Startups ganham força em meio à disrupção econômica

Startups ganham força em meio à disrupção econômica

Ceará conta com uma das maiores comunidades do Nordeste e o apoio de entidades como o Sebrae, o que pode ajudar na captação de investimentos
Com a proposta de buscar soluções para os variados desafios do mundo empresarial, as startups têm chamado cada vez mais a atenção de investidores, que vislumbram nas jovens empresas uma boa possibilidade de retorno, sem a necessidade de um aporte tão significativo. No Ceará, as comunidades têm crescido ao longo dos anos e, com o apoio de entidades como o Sebrae, tendem a ganhar ainda mais força no atual momento de disrupção e retomada da atividade econômica, onde a inovação deixou de ser opção e virou necessidade.

De acordo com dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), em 2019, o Rapadura Valley, a comunidade de inovação do Ceará, localizada em Fortaleza, contava com 81 startups ativas, o que correspondia a 14,1% do número total do Nordeste. Dessas, 43,4% já estavam em fase de operação e 50% tinham como alvo o B2B (empresas), mercado forte em toda a região. “Sobre o faturamento das iniciativas, destaca-se que 22,86% destas faturaram, no último ano, entre R$ 50 mil e R$ 250 mil”, destaca o mapeamento da entidade.

Membro do Rapadura Valley, Mário Alves, que também é sócio e consultor da Indigital.lab, diz que, atualmente, a comunidade conta com mais de 70 startups cadastradas e mais de 200 empreendedores. Segundo ele, o Ceará certamente possui muito mais gente atuando no ecossistema da inovação, mas que ainda não foi identificada. “É difícil mapear com efetividade, pois a atividade é muito dinâmica, mas temos nos organizado ao longo dos últimos anos e buscado o contato com todas as pessoas ativas. Acredito que temos mais de mil”, opina.

Em 2019, o Rapadura Valley venceu a categoria comunidade revelação no Startup Awards, a maior premiação do ecossistema nacional, o que deu ainda mais destaque ao potencial da comunidade cearense. Para Mário, com o atual momento de incertezas e de preocupação com o futuro da economia, é natural que o meio empresarial busque aumentar o contato com ideias inovadoras e, consequentemente, os investimentos em iniciativas que possam trazer soluções.

“O grande diferencial das startups é a proximidade com o mundo digital, até porque é lá que elas nascem. O atual período ensinou às empresas o quanto é importante ter presença digital para obter vantagem competitiva, então creio que os grandes empresários vão querer estar mais próximos dessa mentalidade, o que deve gerar crescimento de alianças e de investimentos”, diz Mário Alves.

Dentre os segmentos de atuação das startups cearenses, o grande destaque é a área de educação (Edtech), com 15% das iniciativas mapeadas pela ABStartups. “Não é à toa que alguns cases de sucesso da comunidade são da área, entre eles temos a Agenda Edu e a Arco Educação – empresa que começou como uma startup e, atualmente, possui capital aberto na bolsa norte-americana Nasdaq e é avaliada em mais de US$ 2 bilhões”, diz o relatório da Associação.

Além de educação, outras áreas que se destacam entre as startups cearenses são: saúde e bem estar, com 10,6% de participação; varejo e atacado, também com 10,6%; e os segmentos de comunicação e marketing, big data (análise de dados) e direito, ambos com 6% de participação. “São formas de pensar diferente, que podem oferecer grandes ganhos às empresas. Ter esse conhecimento de processos e de ferramentas é essencial”, destaca Mário Alves.

Apoio para o desenvolvimento

Para auxiliar no amadurecimento de suas ideais, as startups cearenses contam com o importante apoio do Sebrae-CE, que, através de algumas iniciativas, tem ajudado a comunidade do Estado a crescer mais forte e capacitada. Uma dessas ações é o programa StartupCE, que realiza uma pré-aceleração de startups selecionadas e a capacitação de seus empreendedores para que posam colocar suas ideias de negócio inovadoras no mercado de forma rápida e consistente.

“O programa seleciona de 20 a 25 empresas e atua na parte de início da startup, através de oficinas, mentorias e rodas de conversa com outros empreendedores. Ao final, há uma apresentação oficial daquelas ideias ao ecossistema”, explica a analista do Sebrae-CE, Marilia Diniz. Segundo ela, já foram realizados três ciclos do StartupCE, com mais de 70 startups e 200 empreendedores participantes. Neste ano, o programa ainda não ocorreu por conta das limitações impostas pela pandemia, mas ajustes estão sendo feitos para o lançamento do próximo ciclo.

“Temos conseguido manter um grau de mortalidade bem abaixo da média. Das startups que passaram pelo programa, 50% continuaram com o mesmo projeto e se desenvolveram, enquanto que, nacionalmente, este índice costuma ser de apenas 20%. Mesmo quem desiste de determinada ideia acaba empreendendo em outros segmentos de uma forma mais capacitada”, destaca Marilia Diniz.

A analista também esclarece que, além do StartupCE, há vários programas nacionais que o Sebrae-CE apoia e executa. Um exemplo é o Capital Empreendedor, que ajuda no momento de buscar financiamento e acessar os investidores. “Tem também o InovAtiva, que é um programa de mentoria e aceleração nacional, em parceria com o Ministério da Economia, assim como o Nexos, que promove a conexão de startups com médias e grandes empresas, através de desafios. Outro exemplo é o Sebrae Conecta, que fornece consultoria e suporte às empresas que precisam, conectando-os com mentores e consultorias. Há uma ação bem ampla, local e nacionalmente”, comenta.

Ainda de acordo com a analista do Sebrae-CE, o que pode contar a favor das startups no atual cenário de retomada da economia é a agilidade, uma das características mais marcantes dessas iniciativas. “As startups mudam, agem e aprendem rápido. Elas ‘erram barato’, o que é fundamental num cenário onde é preciso gastar pouco e criar ações com rapidez”, opina Marilia. Para ela, esse modelo de atuação tem muito a oferecer à sociedade e a potenciais investidores. “Creio que elas podem se destacar muito neste momento de reajuste”, completa.

Desafios a superar

Mesmo em um cenário favorável, ainda há alguns desafios a serem superados para a criação de um ambiente efetivamente promissor às startups cearenses, explica Machidovel Trigueiro, professor da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Florida International University (FIU/USA). Segundo o acadêmico, que possui pesquisas em Stanford na área de Direito das startups e Inteligência Artificial, o Ceará possui “duas questões limitantes” que devem ser melhoradas.

“Temos a questão da infraestrutura, principalmente no que diz respeito ao acesso à internet para pessoas das regiões mais afastadas do Ceará. Se vencermos esta barreira, haverá uma revolução de oportunidades no Estado, pois estamos perdendo ideias inovadoras e jovens talentos por conta dessas limitações no Interior”, destaca o professor.

Ainda de acordo com Machidovel, outro problema é o crédito, que tem ficado mais escasso no atual período de crise. “Os bancos não estão liberando recursos com facilidade para essas empresas, o que dá ainda mais importância aos investidores privados”, conta.

Para o professor, ao conseguir superar esses desafios, as startups certamente poderão oferecer diferenciais às empresas em meio à economia do “novo normal”, onde muitos processos precisarão ser aperfeiçoados. “As empresas não têm mais como fugir do digital. Quem achar que vai continuar da mesma forma que antes, acabará fechando as portas. Não consigo enxergar uma grande empresa, hoje, sem tecnologia e, mais à frente, sem Inteligência Artificial”, pontua. Dentro deste contexto, diz, as startups podem auxiliar nessa evolução.

