Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

Hubs na retomada: um longo caminho de perseverança

De um estado que vinha crescendo, nos últimos 15 anos, cerca de 0,6% acima da média do PIB nacional, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), espera-se que disponha de boas ferramentas para buscar superar uma grave crise econômica como a atual, ampliada sobremaneira pela pandemia do novo coronavírus. Pelo menos essa é a aposta do Executivo cearense, fundamentada nos investimentos feitos em sua chamada “trinca de Hubs”.

A posição geográfica privilegiada abriu espaço para a consolidação dos hubs aéreo, marítimo e tecnológico, materializados nos centros de conexões aéreo da Air France/KLM/GOL e portuário CIPP/Porto de Roterdã, e no data center AngoNAP Fortaleza, respectivamente. Mas, afinal, como ficaram as atividades desenvolvidas nessas três frentes e quais as perspectivas para um futuro próximo, no pós-pandemia?

A TrendsCE ouviu especialistas nas respectivas áreas e buscou informações junto às secretarias estaduais e diversos atores do mercado para tentar traçar o cenário que teve de ser redesenhado nos últimos meses para os setores envolvidos. O panorama, em geral, é otimista, mas praticamente todas as fontes entrevistadas alertam para um longo caminho à frente, de esforço e perseverança, visando a recuperação do patamar anterior dos trabalhos.

Aéreo

Dois a três anos, caso a vacina para o coronavírus não seja descoberta. Essa é a previsão mais realista das fontes ouvidas pela reportagem para uma volta à normalidade do trade turístico no Estado e, consequentemente, do hub aéreo estadual.

Tendo em perspectiva a queda abrupta da movimentação registrada, por exemplo, no Aeroporto Internacional Pinto Martins, que, após registrar mais de 53 mil passageiros advindos do exterior em janeiro, recebeu apenas nove usuários internacionais em todo o mês de maio, a retomada no hub aéreo cearense e, consequentemente, no trade turístico, será inevitavelmente lenta. Um exemplo disso é que, na primeira semana de julho, a Air France/KLM, que anteriormente fixara a data em 8 deste mês para a volta das operações na capital cearense, informou ainda não ter um calendário estabelecido para o retorno dos voos internacionais para o Ceará.

Os entrevistados apontam que, além da necessidade de total segurança, a readequação motivada por alterações de protocolo e até novos hábitos adquiridos durante o período de isolamento social podem deixar todo o processo mais moroso.

“Tudo ainda é muito incerto, mas podemos fazer um exercício prospectivo com base no que ocorre hoje na Europa e na Ásia. Retomaremos os voos, contudo não retomaremos patamares anteriores em dois ou três anos, pois há mudanças de hábito para as quais ainda não sabemos qual será o impacto em voos para fins de negócios”, avalia Gildemir da Silva, pesquisador em Economia dos Transportes e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), citando como exemplo as videoconferências, recurso que teve grande aceitação durante a quarentena e passou a ser alternativa para os deslocamentos a trabalho.

O docente projeta ainda que novos protocolos de distanciamento social, readequação das aeronaves – necessárias em uma indústria projetada para altas densidades – e um maior número de demandas sazonais – mais pessoas deixando para viajar apenas nas férias, por exemplo – devem provocar novas altas nos preços das passagens.


A prudência também está evidenciada no discurso do secretário do Turismo, Arialdo Pinho, que igualmente calcula em dois ou três anos o intervalo necessário para a total normalização das operações.

“Se conseguirem desenvolver uma vacina eficaz, esse período deve diminuir para um ano. Isso porque as companhias aéreas precisarão se adequar e, com certeza, isso trará mais custos”, acrescenta o titular da pasta.

“Estamos estabelecendo uma série de protocolos para que o visitante se sinta tranquilo e que possamos conquistar o status de destino seguro”, garante Pinho.

“Segurança” é outra palavra que estabelece um norte para os trabalhos da Fraport, dona da concessão do Aeroporto Pinto Martins, para que a normalidade seja retomada o quanto antes no terminal. “Seguimos rigorosamente as recomendações das autoridades de saúde e as medidas neste sentido já foram implementadas”, diz Andreea Pal, presidente da empresa no Brasil, citando ações como a cuidadosa desinfecção das áreas, feita em conjunto com o Exército, uma rotina intensificada de higienização, especialmente em banheiros, corrimãos, assentos e elevadores e a orientação constante com avisos sonoros de todo o equipamento.

