turistas e eventos, mas atrai também empreendedores, cientistas e investidores. Apesar dos desafios socioeconômicos que temos deste lado do Atlântico, Portugal se assemelha ao Ceará em vários dos pontos que selecionei acima e que contam a nosso favor para repetir a fórmula portuguesa que tirou o Web Summit da fria Irlanda em 2015. Fomos a Lisboa para mostrar que estamos nos tornando um dos mais jovens, mas promissores, destinos para investimentos e negócios tecnológicos do Brasil e, obviamente, um hotspot turístico a menos de 7 horas da Europa.
O Ceará tem uma grande vocação para as energias renováveis e negócios ligados à economia do mar. Mas é bom lembrar que Fortaleza emplacou em 2019 com a chancela da Unesco o título de cidade criativa do design. Além disso, somos um hub de cabos submarinos que liga a América Latina a 16 lugares ao redor do mundo, inclusive Portugal e Angola, o que nos dá uma vantagem competitiva importante para atrair negócios em nuvem e datacenters.
Tudo isso foi potencializado pela indústria do turismo que viabilizou a instalação em Fortaleza de um importante hub aéreo da América do Sul que conecta o continente com a Europa, a América do Norte e a África. Devido à malha aérea que liga Fortaleza a outras cidades estratégicas do Atlântico, o Ceará, ao sediar a Universidade Luso-Afro-Brasileira, tornou-se um dos estados brasileiros que mais atraem estudantes estrangeiros.
Além de um ecossistema vibrante para empreendedores e inovadores, temos, assim como Portugal, algo que muitos jovens criativos do mundo inteiro adoram: é nosso o melhor vento para a prática do kitesurfe – um dos recordes mundiais nesse esporte é do Ceará – a água do mar está sempre na temperatura certa e, por isso, um destino incrível para nômades digitais. Jeri, Cumbuco e Fortim, entre outras diversas praias dos mais de 573 km de costa atlântica, são prova disso. No mais, temos uma razoável infraestrutura para eventos e um ecossistema de inovação em franca expansão.
Porque se fez uma aposta consistente na indústria do turismo, o Ceará se transformou num estado conectado com o mundo. Um lugar que é bom para passar férias e viver também tem capacidade de atrair empreendedores e empresas de tecnologia e realizar eventos internacionais incríveis.
Por Rômulo Alexandre Soares