Oportunidades no Ceará

Sobre possíveis oportunidades para os empreendedores cearenses, Machidovel Trigueiro, que também é criador da startup Mememoria, que tem como objetivo eternizar digitalmente as memórias em vida, cita alguns setores ainda pouco explorados como opção para quem estiver disposto a apostar em uma ideia. “Um segmento que ainda vejo ser pouco trabalhado pelas startups é o de Turismo, que, inclusive, tem muita força no Ceará. Com o reaquecimento do setor após a pandemia, pode haver uma boa oportunidade de negócio surgindo”, opina.

“Ainda existe muito o que fazer no setor de educação, na agroindústria e na área de logística, que tem um espaço muito grande. Já na questão das fintechs, que são startups ligadas ao setor financeiro, não vejo muita opção para a comunidade cearense concorrer com a evolução que já há no Sul e Sudeste. É um segmento muito saturado e desenvolvido naquelas regiões”, diz Machidovel.

Por fim, o professor e empreendedor avisa que é preciso muita preparação e conhecimento para apostar as fichas numa startup. Conforme diz, “se é para abri-la amanhã, o ideal é que por trás disso haja meses de estudo preliminar”. Para ele, além de estudar profundamente o mercado, os empreendedores também devem buscar uma área que realmente consigam se identificar.

“Procure uma atividade que lhe dê prazer, não só porque pode dar dinheiro. O mercado não está para brincadeira, então é necessário a paixão por aquela atividade para fazê-la crescer. Ademais, é preciso ver como inserir a tecnologia naquela ideia. Não adianta abrir, hoje, um novo negócio sem tecnologia”, finaliza.

Fonte: Trends CE 22/07/2020

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Em decisão inédita, UE aprova pacote trilionário para reconstrução pós-coronavírus

Em decisão inédita, UE aprova pacote trilionário para reconstrução pós-coronavírus

Após quatro dias e quatro noites de negociações, líderes dos 27 países da União Europeia chegaram na madrugada desta terça (21) a um consenso sobre o orçamento comum dos próximos sete anos (MFF) e o programa de reconstrução da economia pós-coronavírus.

Ao aprovar o pacote de mais de 1,8 trilhão de euros (R$ 11 trilhões, mais que o PIB anual do Brasil), o Conselho Europeu mobilizou recursos inéditos para um projeto geopolítico e econômico de transformar o bloco em liderança na economia verde e em digitalização.

Os países também fortaleceram o papel da Comissão Europeia (Poder Executivo da UE), ao autorizar pela primeira vez na história que ela faça um empréstimo em nome de seus membros para os investimentos na retomada, no valor de 750 bilhões de euros (R$ 4,6 trilhões, valor maior que o PIB anual da Suíça ou da Argentina).

Como tudo o que envolve muito dinheiro, interesses diversos (ou até contraditórios) e a oportunidade política de ocupar o palco da mídia, foi uma negociação cheia de declarações acaloradas e farpas explícitas.

O principal foco de discórdia era como distribuir esse dinheiro, que será levantado no mercado financeiro internacional com a garantia de todos e terá que ser devolvido também pela contribuição comum, em 30 anos a partir de 2028.

A divisão inicial, que destinava 500 bilhões de euros (dois terços do total) para programas a fundo perdido, era inadmissível pelos chamados Frugais (Holanda, Dinamarca, Suécia e Áustria, com algum apoio da Finlândia). Sob liderança do premiê holandês, Mark Rutte, eles veem as doações como “prêmios” a países que, segundo eles, controlam mal seus cofres públicos.

No novo compromisso, essa parcela caiu para 52% do total, ou 390 bilhões de euros, uma vitória para o “grupo dos países mais mesquinhos e egoístas”, nas palavras do premiê polonês, Mateusz Morawiecki.

Os 360 bilhões de euros restantes ficarão disponíveis para empréstimos a países que não conseguirem juros menores no mercado internacional (11 dos 27 membros, segundo cálculos da Comissão).

No jantar de domingo, quando as negociações pareciam não avançar após três dias, o premiê italiano, Giuseppe Conte, também se voltou contra Mark Rutte: “Você pode ser herói na sua casa por mais alguns dias, mas corre o risco de ser responsabilizado por decepcionar a Europa”.

A Itália ocupava posição central nas preocupações políticas da Comissão Europeia, que considerava fundamental um pacote de reconstrução que não dificultasse a vida dos países do sul.

Abalada já antes da pandemia, a economia italiana foi uma das mais debilitadas pelo coronavírus, que matou mais de 35 mil pessoas no país (1 em cada 1.724 habitantes).

O PIB do país deve encolher 11% neste ano (acima da média do bloco, de 8%), e a recuperação prevista para 2021 é de pouco mais da metade disso (6%), segundo estimativas da UE divulgadas há duas semanas.

Num cenário visto como caldo de cultura ideal para populistas que defendem um “italexit” (a saída do país do bloco, a exemplo do que ocorreu com o Reino Unido no brexit), um fracasso da União Europeia em socorrer seus membros nesta crise seria pólvora no discurso já explosivo.

O pacote final trará alívio significativo para o governo italiano: mais de 82 bilhões de euros em doações e a possibilidade de emprestar quase 130 bilhões de euros. “Este acordo foi uma prova da capacidade da UE de agir”, disse a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, na madrugada de terça;

Outra discussão política que atrasou o desfecho foi sobre como usar os recursos comuns para pressionar países que têm adotado ações consideradas antidemocráticas e em desacordo com as regras da UE em áreas como liberdade de imprensa e do judiciário e políticas de imigração. É o caso da Hungria e da Polônia, por exemplo.

A Holanda queria incluir um mecanismo para barrar repasses se houvesse dúvidas sobre sua governança, o que o premiê húngaro, Viktor Orbán, chamou de “táticas comunistas”.

“Quando o regime comunista decidiu nos atacar [a Hungria foi satélite da União Soviética até 1991], usaram termos jurídicos vagos como os da proposta do holandês”, afirmou Orbán, referindo-se a Rutte.

Como a decisão do Conselho Europeu tinha que ser por unanimidade, o húngaro ameaçava barrar todo o pacote se o texto permitisse “intervenção em seus assuntos internos”. No final, sobraram referências vagas à importância do Estado de Direito.

Além de reduzirem a fatia das doações no pacote de socorro, os países mais ricos também conquistaram uma redução no valor de suas contribuições ao orçamento comum (que será de 1,074 trilhão de euros para o período de 2021 a 2027). Na prática, a concessão aos mais ricos implica cortes nos benefícios aos mais pobres.

Nesse tema, quem virou alvo de irritação francesa foi o premiê austríaco, Sebastian Kurz, que deixou o plenário para um telefonema.

Segundo relatos, o presidente Emmanuel Macron chegou a bater na mesa em sinal de contrariedade: “Está vendo? Ele não se importa, não ouve os outros. Sua atitude é ruim, só se importa com a imprensa”.

“É compreensível que algumas pessoas, quando não dormem muito, tenham os nervos à flor da pele. Mas tudo fica bem quando acaba bem”, disse o austríaco ao comentar o episódio.

Depois de tanto azedume, o acordo poderia ter sido selado durante o jantar de segunda, que começou às 21h20 e tinha por sobremesa um bolo de limão.

Mas o desfecho só foi anunciado às 5h31 (horário local, 0h31 no Brasil), 89 horas e 31 minutos depois de iniciada, na manhã de sexta (17). Por ironia, um dos debates na madrugada final foi a troca da palavra “decisivamente” por “exaustivamente”.

Foi “uma das negociações mais difíceis” em que já esteve envolvido o premiê da Letônia, Krišjānis Kariņš, segundo post em sua rede social, e Xavier Bettel, de Luxemburgo, disse nunca ter visto “posições tão diametralmente opostas” em sete anos de Conselho Europeu.

Não foi, porém, a batalha mais longa. Uma cúpula realizada em Nice (França) no ano 2000, durou 90 horas.