Tais mudanças de rotina serão imprescindíveis num panorama que aponta uma queda de 91% na procura por voos domésticos em maio, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em comparação com o mesmo período de 2019. Com relação a voos internacionais, a redução foi de 97%.

“As companhias aéreas também implementaram medidas para manter o distanciamento durante o embarque e desembarque e, além disso, é muito importante ressaltar que a cada 3 minutos, 99,7% das partículas do ar que circula nas cabines das aeronaves são filtradas, por meio de um sistema chamado filtro de ar HEPA, que evita a disseminação do Coronavírus durante as viagens. Sendo assim, viajar de avião é muito mais seguro do que de ônibus ou permanecer em um ambiente com pouca ventilação. Estamos prontos para oferecer um ambiente limpo e seguro a todos”.

Andreea Paal, presidente da Fraport no Brasil

Marítimo

Se o termo segurança é palavra-chave para alcançar uma consistência nas operações do hub aéreo cearense no pós-pandemia, pode vir a ser um dos grandes trunfos no equivalente marítimo, representado pelo Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), quando o “vendaval” provocado pela crise, enfim, for debelado. Esse “Ás” na manga, para Igor Pontes, PhD em Logística e professor da Faculdade CDL, é proporcionado por sua Zona de Processamento de Exportação (ZPE).

“O Porto do Pecém já é uma infraestrutura logística consolidada. Os dados de crescimento do CIPP, tanto de carga contêinerizada como carga geral, corroboram essa assertiva. O impacto da pandemia não será diretamente no porto, mas na economia mundial e mais severamente no Brasil. Por outro lado, possuir uma ZPE garante ao CIPP um certo grau de segurança econômica. Isso porque as empresas que ali estão têm a produção voltada para o mercado internacional, como é o caso da siderurgia da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém). Nesse contexto, também destacam-se as operações de pás eólicas, que, apesar de não estarem na ZPE, grande parte de sua produção é escoada pelo Porto”.

O professor, entretanto, se diz cético em relação aos rumos da economia brasileira, por esta se ressentir da falta de um “grande pacto nacional para a retomada”, especialmente no atual cenário de incertezas imposto pela crise política e econômica.

“O País precisa de diretrizes claras, metas, apoio financeiro, envolvendo todos os entes da federação e as classes empresariais em prol de um crescimento sustentável”, diz, para em seguida acrescentar: “O tom do discurso sobre os temas de políticas sociais, ambientais e das relações exteriores tem provocado o isolacionismo do Brasil no cenário internacional e, consequentemente, se reverterá em inversões de IED (Investimentos Estrangeiros Diretos) cada vez menores, como tem sinalizado claramente a comunidade europeia”.

Não obstante reconheça o esforço do Ministério da Infraestrutura, Pontes afirma que o Brasil se ressente da ausência de um plano nacional de longo prazo para a construção de um sistema de transporte logístico “adaptado às vocações regionais e ainda de um esforço de integração intra-regional e inter-regional”.

“A engenharia financeira do Ministério (da Infraestrutura) é pautada, sobretudo, na atração de capitais, seja através de concessões ou de antecipação de outorgas. A questão que se coloca é se será através desse modelo que o País diminuirá seu déficit de infraestrutura. A resposta até poderá ser positiva. Contudo, emerge uma segunda pergunta mais complexa: essa ‘nova’ infraestrutura delegada à iniciativa privada apoiará o desenvolvimento do País ou simplesmente respeitará a lógica mercantil do lucro? Não é uma pergunta simples, tanto que os maiores portos do mundo mantêm suas autoridades portuárias sob a tutela do Estado”.

Igor Pontes, PhD em Logística

Por conta disso, para Pontes, o hub marítimo do Pecém enfrentará dois tipos de concorrência: uma dos portos da Região Nordeste, sobretudo, Suape e Itaqui, e uma disputa cada vez mais acirrada no próprio Estado com a profissionalização da Companhia Docas.