Fonte: Folha em 21/07/20

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Parcerias Público-Privadas são oportunidades para ampliar investimentos no Ceará

Parcerias Público-Privadas são oportunidades para ampliar investimentos no Ceará

Diante da crise econômica desencadeada pela pandemia da Covid-19, é natural que, por algum tempo, os grandes investimentos públicos fiquem restritos por questões orçamentárias. Neste cenário, as Parcerias Público-Privadas (PPPs) despontam como alternativa para garantir a continuidade do desenvolvimento regional, sem que haja desequilíbrio financeiro. No Ceará, este tipo de parceria tem ganhado espaço e tende a ser ainda mais estimulado pelo Governo, que trabalha em projetos viáveis e atrativos, sem abrir mão do interesse coletivo.

Atualmente, o Ceará conta com apenas uma PPP efetivamente contratada, que diz respeito aos serviços de atendimento ao cidadão Vapt Vupt, com três unidades em Fortaleza, uma em Juazeiro do Norte e outra na cidade de Sobral. Assinado em novembro de 2013, com o valor total de R$ 640,6 milhões, a parceria tem um prazo de concessão de 15 anos. Além disso, o Governo estuda uma nova PPP para a administração da Arena Castelão, tendo em vista que o contrato anterior, assinado em novembro de 2010 por R$ 518,6 milhões, e que virou referência nacional pelo bom andamento, venceu em dezembro de 2018.

A grande prioridade no momento, entretanto, é o projeto de implantação, operação e manutenção de uma planta de dessalinização de água marinha, que forneça água para consumo humano nas estruturas hidráulicas existentes da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Conforme Ticiana Gentil, titular da Coordenadoria de Captação de Recursos e Alianças com o Público e o Privado (Cocap), da Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag), o projeto, que já teve seu edital lançado, está tendo um grande interesse por parte do setor privado.

“A Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), dona do projeto, já recebeu mais de 170 questionamentos sobre esta PPP, o que nos deixa otimistas. A ideia é termos a maior planta de dessalinização da América Latina, com vazão mínima de um metro cúbico por segundo (1 m³/s) e capacidade de suprir as necessidades de 720 mil pessoas num primeiro momento”, destaca Ticiana.

Além da planta de dessalinização, o Governo do Estado também estuda, por meio de um convênio com a Caixa Econômica Federal, o projeto de PPP para a implantação do Aterro Sanitário do Cariri, que visa atender os municípios da região. “Antes de acontecer a pandemia, o Governo já trabalhava fortemente nessa interação com o setor privado, posto que essas parcerias geram desenvolvimento, empregos e arrecadação ao Ceará. Agora, com planejamento de longo prazo e ouvindo todas as secretarias, a tendência é de que esses projetos sejam ainda mais estimulados, sempre com transparência”, diz Ticiana.

Ainda de acordo com a titular da Cocap, o fato de o Ceará possuir uma responsabilidade fiscal elevada, sendo referência no Brasil, oferece ainda mais atratividade às empresas privadas interessadas em PPPs. Ela lembra, ainda, que o Estado também conta com uma Lei de Garantias desde 2014, o que passa mais segurança financeira às possíveis parcerias; um grupo técnico focado exclusivamente em PPPs; e um Tribunal de Contas Estado (TCE) que analisa a viabilidade dos projetos, reduzindo os riscos de os mesmos serem interrompidos.

Benefício mútuo

Para Eugênio Vieira, advogado na área de infraestrutura, o grande diferencial de uma PPP é o fato de ela oferecer, efetivamente, benefícios tanto ao poder público, como também para os entes privados que fazem parte da parceria. “No caso do poder público, ele poderá fazer os investimentos necessários, mesmo com recursos mais escassos no atual momento, podendo diferir o pagamento no longo prazo. Além disso, há a vantagem de ter, através do particular, um acréscimo de know-how para conduzir a atividade com maior eficiência”, opina.

Pelo lado do setor privado, Eugênio destaca que, em um cenário de incertezas como o atual, o fato de uma empresa ter a garantia de recebimento numa PPP, trabalhando num modelo onde já estima o seu retorno de capital, traz importante segurança financeira diante da instabilidade econômica vivida pelo País. “São investimentos vultuosos, que oferecem uma segurança considerável. Além disso, a taxa de retorno é competitiva, na comparação com investimentos em títulos públicos, por exemplo”, comenta. Sobre os setores com maior potencial de atrair PPPs no Ceará, o advogado aposta suas fichas em quatro segmentos.

“Eu vejo a área de saneamento básico, com a aprovação do novo marco regulatório, com enorme potencial a ser explorado via PPPs. Além disso, o setor de energias renováveis, considerando que o poder público é um dos principais consumidores de energia, tem tudo para ganhar força e ser mais flexibilizado. Também vejo possíveis parcerias em projetos que possam ser relevantes para o turismo do Estado e no sistema penitenciário, onde é possível vincular melhorias nas unidades à administração privada”, pontua Eugênio Vieira.

O advogado cita, ainda, alguns equipamentos do Ceará, a exemplo da Centrais de Abastecimento do Ceará (Ceasa), como possibilidade de fazer parte de uma PPP para maximizar sua eficiência. Ademais, projetos estruturantes, como a melhoria de rodovias por todo o Estado, também são mencionados por Vieira.

O que diz a lei

No Brasil, as PPPs são reguladas pela Lei Federal 11.079/2004, que oferece as diretrizes para que cada Unidade da Federação crie sua própria legislação. No Ceará, a modalidade de contratação foi editada antes mesmo da lei federal, mas acabou adaptada em 2009, com a Lei 14.391, que trata das PPPs no Estado. O primeiro contrato assinado pelo Estado ocorreu em 2010, para a reforma do estádio Castelão, escolhido para receber jogos da Copa do Mundo da Fifa.

De forma resumida, a Parceria Público-Privada pode ocorrer por meio de duas modalidades: concessão patrocinada ou administrativa. No primeiro caso, o contrato envolve a concessão de serviços públicos ou de serviços e obras públicas, com a cobrança de tarifa aos usuários, que funciona como um complemento à contraprestação mensal paga pelo parceiro público ao privado.

Já na concessão administrativa, não há a cobrança de tarifas ao usuário, uma vez que as contraprestações mensais são realizadas exclusivamente pelo parceiro público ao privado, a partir do início da operação dos serviços. Este tipo de concessão, o mais comum no Brasil, ocorre quando o projeto, mesmo sendo de interesse público, não é rentável ou competitivo para o setor privado.

“A lei também estabelece que o parceiro privado atinja determinados níveis de qualidade e de atendimento do serviço. Há índices que o poder público vincula ao pagamento das contraprestações. Se a empresa não atingir a qualidade e eficiência determinadas no edital, ele pode receber menos recursos do Governo ou até mesmo perder aquela concessão”, explica o advogado Eugênio Vieira.

Desafios para prosperar

Consultor referência nacional em projetos de PPPs, o engenheiro civil André Barbosa, presidente da Oficina Brasileira de Projetos de Infraestrutura Social e Econômica (OBPI), destaca que a eficiência é o grande ponto a ser observado em uma Parceria Público-Privada, ainda mais num cenário de escassez financeira. “O Governo não terá recursos novos para aplicar, então o ideal é destinar as despesas já existentes a projetos que tragam mais eficiência naquela área. Isso é o que justifica uma PPP por parte do poder público”, comenta.

Como forma de conseguir captar bons investimentos através de PPPs, André também menciona que um dos desafios do poder público é criar um ambiente institucional de atração e de boa recepção para com a iniciativa privada, demonstrando que há o interesse e a boa vontade em fazer as parcerias acontecerem.

“Neste aspecto, creio que o Ceará é atrativo, pois tem um histórico positivo com as empresas que o procuram. Há, portanto, uma ambiência positiva no Estado, que também é financeiramente bem administrado. Isso não quer dizer que não há desafios a serem superados, como a severa restrição fiscal e a burocracia presente em praticamente todos os estados brasileiros”, comenta André Barbosa.