Para a gestão do hub marítimo instalado no município de São Gonçalo do Amarante, a cautela é palavra de ordem na retomada, conforme atesta a análise do presidente do Complexo, Danilo Serpa:

“Estamos estudando muitos cenários nesse momento. De acordo com projeções e análises que estamos fazendo, com base nas informações dos nossos clientes e parceiros, temos a certeza que sentiremos algum tipo de impacto no primeiro semestre e, provavelmente, no segundo. Desde abril, a produção mundial de bens e mercadorias começou a ser afetada de forma mais severa, inclusive forçando a indústria a reduzir ou até mesmo suspender suas atividades, decretando férias coletivas e adotando outras ações que certamente afetarão diretamente a movimentação portuária do Pecém e de outros portos espalhados pelo mundo. Precisamos ser cautelosos nesse momento”.

Danilo Serpa, presidente do CIPP

Contudo, passada a hora mais crítica da pandemia, para o dirigente, o momento é de mirar para o futuro, e isso passa indubitavelmente pelas obras de infraestrutura, que poderão garantir a boa operacionalidade do terminal.

“Hoje estamos com todas as obras em andamento. E nossa expectativa é que o governador Camilo Santana possa inaugurar, após essa pandemia, a nossa segunda expansão para elevar a capacidade operacional do Pecém. Teremos o décimo berço de atracação; uma segunda ponte de acesso aos píeres; além de um novo portão conectado à rodovia das placas, que também será inaugurada para ligar diretamente o porto à CSP”, descreve.

Tecnológico

Para completar a trinca estratégica, a gestão estadual conta com o hub tecnológico. E sua proposta elementar segue sendo manter o Ceará bem conectado com o mundo, mesmo durante a pandemia. Com base no Data Center AngoNAP, inaugurado em 2019 basicamente para tentar consolidar a atração de novas empresas tecnológicas no Estado, os trabalhos voltados para a transformação digital, que há anos já vêm se concretizando, não foram paralisados. Pelo contrário.

É o que afirma presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa. Nos últimos três meses, ele informa que a presença do hub conseguiu atrair escritórios de corporações como AWS (Amazon), Google, Microsoft, Oracle e IBM. “Ou seja, atraímos o Top 5 da indústria ocidental de computação em nuvem. Esses cinco grandes provedores estão atuando no Estado através de suas empresas parceiras. Hoje, já passam de 20 as parcerias nesse hub tecnológico, com empresas daqui do Ceará, como Lanlink, Mob e BSPAR, e outras que ainda estão vindo, de Brasília, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul. Então, apesar da pandemia, estamos de vento em popa na construção dessa iniciativa”, propaga Pessoa.

De forma semelhante, para a advogada e coordenadora do setor de Startups e Direito Digital no escritório Albuquerque Pinto Advogados, Mariana Zonari, o que vem por aí pode ser considerado alvissareiro, com as dificuldades abrindo novos caminhos.

“Entendo que esse baque na economia local, provocado pela pandemia do coronavírus, que ninguém estava esperando, traz muito mais oportunidades que ameaças. Tem virado clichê, mas não deixa de ser verdade: a gente acelerou exponencialmente nosso processo de transformação digital, seja no público ou no privado. Vivemos 50 anos em três meses. Por exemplo, discutíamos há anos e anos a telemedicina. Do dia para a noite, virou algo extremamente necessário e foi regulamentado. Havia uma tendência ao trabalho remoto e a discussão vinha se arrastando, mas este também acabou implementado”, cita Zonari, que também é gestora de Inovação Jurídica do Íris (Laboratório de Inovação e Dados do Estado).

Enquanto muitos negócios conseguiram tornar a crise de certa forma oportuna, outros amargaram a dura realidade de constatar que o despreparo para situações emergenciais, como a que a economia mundial teve de lidar agora, pode mesmo ser fatal para a vida de uma empresa na terceira década do Século XXI. “Foi uma situação vivida não só no Ceará como no mundo inteiro e fez com que novos e pequenos negócios tivessem um boom. Fez, sim, com que outros fechassem ou estivessem prestes a fechar suas portas, mas não podemos levar isso como algo extremamente negativo. Isso porque as empresas que não conseguirem se adaptar aos novos modelos de negócio, às novas tecnologias e a esse movimento de transformação digital vão dar espaço às que estejam antenadas e conectadas com esse movimento”, expõe.