Outro ponto destacado por André é que os projetos de PPPs devem ser bem assessorados para evitar a perda de tempo e de recursos em ideias que não sejam efetivamente viáveis. Segundo ele, é preciso deixar de lado o “excesso de otimismo” e focar em questões técnicas para que as parcerias possam prosperar.

“A chave do sucesso é a gente procurar ao máximo a viabilidade daquele projeto, fazendo uma análise minuciosa dos riscos e das especificidades do possível contrato. É preciso ter a certeza de que aquela configuração é realmente factível, pois não há mais tempo ou recursos para se investir em hipóteses”, finaliza.

Fonte: TrendsCe em 17.07.2020

Setor produtivo espera 100% de adesão ao Compre do Ceará

Setor produtivo espera 100% de adesão ao Compre do Ceará

Expectativa do presidente da Fiec é que projeto perdure no mercado local

A campanha Compre do Ceará deverá durar pelo menos seis meses a partir do lançamento, impulsionando a circulação de mercadorias locais. Mas para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará, Ricardo Cavalcante, a expectativa é que essa iniciativa possa se consolidar no Estado e que tem apoio de todas as empresas da cadeia produtiva cearense.

A perspectiva foi apresentada ontem à tarde, na sede da Fiec, durante o evento de lançamento da segunda fase do projeto, que deverá contar com peças de divulgação para a população e de incentivo de participação para os negócios.

Ricardo Cavalcante ainda disse que a campanha tem o objetivo de dar mais suporte aos pequenos empresários ou às pessoas que estão entrando agora no mercado, buscando alguma oportunidade durante a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus. Ele afirmou esperar que o Compre do Ceará possa gerar uma marca positiva no mercado.

“Esse projeto, eu espero que se torne algo que fique marcado, como dizem as nossas personalidades. E é importante que esse projeto beneficie o pequeno empresário, aquele que tem só um funcionário, mas que pode acabar contratando mais um no segundo mês. A gente tem de fomentar a evolução desses pequenos empresários, porque são eles que estão se lançando no mercado nesse momento de dificuldade”, disse.

Adesão

Já o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, afirmou que a expectativa do setor produtivo é a adesão de todas as empresas locais à campanha. Com foco nas ferramentas de comunicação, o projeto espera gerar mais engajamento com o tempo, fazendo com que mais empresas possam aderir ao passo que mais pessoas consumam os produtos cearenses. Filizola disse que os sindicatos empresariais também terão papel fundamental no processo.

“A comunicação chegará às empresas pelos sindicatos e também pela imprensa. Além disso, teremos o site com várias peças que os empresários possam marcar seus produtos ou empresas com um selo cearense e aí, sim, a população, vendo isso possa aderir”, destacou o presidente da Fecomércio.

Fonte: Diário do Nordeste em 17/07/20

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Edição 2020 do Ceará Global debate negócios internacionais, atração de investimentos estrangeiros e cooperação internacional

Edição 2020 do Ceará Global debate negócios internacionais, atração de investimentos estrangeiros e cooperação internacional

O evento deste ano acontece em formato especial, pela internet. Nos dias 25, 26 e 27 de agosto os participantes terão diferentes canais temáticos para acompanhar a programação que se desenvolverá sobre um mapa virtual da Região Metropolitana de Fortaleza e dos prédios e locais mais importantes para os negócios internacionais do Ceará

O Ceará tem investido nas últimas décadas para garantir uma posição de destaque no processo de desenvolvimento econômico regional e nacional. Diferenciais como a localização estratégica, educação pública, equilíbrio fiscal, os investimentos em infraestrutura, e as recentes conquistas dos hubs (portuário, aéreo e tecnológico) têm ajudado a desenvolver o estado, através da abertura de novos negócios e da geração de mais empregos.

Atento a esta realidade, o Ceará Global, principal evento voltado para a internacionalização da economia do Ceará, chega à quarta edição entre os dias 25, 26 e 27 de agosto, com o tema: O Futuro em 360º. Este ano, o evento ganha edição especial e, pela primeira vez, ocorre de forma online, por meio de plataformas de streaming. Por meio de transmissões virtuais, os participantes terão acesso a palestras, cases e workshops sobre os principais temas que envolvem o comércio exterior e o investimento estrangeiro no estado.

A Presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da ADECE e coordenadora do Núcleo de Práticas em Comércio Exterior (Nupex) da Unifor, Mônica Luz, explica que o Ceará Global surgiu para dar visibilidade aos esforços do estado na elaboração de sua política de internacionalização. “O Ceará conta com uma localização geográfica estratégica e uma excelente infraestrutura portuária e aeroportuária, além de uma rede de fibra ótica que conecta o Brasil ao mundo, e toda essa ambiência traz otimismo e novas perspectivas econômicas”, reforça.

Diferencial
Este ano, o evento será totalmente online, possibilitando uma imersão total através de uma plataforma integrada, levando novidades e experiências para mostrar as conexões que existem entre o Ceará e o mundo. A expectativa dos organizadores é alcançar uma audiência superior a 10 mil participantes durante toda a programação. Segundo Rômulo Soares, um dos idealizadores do movimento Ceará Global em 2016, “a edição deste ano faz referência à necessidade de olharmos em 360º antes de escolher caminhos. Além disso, a idéia de levar o mapa da Região Metropolitana de Fortaleza para o mundo virtual será uma forma de mostrar como a cidade se tornou uma das mais importantes metrópoles de influência regional do Nordeste”.

Ao longo dos três dias de evento online, serão mais de 19 horas de programação com palestrantes e conteúdos para empreendedores que atuam em negócios e cooperação internacional. Os participantes contarão, ainda, com diversas experiências em realidade virtual que mostrarão por dentro como operam os ambientes ligados à internacionalização da economia.

Mônica enfatiza como o público irá vivenciar uma agenda imersiva ligada aos negócios internacionais. “Recriamos na internet um mapa interativo com as principais entidades que atuam em negócios internacionais no Estado do Ceará. O evento acontecerá virtualmente dentro de cada uma delas e dividimos, em cada um desses prédios, a programação do evento pelo perfil dos participantes e seus interesses”, aponta. Outro destaque será a realização de um Hackaton, evento que acontecerá nos mesmos três dias com o objetivo de reunir pessoas de negócios, desenvolvimento e designers para apresentar soluções inovadoras para a internacionalização de pequenos e médios negócios.

O Ceará Global é uma iniciativa articulada pela Câmara Setorial de Comércio Exterior e Investimento Estrangeiro (CS COMEX & IE), com a co-realização do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (SEBRAE/CE), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (FECOMÉRCIO/CE), Câmara Brasil Portugal, Universidade de Fortaleza (UNIFOR), organização da Prática Eventos e Muvon e tem o Jornal O Povo como media partner.

SERVIÇO:
Ceará Global 2020: o futuro 360º
Dias 25, 26 e 27 de agosto de 2020
INSCRIÇÕES: https://bit.ly/cearaglobal2020

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Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Balança comercial mostra a construção de um novo Ceará

Os números das transações internacionais do Ceará no primeiro semestre de 2020 disponibilizados pelo Ministério da Economia trazem detalhes importantes, para além da esperada redução das transações internacionais durante o período da COVID-19.

Como escrevi em outra ocasião, as crises são oportunidades para se sair da zona de conforto e se perceber que setores que até há poucos anos não tinham expressão na nossa pauta de transações internacionais, estão sendo revelados.

Em resumo, neste primeiro semestre, as exportações cearenses retraíram 15%, as importações cresceram 9.9% e, somadas, geraram um déficit de US$ 255 milhões. Essa realidade nos faz retornar aos números de 2017, quando o Ceará exportou cerca de US$ 965 milhões e importou US$ 1,11 bilhões.