Para Pessoa, a visão pragmática, porém positiva do futuro, já implementada no presente, é uma consequência premente dos esforços empreendidos no hub. “Não podemos ser como um otimista sonhador, nem o pessimista que nos torna incapaz de gerar mudanças. Prefiro apontar para um cenário realista com aspectos de um pensamento positivo. A Etice tem mantido sua missão de prover soluções para o setor público, em especial para o Governo do Estado, que é nosso principal cliente”, assinala o gestor.

“Mantivemos as ações de expansão de estrutura do nosso Cinturão Digital, continuamos, mesmo nesse ambiente de pandemia, fazendo conexões de escolas e de unidades de saúde, como o próprio (Hospital) Leonardo Da Vinci, que foi conectado ao Cinturão Digital, nos últimos dois meses mais de 30 escolas foram conectadas, ou seja, mantivemos nosso ritmo de expansão da estrutura de conectividade”

Adalberto Pessoa, presidente da Etice

Outra novidade que tem relação direta com o hub tecnológico cearense prevista para o pós-pandemia é um aplicativo, desenvolvido pelo Íris, chamado Ceará App, que teve seu lançamento em maio de 2020, com o apoio da Secretaria da Saúde (Sesa), voltado apenas ao combate ao coronavírus e terá sua atuação ampliada em breve. “Será a porta de entrada para todos os serviços públicos do Estado, um portal único de serviços, e isso será de extrema importância também na retomada”, assegura Zonari.

Fonte: TrendsCE em 15.07.20

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Diretor da CBPCE, Tadeu Dote Sá, participa do Plano Diretor de Fortaleza

Diretor da CBPCE, Tadeu Dote Sá, participa do Plano Diretor de Fortaleza

O Plano Diretor Participativo é um planejamento municipal que reúne estratégias, diretrizes e regras que norteiam a política de urbanização das cidades, ou seja, ele orienta o desenvolvimento urbano, organizando o crescimento e o funcionamento da cidade.

Como prevê o Estatuto da Cidade de 2001, todo município com mais de 20 mil habitantes precisa ter esse planejamento estratégico, que deve ser renovado a cada dez anos.

Para construir o novo Plano Diretor Participativo de Fortaleza, serão consultados o Governo Municipal, as empresas, os sindicatos, as ONGs, os movimentos sociais, as Universidades e a população em geral, através de debates, audiências e consultas públicas.

Sobre Tadeu Dote Sá
Graduado em Geologia pela Universidade de Fortaleza(UNIFOR), é mestre em geologia na área de concentração em geologia de aplicação pela Universidade Federal do Ceará(UFC), tem especialização em engenharia urbana pela Universidade de Fortaleza(UNIFOR) e Doutorado em Desenvolvimento e Segurança Humana com ênfase em desenvolvimento regional pela Universidad de Barcelona(UB/UMA) tem experiência na área de geociências, com ênfase em geologia, e é o atual diretor de Meio Ambiente e Energias Renováveis da Câmara Brasil Portugal no Ceará.

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Fonte: CBPCE em 01.07.20

M.Dias Branco entre as 100 empresas mais doadoras do Brasil

M.Dias Branco entre as 100 empresas mais doadoras do Brasil

O ranking foi elaborado pela Forbes, com base em dados do Monitor de Doações, criado pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR)

A companhia cearense M.Dias Branco está entre as 100 maiores empresas doadoras do País durante a pandemia da COVID-19.

O ranking foi elaborado pela Forbes, com base em dados do Monitor de Doações, criado pela Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR).

A empresa ficou na 69ª colocação com aproximadamente R$ 5 milhões. Para o cálculo foram contabilizadas doações de matéria-prima, produtos, logística, entre outros itens não monetários convertidos em reais.