Para deixar bem claro que esse resultado precisa ser contextualizado, é bom lembrar que há 7 anos atrás precisávamos de um ano inteiro para alcançar esses mesmos números que produzimos em seis meses. A evolução é expressiva!

Mas há algumas mudanças que precisam ser salientadas. Por exemplo, as fatias detidas pelos principais parceiros comerciais do Ceará mudaram um pouco este ano em comparação aos anos anteriores. Os EUA continuam sendo responsáveis por cerca de 1/3 das trocas internacionais cearenses. Mas a China, que representava 10% no ano passado, saltou para 16%, aumentando a sua participação na fatia do bolo, permanecendo o segundo principal parceiro comercial do estado.

Por sua vez, olhando apenas as exportações, alguns detalhes a serem observados: em comparação ao mesmo período do ano passado, o Ceará reduziu suas vendas para os EUA (-27%), México (-53%), Holanda (-12%) e Coreia do Sul (-31%). Contudo, as vendas externas cresceram para China (397%), Canadá (262%) e, para a Turquia e a Bélgica, superaram um crescimento de mais de 1.000% cada.

Definitivamente, os produtos semiacabados de ferro ou aço são a principal fonte de divisas externas. Em menos de 4 anos a Companhia Siderúrgica do Pecém tornou o Ceará o segundo maior exportador brasileiro desse item da pauta de exportação, deixando no estado atrás apenas do Rio de Janeiro.

Sozinha, essa indústria, que ocupa a 13ª posição das exportações totais do Brasil, é a 1ª do Ceará e equivale a 54% de tudo o que o estado vende para o exterior. Em outras palavras, a cada US$ 100,00 que o Brasil recebe com a venda desses produtos, US$ 29,00 vão para o Complexo do Pecém, em São Gonçalo do Amarante ou, com outras palavras também oportunas, quase 30% das exportações brasileiras desse produto saem da Zona de Processamento de Exportações do Ceará. Não é à toa que a ZPE cearense é o exemplo mais bem sucedido dessa plataforma, em território brasileiro. Nesse contexto, é importante relembrar também que a planta siderúrgica foi concebida originalmente para permitir a duplicação da sua capacidade produtiva.

Além da siderurgia, as indústrias de calçados, de geradores elétricos giratórios e frutas completam o paretos cearense. Juntas, representam quase 80% do que o Ceará vende. Destas, um destaque positivo para as frutas frescas que foi o único produto representativo da pauta exportadora que cresceu em relação ao mesmo período de 2019: exatos 10,6%.

Dentre os demais produtos exportados, uma menção aos minérios vendidos pelo Ceará. O estado quase triplicou os embarques de outros minérios e concentrados dos metais de base.

A importação, por sua vez, foi dominada no primeiro semestre por combustíveis e trigo, descarregados no Porto do Mucuripe e carvão, descarregado no Porto do Pecém e que é a matéria prima destinada a abastecer o processo produtivo da Siderúrgica, mas também das termoelétricas localizadas naquele complexo e que, juntas, têm um papel relevante no abastecimento de energia na região nordeste. Os três produtos representam cerca de 37% de tudo o que o estado importa.

Uma visão geral na lista de produtos que compõem as exportações e importações cearenses, revela que a pauta importadora do Ceará é bem mais diversificada que a sua pauta exportadora e possui uma menor concentração de atores. Talvez por isso, não sofreu tanto como as exportações sofreram.

Finalmente, um destaque para as oportunidades que existem na formação de novos clusters no Ceará. O primeiro, ligados às energias renováveis, em face do parque existente e potencial eólico e solar na área de abrangência da cidade de Fortaleza, que é considerada pelo IBGE como metrópole de influência regional. A essa região metropolitana estão conectados parte dos estados do Rio Grande Norte, Piauí e Maranhão e uma população de cerca de 21 milhões de pessoas.

Além da indústria relacionado às energias renováveis, destaco ainda a pesca e a fruticultura. Juntos, considero que são importantes indústrias desse novo Ceará.

*Advogado, vice-presidente da Federação de Câmaras de Comércio Exterior e Ex-Presidente do Conselho de Relações Internacionais da FIEC e do Conselho Setorial de Comercio Exterior e Investimento Estrangeiro da ADECE/Ceará e 3 vice-presidente de relações institucionais da CBPCE

Fonte: TrendsCE em 14.07.20

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Sócio da CBPCE, José Wahnon em destaque

Sócio da CBPCE, José Wahnon em destaque

O sócio da CBPCE, José Wahnon é administrador, com formação em administração Hoteleira e Nutrição, tem empresas de consultoria na área de Implantação e Procedimentos de Hoteis com todos os serviços necessários para garantir o sucesso de uma implantação hoteleira, consultoria em higiene alimentar, prestando auxilio neste momento aqueles empresários preocupados com a retomada dos negócios ajudando no desenvolvimento dos seus protocolos de higiene.

Contato:
jwconsultoriahoteis@gmail.com
Hotel Laguna Blu
JW Consultoria
NUTFOR Consultoria em Higiene Alimentar
85 9 9966-1897

Fonte: CBPCE em 15.07.20

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Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

De um estado que vinha crescendo, nos últimos 15 anos, cerca de 0,6% acima da média do PIB nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que disponha de boas ferramentas para buscar superar uma grave crise econômica como a atual, ampliada sobremaneira pela pandemia do novo coronavírus. Pelo menos essa é a aposta do Executivo cearense, fundamentada nos investimentos feitos em sua chamada “trinca de Hubs”.

A posição geográfica privilegiada abriu espaço para a consolidação dos hubs aéreo, marítimo e tecnológico, materializados nos centros de conexões aéreo da Air France/KLM/GOL e portuário CIPP/Porto de Roterdã, e no data center AngoNAP Fortaleza, respectivamente. Mas, afinal, como ficaram as atividades desenvolvidas nessas três frentes e quais as perspectivas para um futuro próximo, no pós-pandemia?

A TrendsCE ouviu especialistas nas respectivas áreas e buscou informações junto às secretarias estaduais e diversos atores do mercado para tentar traçar o cenário que teve de ser redesenhado nos últimos meses para os setores envolvidos. O panorama, em geral, é otimista, mas praticamente todas as fontes entrevistadas alertam para um longo caminho à frente, de esforço e perseverança, visando a recuperação do patamar anterior dos trabalhos.

Aéreo

Dois a três anos, caso a vacina para o coronavírus não seja descoberta. Essa é a previsão mais realista das fontes ouvidas pela reportagem para uma volta à normalidade do trade turístico no Estado e, consequentemente, do hub aéreo estadual.

Tendo em perspectiva a queda abrupta da movimentação registrada, por exemplo, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, que, após registrar mais de 53 mil passageiros advindos do exterior em janeiro, recebeu apenas nove usuários internacionais em todo o mês de maio, a retomada no hub aéreo cearense e, consequentemente, no trade turístico, será inevitavelmente lenta. Um exemplo disso é que, na primeira semana de julho, a Air France/KLM, que anteriormente fixara a data em 8 deste mês para a volta das operações na capital cearense, informou ainda não ter um calendário estabelecido para o retorno dos voos internacionais para o Ceará.

Os entrevistados apontam que, além da necessidade de total segurança, a readequação motivada por alterações de protocolo e até novos hábitos adquiridos durante o período de isolamento social podem deixar todo o processo mais moroso.

“Tudo ainda é muito incerto, mas podemos fazer um exercício prospectivo com base no que ocorre hoje na Europa e na Ásia. Retomaremos os voos, contudo não retomaremos patamares anteriores em dois ou três anos, pois há mudanças de hábito para as quais ainda não sabemos qual será o impacto em voos para fins de negócios”, avalia Gildemir da Silva, pesquisador em Economia dos Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), citando como exemplo as videoconferências, recurso que teve grande aceitação durante a quarentena e passou a ser alternativa para os deslocamentos a trabalho.

O docente projeta ainda que novos protocolos de distanciamento social, readequação das aeronaves – necessárias em uma indústria projetada para altas densidades – e um maior número de demandas sazonais – mais pessoas deixando para viajar apenas nas férias, por exemplo – devem provocar novas altas nos preços das passagens.


A prudência também está evidenciada no discurso do secretário do Turismo, Arialdo Pinho, que igualmente calcula em dois ou três anos o intervalo necessário para a total normalização das operações.

“Se conseguirem desenvolver uma vacina eficaz, esse período deve diminuir para um ano. Isso porque as companhias aéreas precisarão se adequar e, com certeza, isso trará mais custos”, acrescenta o titular da pasta.

“Estamos estabelecendo uma série de protocolos para que o visitante se sinta tranquilo e que possamos conquistar o status de destino seguro”, garante Pinho.

“Segurança” é outra palavra que estabelece um norte para os trabalhos da Fraport, dona da concessão do Aeroporto Pinto Martins, para que a normalidade seja retomada o quanto antes no terminal. “Seguimos rigorosamente as recomendações das autoridades de saúde e as medidas neste sentido já foram implementadas”, diz Andreea Pal, presidente da empresa no Brasil, citando ações como a cuidadosa desinfecção das áreas, feita em conjunto com o Exército, uma rotina intensificada de higienização, especialmente em banheiros, corrimãos, assentos e elevadores e a orientação constante com avisos sonoros de todo o equipamento.

Tais mudanças de rotina serão imprescindíveis num panorama que aponta uma queda de 91% na procura por voos domésticos em maio, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em comparação com o mesmo período de 2019. Com relação a voos internacionais, a redução foi de 97%.

“As companhias aéreas também implementaram medidas para manter o distanciamento durante o embarque e desembarque e, além disso, é muito importante ressaltar que a cada 3 minutos, 99,7% das partículas do ar que circula nas cabines das aeronaves são filtradas, por meio de um sistema chamado filtro de ar HEPA, que evita a disseminação do Coronavírus durante as viagens. Sendo assim, viajar de avião é muito mais seguro do que de ônibus ou permanecer em um ambiente com pouca ventilação. Estamos prontos para oferecer um ambiente limpo e seguro a todos”.

Andreea Paal, presidente da Fraport no Brasil

Marítimo

Se o termo segurança é palavra-chave para alcançar uma consistência nas operações do hub aéreo cearense no pós-pandemia, pode vir a ser um dos grandes trunfos no equivalente marítimo, representado pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), quando o “vendaval” provocado pela crise, enfim, for debelado. Esse “Ás” na manga, para Igor Pontes, PhD em Logística e professor da Faculdade CDL, é proporcionado por sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

“O Porto do Pecém já é uma infraestrutura logística consolidada. Os dados de crescimento do CIPP, tanto de carga contêinerizada como carga geral, corroboram essa assertiva. O impacto da pandemia não será diretamente no porto, mas na economia mundial e mais severamente no Brasil. Por outro lado, possuir uma ZPE garante ao CIPP um certo grau de segurança econômica. Isso porque as empresas que ali estão têm a produção voltada para o mercado internacional, como é o caso da siderurgia da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém). Nesse contexto, também destacam-se as operações de pás eólicas, que, apesar de não estarem na ZPE, grande parte de sua produção é escoada pelo Porto”.

O professor, entretanto, se diz cético em relação aos rumos da economia brasileira, por esta se ressentir da falta de um “grande pacto nacional para a retomada”, especialmente no atual cenário de incertezas imposto pela crise política e econômica.

“O País precisa de diretrizes claras, metas, apoio financeiro, envolvendo todos os entes da federação e as classes empresariais em prol de um crescimento sustentável”, diz, para em seguida acrescentar: “O tom do discurso sobre os temas de políticas sociais, ambientais e das relações exteriores tem provocado o isolacionismo do Brasil no cenário internacional e, consequentemente, se reverterá em inversões de IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) cada vez menores, como tem sinalizado claramente a comunidade europeia”.

Não obstante reconheça o esforço do Ministério da Infraestrutura, Pontes afirma que o Brasil se ressente da ausência de um plano nacional de longo prazo para a construção de um sistema de transporte logístico “adaptado às vocações regionais e ainda de um esforço de integração intra-regional e inter-regional”.

“A engenharia financeira do Ministério (da Infraestrutura) é pautada, sobretudo, na atração de capitais, seja através de concessões ou de antecipação de outorgas. A questão que se coloca é se será através desse modelo que o País diminuirá seu déficit de infraestrutura. A resposta até poderá ser positiva. Contudo, emerge uma segunda pergunta mais complexa: essa ‘nova’ infraestrutura delegada à iniciativa privada apoiará o desenvolvimento do País ou simplesmente respeitará a lógica mercantil do lucro? Não é uma pergunta simples, tanto que os maiores portos do mundo mantêm suas autoridades portuárias sob a tutela do Estado”.

Igor Pontes, PhD em Logística

Por conta disso, para Pontes, o hub marítimo do Pecém enfrentará dois tipos de concorrência: uma dos portos da Região Nordeste, sobretudo, Suape e Itaqui, e uma disputa cada vez mais acirrada no próprio Estado com a profissionalização da Companhia Docas.

Para a gestão do hub marítimo instalado no município de São Gonçalo do Amarante, a cautela é palavra de ordem na retomada, conforme atesta a análise do presidente do Complexo, Danilo Serpa:

“Estamos estudando muitos cenários nesse momento. De acordo com projeções e análises que estamos fazendo, com base nas informações dos nossos clientes e parceiros, temos a certeza que sentiremos algum tipo de impacto no primeiro semestre e, provavelmente, no segundo. Desde abril, a produção mundial de bens e mercadorias começou a ser afetada de forma mais severa, inclusive forçando a indústria a reduzir ou até mesmo suspender suas atividades, decretando férias coletivas e adotando outras ações que certamente afetarão diretamente a movimentação portuária do Pecém e de outros portos espalhados pelo mundo. Precisamos ser cautelosos nesse momento”.

Danilo Serpa, presidente do CIPP

Contudo, passada a hora mais crítica da pandemia, para o dirigente, o momento é de mirar para o futuro, e isso passa indubitavelmente pelas obras de infraestrutura, que poderão garantir a boa operacionalidade do terminal.

“Hoje estamos com todas as obras em andamento. E nossa expectativa é que o governador Camilo Santana possa inaugurar, após essa pandemia, a nossa segunda expansão para elevar a capacidade operacional do Pecém. Teremos o décimo berço de atracação; uma segunda ponte de acesso aos píeres; além de um novo portão conectado à rodovia das placas, que também será inaugurada para ligar diretamente o porto à CSP”, descreve.

Tecnológico

Para completar a trinca estratégica, a gestão estadual conta com o hub tecnológico. E sua proposta elementar segue sendo manter o Ceará bem conectado com o mundo, mesmo durante a pandemia. Com base no Data Center AngoNAP, inaugurado em 2019 basicamente para tentar consolidar a atração de novas empresas tecnológicas no Estado, os trabalhos voltados para a transformação digital, que há anos já vêm se concretizando, não foram paralisados. Pelo contrário.

É o que afirma presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa. Nos últimos três meses, ele informa que a presença do hub conseguiu atrair escritórios de corporações como AWS (Amazon), Google, Microsoft, Oracle e IBM. “Ou seja, atraímos o Top 5 da indústria ocidental de computação em nuvem. Esses cinco grandes provedores estão atuando no Estado através de suas empresas parceiras. Hoje, já passam de 20 as parcerias nesse hub tecnológico, com empresas daqui do Ceará, como Lanlink, Mob e BSPAR, e outras que ainda estão vindo, de Brasília, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Então, apesar da pandemia, estamos de vento em popa na construção dessa iniciativa”, propaga Pessoa.