De acordo com a Forbes, o segmento de alimentos contabilizou 13% das doações. A área financeira ficou em 1º lugar, totalizando 30%. No geral, foram doados R$ 5,7 bilhões advindos de mais de 424 mil pessoas físicas e jurídicas.

Para saber mais, acesse: https://www.monitordasdoacoes.org.br/.

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Fonte: Focus.jor em 30.06.20

Por que investir no Ceará?

Por que investir no Ceará?

Após uma longa preparação, com reforços em infraestrutura, inovação e capital humano, é hora de o Estado deixar de ser apenas um ‘lugar bonito num canto do globo’ para começar a ganhar pontos com novos vestidores

Já se vê ao longe, como uma pequena jangada perdida na imensidão do mar, o tempo em que o Ceará era identificado apenas com belas imagens praianas e o mito do “sertanejo forte”, além da receptividade e humor característicos de seus habitantes. Às portas da terceira década do Século XXI, o Estado prepara-se para mostrar ao mundo que é, sim, o lugar certo para se fazer negócios a partir de agora. E tal vocação se ampara não apenas nos atributos geográficos, mas também, e cada vez de forma mais significativa, nos avanços em infraestrutura. Trata-se de uma visão que vem ganhando aderência no setor produtivo cearense, pautada eminentemente na inovação e na preparação de talentos voltados ao empreendedorismo.

Tal tendência pode ser captada no desempenho do Estado no Produto Interno Bruto (PIB), que vem crescendo, em média, mais do que o nacional. Para se ter uma ideia, em 2019, o desempenho ficou em 2,11% contra 1,1% do País, com destaque para a indústria e seus 4,08% frente aos 0,5% da Federação como um todo.

Boa parte dessa pujança se deve aos investimentos públicos em infraestrutura realizados nos últimos anos, que abriram caminho para a chamada “Trinca de Hubs”, fazendo valer, enfim, a vantagem da posição geográfica que põe o território cearense numa espécie de “esquina” da América do Sul, mais próxima dos continentes europeu e africano e da América do Norte.

Um dos integrantes da trinca é o hub tecnológico. Nos últimos anos, o Governo do Estado tem investido pesadamente em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Entre as ações, que incluem o processo de migração de todas as suas operações de TI para o ambiente de nuvem, barateando e agilizando processos, destaca-se a atração de empresas com base tecnológica, cujo marco importante, em abril de 2019, é a instalação do Data Center Angonap e a instalação dos dos cabos submarinos Sacs e Monet, num investimento de aproximadamente US$ 300 milhões da multinacional Angola Cables. Os dois cabos ligam, por meio da fibra óptica, as Américas e a África. uma nova rota de conectividade com os Estados Unidos e o continente asiático. Já o prédio de 3.000 m² é mais uma forma de atrair novos provedores de conteúdo e internet e mais investimentos em tecnologia e pesquisa. Tudo valendo-se da posição estratégica no mapa-mundi e da agilidade nas operações, facilitadas pelo conjunto de 14 cabos submarinos – em breve serão 18 – que já chegam à cidade de Fortaleza e faz da Capital um hub de comunicação de dados.

“A melhor localização para os data center ou se dá perto de grandes conglomerados de clientes, e aí o Estado de São Paulo é um grande polo de atração, ou por estarem próximos de hubs de comunicação, caso do Ceará. Porque nem todos os clientes estão concentrados (no mesmo lugar). Existe um grande número de clientes difusos. E a melhor experiência do usuário para esse tipo de serviço seria na utilização de data centers próximos de hubs de comunicação, porque oferece menores tempos de latência, uma melhor gestão de risco e uma maior disponibilidade do serviço. E, naturalmente, o preço cai na proximidade desses hubs. Então há um conjunto de fatores que fazem com que o Ceará possa ser esse polo de atração no Brasil, além de São Paulo, da indústria de data center, que tem como seu principal cliente a computação em nuvem”, explica o presidente da Empresa de Tecnologia da Informação do Ceará (Etice), Adalberto Pessoa.

Aliada à infraestrutura e com investimentos feitos na formação de capital humano em universidades e escolas profissionalizantes, há ainda a intenção, da parte do Executivo estadual, de aplicar a Ciência de Dados na gestão pública. Assim, apostam os gestores, abriria-se caminho para uma otimização na oferta de serviços, resolução de gargalos existentes e uma maior transparência na tomada de decisões do poder público.

Pelo ar
O segundo integrante do trio de hubs cearense é o aéreo, que apresenta como principal trunfo o centro de conexões em operação com o consórcio Air France-KLM/Gol. A localização no globo terrestre, o que faz com que um voo entre Fortaleza e Lisboa dure menos de sete horas, foi novamente um ótimo argumento para a definição da parceria.

Isso sem falar nas obras de requalificação do Aeroporto Internacional Pinto Martins, que agora está sob a gestão de suas operações a cargo da empresa alemã Fraport e deve ser concluída até 2021, num investimento de R$ 1 bilhão. Intervenção que oferece uma capacidade 50% maior para passageiros em um equipamento de 60 mil m².

A mudança de patamar do terminal vem em época oportuna, uma vez que, conforme dados do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), apenas no primeiro ano de funcionamento do centro de conexões, foi registrado um crescimento de 103,88% no número de passageiros internacionais. Outro levantamento, realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aponta que Fortaleza passou a atrair um milhão a mais de passageiros com a chegada do novo hub. Se entre maio de 2017 e abril de 2018 passaram por lá 4,9 milhões de usuários, este número passou para 5,9 milhões de maio de 2018 a abril de 2019.

“Não tenho dúvida que vamos ter aqui o melhor aeroporto do Norte e Nordeste do Brasil. Estamos trabalhando, juntamente com a Prefeitura da cidade, para fazer de Fortaleza um grande centro de conexões aérea, conectar Fortaleza com o mundo”, revelou o governador Camilo Santana, quando da ocasião do lançamento da nova área de check-ins do equipamento, em abril de 2019.

Voos diretos internacionais disponíveis a partir de Fortaleza:

– Paris (França);
– Amsterdã (Holanda);
– Frankfurt (Alemanha);
– Lisboa (Portugal);
– Miami e Orlando (EUA);
– Buenos Aires (Argentina);
– Ilha do Sal (Cabo Verde);
– Cidade do Panamá (Panamá);
– Caiena (Guiana Francesa);
– Madri (Espanha).

Hub logístico – do mar à Transnordestina
No hub marítimo, alicerçado no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e com expectativa de um grande salto em suas operações nos próximos anos após a parceria firmada com o Porto de Roterdã, em outubro de 2018, o grande diferencial, para muitos especialistas, é a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará.

Claro que a posição geográfica, novamente, acaba dando uma boa vantagem ao Estado, umas vez que o equipamento está próximo dos mercados consumidores da Ásia, Europa, África e América do Norte. Além disso, com uma área de 13.337 hectares, o complexo, que acaba por ser uma espécie de hub logístico, oferece infraestrutura rodoviária, ferroviária e portuária, completada pelo atrativo dos incentivos fiscais, a capacitação de pessoas e a segurança energética, entre outros chamarizes para investidores.

“O fato de possuir uma Zona de Processamento de Exportação garante ao CIPP um certo grau de segurança econômica. Isso porque as empresas que ali estão têm a produção voltada para o mercado internacional, como é o caso da siderurgia da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém, empresa baseada no complexo). Nesse contexto, também destacam-se as operações de pás eólicas, que, apesar de não estarem na ZPE, tem grande parte da produção escoada pelo Porto”, explica Igor Pontes, PhD em Logística e professor da Faculdade CDL.

Foram mais de 18 milhões de toneladas movimentadas no Pecém apenas em 2019, conforme dados do Observatório da Indústria da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), mas a expectativa é de que esses números se tornem ainda mais expressivos quando, enfim, forem concluídas as obras da ferrovia Transnordestina, que vai oferecer 30 mil toneladas/ano em capacidade de transporte. Há a expectativa de que as obras na via, que em seu trecho cearense, de 527Km de extensão, que vai ligar o porto à cidade de Missão Velha, na Região do Cariri, cheguem a 30% até o fim deste ano. A intervenção foi iniciada em 2006 e acabou paralisada em 2016, sendo retomada no segundo semestre de 2019.