De forma semelhante, para a advogada e coordenadora do setor de Startups e Direito Digital no escritório Albuquerque Pinto Advogados, Mariana Zonari, o que vem por aí pode ser considerado alvissareiro, com as dificuldades abrindo novos caminhos.

“Entendo que esse baque na economia local, provocado pela pandemia do coronavírus, que ninguém estava esperando, traz muito mais oportunidades que ameaças. Tem virado clichê, mas não deixa de ser verdade: a gente acelerou exponencialmente nosso processo de transformação digital, seja no público ou no privado. Vivemos 50 anos em três meses. Por exemplo, discutíamos há anos e anos a telemedicina. Do dia para a noite, virou algo extremamente necessário e foi regulamentado. Havia uma tendência ao trabalho remoto e a discussão vinha se arrastando, mas este também acabou implementado”, cita Zonari, que também é gestora de Inovação Jurídica do Íris (Laboratório de Inovação e Dados do Estado).

Enquanto muitos negócios conseguiram tornar a crise de certa forma oportuna, outros amargaram a dura realidade de constatar que o despreparo para situações emergenciais, como a que a economia mundial teve de lidar agora, pode mesmo ser fatal para a vida de uma empresa na terceira década do Século XXI. “Foi uma situação vivida não só no Ceará como no mundo inteiro e fez com que novos e pequenos negócios tivessem um boom. Fez, sim, com que outros fechassem ou estivessem prestes a fechar suas portas, mas não podemos levar isso como algo extremamente negativo. Isso porque as empresas que não conseguirem se adaptar aos novos modelos de negócio, às novas tecnologias e a esse movimento de transformação digital vão dar espaço às que estejam antenadas e conectadas com esse movimento”, expõe.

Para Pessoa, a visão pragmática, porém positiva do futuro, já implementada no presente, é uma consequência premente dos esforços empreendidos no hub. “Não podemos ser como um otimista sonhador, nem o pessimista que nos torna incapaz de gerar mudanças. Prefiro apontar para um cenário realista com aspectos de um pensamento positivo. A Etice tem mantido sua missão de prover soluções para o setor público, em especial para o Governo do Estado, que é nosso principal cliente”, assinala o gestor.

“Mantivemos as ações de expansão de estrutura do nosso Cinturão Digital, continuamos, mesmo nesse ambiente de pandemia, fazendo conexões de escolas e de unidades de saúde, como o próprio (Hospital) Leonardo Da Vinci, que foi conectado ao Cinturão Digital, nos últimos dois meses mais de 30 escolas foram conectadas, ou seja, mantivemos nosso ritmo de expansão da estrutura de conectividade”

Adalberto Pessoa, presidente da Etice

Outra novidade que tem relação direta com o hub tecnológico cearense prevista para o pós-pandemia é um aplicativo, desenvolvido pelo Íris, chamado Ceará App, que teve seu lançamento em maio de 2020, com o apoio da Secretaria da Saúde (Sesa), voltado apenas ao combate ao coronavírus e terá sua atuação ampliada em breve. “Será a porta de entrada para todos os serviços públicos do Estado, um portal único de serviços, e isso será de extrema importância também na retomada”, assegura Zonari.

Fonte: TrendsCE em 15.07.20

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Ferramentas ajudam empresários a alavancar negócios

Ferramentas ajudam empresários a alavancar negócios

Retomar as atividades no período pós-pandemia vai exigir uma série de preparativos por parte do empreendedor, especialmente dos micro, pequenos e médios empresários. Além disso, será necessário lidar com uma nova realidade econômica, com variáveis ainda não totalmente conhecidas e um novo perfil de consumidor. Para dar conta deste desafio tão grande e ajudar os empreendedores a seguir trabalhando, o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) elaborou o Programa Revita, que traz em seu planejamento uma série de ferramentas voltadas para os mais diversos segmentos.

Entre as ferramentas disponibilizadas para os empreendedores estão a Gestão de Dados, a Comunicação Omnichannel, os Encontros de acesso a crédito, as Oficinas de Orientação, os Eventos de Negócios Virtuais, as consultorias e Rodadas de negócios. Esses mecanismos de gestão estão relacionados aos seis eixos estratégicos do Programa Revita: inovação, reestruturação financeira, readequação do ambiente legal, mercado, gestão 4.0 e setor x território.

Nesta entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, Alci Porto, Diretor Técnico do Sebrae-CE, explica o funcionamento de algumas das ferramentas do Revita e de que forma elas poderão beneficiar os empreendedores dos mais diversos segmentos.

Diário do Nordeste: De que forma vão funcionar as ferramentas Gestão de Dados e Comunicação Omnichannel, dentro do Eixo Gestão 4.0 no Projeto Revita?
Alci Porto: As empresas, não importa o tamanho delas, necessitam diariamente de informações estratégicas que auxiliem sua tomada de decisão. Quando se tem um banco de dados bem elaborado, a capacidade de essa empresa conhecer o perfil de seus clientes e avaliar de forma mais precisas seus hábitos de consumo melhora e assim passa a vivenciar uma experiência de sucesso com seus clientes. O Sebrae-CE já dispõe de Plataforma denominada “Data Sebrae”, que já auxilia as empresas com dados importantes para sua tomada de decisão. Já a Comunicação Omnichannel visa possibilitar uma melhor experiência e melhores resultados para o cliente.

Dentro do eixo Reestruturação Financeira, como vão acontecer os Encontros de acesso a crédito? Que benefícios poderão trazer esses Encontros?
O Sebrae já vem realizando Encontros Virtuais de Crédito para os pequenos negócios com bancos oficiais, Empresas Simples de Crédito – ESC e Bancos Populares locais. Os principais benefícios e vantagens desses encontros se constituem na aproximação dos pequenos negócios com as principais fontes de créditos possibilitando o conhecimento das condições das linhas de crédito disponíveis e a oportunidade de fazer perguntas para esclarecer as dúvidas dos empresários. Os empreendedores podem acessar os encontros virtuais de crédito entrando em contato com os Escritórios Regionais do Sebrae, conforme sua localização no Estado para saber sobre a programação dos eventos na região e realizar a sua inscrição.

Ainda dentro do Eixo Reestruturação Financeira, qual é a importância das Oficinas de Orientação que estão sendo estruturadas? Como o empreendedor pode participar?
As Oficinas de Orientação são muito importantes no início da Jornada porque orientam o empreendedor a fazer a correta avaliação de sua real necessidade de crédito de terceiros. Orientam como fazer o levantamento da situação atual da empresa, a planejar e gerenciar a melhor alocação dos recursos existentes e do novo capital a ser investido no negócio. Os empreendedores interessados poderão participar das oficinas, conforme a programação dos eventos do Escritório Regional do Sebrae na região onde sua empresa está localizada.

No Eixo da Inovação, em relação aos Eventos de Negócios Virtuais, qual a sua importância e como eles vão acontecer? Qual será o público? Que resultados são esperados?
Os encontros de negócios virtuais estão acontecendo na plataforma Teams. Esses encontros são importantes porque aproximam as micro e pequenas empresas dos fornecedores e parceiros, trazendo a oportunidade de concretizarem negócios e estabelecerem novas parcerias que favoreçam suas empresas. O público-alvo desses encontros são os pequenos negócios dos diversos segmentos das regiões do Estado. Espera-se, com esses encontros, alcançar, tanto resultados financeiros com as transações comerciais, os contatos e as parcerias firmadas, como resultados econômicos e sociais com a dinamização da economia local e regional.