Inovação como a “grande chance”

De olho no desenvolvimento econômico, o Estado do Ceará busca olhar para o futuro alicerçado em capital humano, que passa, inexoravelmente, pela educação. De acordo com dados da Secretaria de Educação do Estado (Seduc) e baseando-se em estudos sobre a qualidade do ensino, o Ceará possui 55 escolas de ensino médio entre as 100 mais bem avaliadas do Brasil.

Na transição dos jovens para o mercado de trabalho, a palavra inovação tem sido quase onipresente. Pelo Estado, surgem diversas iniciativas voltadas para o tema, caso do Projeto Clusters Econômicos de Inovação (link para a matéria dos clusters), que reúne setor produtivo, poder público e instituições acadêmicas com o objetivo de gerar mais e melhores oportunidades de emprego e empreendedorismo nas 14 regiões de planejamento do Ceará. Dessa maneira, por meio da inserção de ideias inovadoras, que podem vir ainda a incentivar a criação de novas startups nos respectivos clusters econômicos de maior potencial e cuja formação de ensino superior e profissionalizante tenha maior oferta na região, busca-se o tão almejado desenvolvimento.

A ação é conjunta das secretarias do Desenvolvimento Econômico e Trabalho (Sedet) e Ciência e Tecnologia e Educação Superior (Secitece) e a vinculada Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap).

Para gestores locais, a busca por alternativas que não mirem a evolução do PIB estadual apenas pelas lentes da execução massiva de obras de infraestrutura representa a oportunidade de fazer a economia do Ceará crescer de forma ainda mais rápida e segura, mesmo em tempos de economia nacional estagnada.

“É o grande momento que temos para poder fazer nesta crise um novo desenvolvimento diferenciado para o Estado, fugindo simplesmente da questão dos ativos físicos, que são as fábricas, os prédios, as máquinas, e usando algo que temos de muito rico, que são exatamente as cabeças que estão espalhadas pelo Interior”, ressalta Júlio Cavalcante, secretário Executivo de Comércio, Serviço e Inovação da Sedet, e responsável pelo Projeto Clusters Econômicos

Cavalcante acrescenta que essas jovens mentes podem ser encontradas em diversas instituições de ensino, “com uma vontade enorme de resolver problemas. Elas poderão contar com uma estrutura de Comunicação e Internet, num investimento complementado pela iniciativa privada que faz com que o Estado seja um dos mais conectados em banda larga do Brasil.

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Fonte: Trends CE em 30.06.20

Programa Lider de Si Mesmo abre inscrições para nova turma

Programa Lider de Si Mesmo abre inscrições para nova turma

Como você tem equilibrado a sua vida pessoal e seu trabalho nos tempos atuais?

Como estão o seu ânimo e a sua disposição para realizar seus projetos nesta retomada?

Você tem se sentido ansioso?

Tem tido dificuldades em manter o bem-estar e equilíbrio emocional?

Para trabalhar estes temas, a Flow Desenvolvimento Integral lançou uma nova turma do Líder de Si Mesmo, um grupo de aprofundamento criado com o objetivo de favorecer a jornada do autoconhecimento para transformação.

Nele, serão trabalhadas ferramentas para promoção do bem-estar, foco e equilíbrio, autocuidado, gestão das emoções e enfrentamento do estresse. Nossa metodologia baseia-se na psicologia, neurociência, práticas integrativas e foi desenvolvida para facilitar a criação de novos repertórios internos a partir do olhar para si mesmo, integrando melhor os pensamentos, sentimentos e atitudes.

O programa contempla psicoeducação, práticas e partilhas entre os participantes. Por isso, será feita uma turma com vagas limitadas para fortalecer a interação de todos. A novidade deste grupo é que os encontros serão online, por meio de plataforma virtual, e ao vivo.

Inscrições pelo link https://bit.ly/liderdesimesmo

Informações pelo WhatsApp (11) 99593.8637

A experiência de aprofundar-se na busca de si mesmo vai começar!