Outro aspecto do Eixo da Inovação são as consultorias do Sebraetec; de que forma elas estarão funcionando neste período de retomada das atividades econômicas?
As consultorias do Sebraetec, neste período de retomada das atividades econômicas, continuarão com o atendimento online funcionando normalmente e quando for autorizado pelos órgãos competentes, retornará, também, ao atendimento presencial nas empresas. Mas os empresários poderão optar se desejarão o atendimento online ou presencial. As consultorias do Sebraetec podem ser gratuitas ou subsidiadas, dependendo da modalidade, do tema e da quantidade de horas necessárias. Para buscar o atendimento do Sebrae, o empreendedor deverá acessar os especialistas no chat do Portal www.ce.sebrae.com.br, pelo WhatsApp (85) 98139.0634 e de forma presencial nos Pontos de Atendimento do Sebrae de sua região, conforme seja autorizada a abertura pelos órgãos competentes.

O Eixo do Mercado também apresenta como ferramenta as Rodadas de Negócios. Qual é a importância delas?
As Rodadas de Negócios são importantes para os pequenos negócios porque aproximam ofertantes e demandantes, divulgam produtos e serviços das empresas, possibilitam a captação de novos fornecedores e o acesso a novas fontes de insumos, produtos e serviços. Com a realização de negócios entre os participantes das rodadas, beneficiam-se as empresas participantes do evento e dinamiza-se a economia local e regional.

Em relação às Plataformas de Negócios, o que já existe definido? Como essa ferramenta vai funcionar e que benefícios pode trazer para o empreendedor?
O Sebrae tem estimulado os pequenos negócios a se inserirem no mundo digital, apresentando as diversas opções que existem no mercado para que o empreendedor possa escolher, a partir do seu nível de maturidade digital, qual ou quais os canais mais adequados para o momento em que a sua empresa se encontra. Desde as orientações, capacitações e consultorias mais básicas para inserção e consolidação nas redes sociais, até as possiblidades de comercialização nos market places existentes e no E-Commerce próprio, com loja virtual individual. O Sebrae disponibiliza de forma gratuita uma plataforma vitrine que é o Mercado Azul. Os interessados poderão cadastrar seus negócios e anunciarem seus produtos e serviços, gratuitamente, acessando www.mercadoazul.sebrae.com.br.

Saiba mais
Portal: www.ce.sebrae.com.br
Converse online (chat e e-mail) acessando o portal;
Central de relacionamento: 0800.570.0800
WhatsApp: (85) 98139.0634

Fonte: Sebrae-CE

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Portugal deve tornar-se um ‘player’ atlântico

Portugal deve tornar-se um ‘player’ atlântico

Portugal deve reforçar a cooperação geopolítica e econômica para se tornar um ‘player’ (ator) atlântico, e não só europeu, segundo uma versão preliminar da proposta de plano de recuperação da economia para os próximos dez anos, divulgada no dia 10.

“O objetivo aqui é transformar Portugal numa potência média do ‘soft power’ [poder de persuasão], ligando a diplomacia, as missões de solidariedade internacional das Forças Armadas Portuguesas, a tecnologia e a necessidade de combater as ameaças globais, para abrir caminho à criação de plataformas colaborativas que podem resolver problemas e abrir novas vias para a cooperação geopolítica e econômica”, lê-se no documento elaborado pelo gestor António Costa Silva.

O documento, intitulado “Visão Estratégica para o plano de recuperação econômica e social de Portugal 2020-2030”, evoca as missões de solidariedade em diferentes países africanos em que as Forças Armadas têm participado, as quais “dão credibilidade a Portugal, promovem a solidariedade internacional e abrem portas no mundo”.

“Todo este trabalho extraordinário das Forças Armadas e da rede diplomática portuguesa, que é importante para abrir linhas de cooperação geopolítica e econômica, deve ser reforçado, ampliado e integrado, para transformar Portugal num ‘player’ não só europeu, mas atlântico”, afirma.

Definindo o ‘soft power’ de Portugal como a “capacidade de agregar vontades e fazer funcionar redes a uma escala pluricontinental”, o documento aponta como “vital” ampliá-lo para pôr em diálogo “as nações do Atlântico, desde os seus aliados tradicionais, como o Reino Unido e os EUA, as nações do Atlântico Sul, do Brasil a Angola, passando pelos outros países de expressão portuguesa”.

Dá como exemplos projetos de cooperação com os países do Norte de África “para minimizar o avanço da desertificação, combater a ameaça climática e a escassez de água”, e com as nações do Atlântico Sul “para preservar as rotas internacionais de comércio e prevenir os ataques piratas”.

Propõe ainda “promover com as nações do Atlântico uma grande plataforma de cooperação para estudar o oceano, compreender o seu funcionamento e lutar contra as alterações climáticas” e “erigir uma grande plataforma do Atlântico capaz de proteger o oceano, a segurança das redes de comércio e energia, reduzir as ameaças e construir políticas para minimizar a poluição e combater as alterações climáticas”.

“Uma grande parceria para ‘defender’ o Atlântico no século XXI vai muito para além da concepção tradicional de defesa e significa uma parceria para lutar e resolver os desafios comuns, minimizar os riscos e ameaças e assegurar a estabilidade e prosperidade econômica”, sustenta.

Defende, neste contexto, uma parceria científica e tecnológica e a cooperação geoeconômica entre as nações do Atlântico “para o desenvolvimento sustentável dos recursos energéticos e minerais e para proteger o oceano e os seus ecossistemas”.

António Costa Silva desenvolve o reforço da cooperação geopolítica e econômica com os países atlânticos na parte consagrada ao “enquadramento geoestratégico e os futuros possíveis de Portugal”, mas faz múltiplas referências à importância do oceano ao longo do documento, propondo nomeadamente a criação, nos Açores, de uma grande Universidade do Atlântico.

“O país deve criar uma grande Universidade do Atlântico e um centro de previsão do clima, atraindo parceiros internacionais para os Açores, que é um dos melhores sítios do mundo para estudar a interação entre o oceano e a atmosfera, a terra e o ar, e esse conhecimento é valioso porque pode prevenir e mitigar a ocorrência de fenômenos climáticos extremos, quando as mudanças estruturais de combate às alterações climáticas e o avanço na descarbonização da economia ainda não estão a surtir efeito”, afirma.

Para António Costa Silva, o “renascimento comercial e energético” da bacia do Atlântico mostra que “Portugal não é um país periférico”, tendo antes “uma posição absolutamente extraordinária” com a geografia como “o maior” dos recursos.

“O Oceano Atlântico está a ressurgir como grande plataforma energética e comercial”, afirma, apontando que “vai ser uma das grandes vias marítimas do século XXI”, o que representa “uma possibilidade imensa de mudar o estatuto e a trajetória” de Portugal.

“Temos que pensar em redes, em ‘hubs’, em polos agregadores de valências e produtores de riqueza e na inserção das nossas cidades, dos nossos portos, das plataformas logísticas, das cadeias de valor, de Portugal, nessas redes mundiais energéticas, comerciais, financeiras, tecnológicas, sem esquecer as redes do conhecimento”, defende.

No início de junho, o Governo confirmou que convidou o gestor da petrolífera Partex António Costa Silva para coordenar a preparação do programa de recuperação econômica, na sequência da pandemia de covid-19, e que este tinha aceitado o convite “como contributo cívico e ‘pro bono’”.

Em entrevista à agência Lusa a 04 de junho, António Costa Silva afirmava que a recuperação econômica ia “ser lenta”, impulsionada pelo fator “medo”.

“Acho que vai ser lenta, porque nós temos aqui a erupção de um fator novo que também tem consequências econômicas, que é o medo”, afirmou.

Fonte: Mundo Lusíada em 13.07.20

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