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Fiec elabora plano de retomada da indústria; resultado será levado a governos

Fiec elabora plano de retomada da indústria; resultado será levado a governos

Criado há 15 dias pelo presidente da Federação, o Grupo de Trabalho tem participação de industriais e economistas cearenses

O pós-pandemia começa a ser planejado pela indústria cearense, com o objetivo de estabelecer uma estratégia de atuação para quando a contaminação pelo novo coronavírus não mais impedir a atividade econômica no Estado, segundo indica a primeira reunião de um Grupo de Trabalho (GT) comandado pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Ricardo Cavalcante. O objetivo é elaborar um plano de desenvolvimento da indústria cearense.

“Vamos levar o resultado desse trabalho aos governos para que eles entendam que temos caminhos a serem seguidos, porque o empresário é quem realmente gera emprego e renda”, afirmou Cavalcante.

Criado há 15 dias pelo presidente, o GT tem participação de industriais e economistas cearenses, com o objetivo de discutir estratégias para o desenvolvimento industrial e formular um documento com soluções para a retomada da atividade econômica, que será apresentado em 90 dias aos governos federal, estatual e municipais.

Indústrias de todos os portes e sindicatos industriais serão ouvidos para constatar as reais necessidades.

O Grupo será liderado pelo primeiro vice-presidente da Fiec, André Montenegro, com a coordenação do assessor econômico da Federação, Lauro Chaves Neto. Farão parte ainda o presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC) Marcos Soares, e o superintendente de Relações Institucionais da Fiec, Sérgio Lopes.

Ainda participaram, como representantes da academia, os economistas Sérgio Melo, Alcântara Macedo, Firmo de Castro, Célio Fernando, Luiz Eduardo Barros e Guilherme Muchale, gerente do Observatório da Indústria da Fiec.

Com certeza, com todos unidos, faremos um excelente trabalho para que nossos industriais e governos tenham um norte nesse pós-pandemia, disse Cavalcante.

Fonte: Diário do Nordeste em 03.06.20

Construção civil no CE projeta lançar empreendimentos

Construção civil no CE projeta lançar empreendimentos

A Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) realizaram, ontem, um webinar para apresentar e esclarecer os protocolos de retomada das atividades da indústria da construção civil no Ceará. O retorno às atividades foi liberado pelo governador Camilo Santana nesta fase de transição do plano de retomada das atividades econômicas do Ceará , que ocorre desde o dia 1º. O setor, que estava bem entusiasmado antes da pandemia, planeja lançamentos de empreendimentos para superar a crise.

Durante a teleconferência, o presidente do Sinduscon-CE, Patriolino Dias de Sousa, ressaltou que a volta está sendo de forma gradativa. Segundo ele, o processo de retomada foi construído desde o início em uma articulação conquistada com a total participação da instituição. “Foi uma luta árdua, complexa, realmente desgastante. E, agora, com total consciência, retornamos ao trabalho. Mas a luta não para aí, agora, deveremos trabalhar com 30% dos funcionários garantindo a segurança no retorno.

Afinal, a vida está em primeiro lugar. Porém, agora, poderemos voltar com bastante cautela. Lançando empreendimentos e retornando a vender. Fazer, de novo, a construção civil ser a mola propulsora da nossa economia”, afirma.

Nesta fase de transição do plano de retomada da economia cearense, o setor da construção civil foi permitido retornar com apenas 30% da cadeia, com a atuação de apenas 100 operários em cada construção. Portanto, houve um retorno de 8,9 mil operários aos canteiros de obras no Ceará. A expectativa, é que na fase 1 do plano de retomada, prevista para próxima segunda-feira (8), a cadeia da construção civil volte com 100% da mão de obra. O avanço do setor e demais cadeias produtivas do Ceará, no entanto, ainda está condicionado à estabilidade ou diminuição dos índices índices de contaminação, internação e óbitos provocados pelo novo coronavírus.

De acordo com Patriolino Dias de Sousa, a construção civil apresenta baixo risco de contaminação. “Nossos canteiros são abertos e arejados. Não temos aglomeração, não atendemos o público em geral, e vamos seguir um protocolo seguro na parte sanitária”, destacou. Na live, o Sinduscon-CE apresentou uma pesquisa realizada com 45 empresas e apontou que 71% dos trabalhadores se deslocam de casa para o trabalho em transporte próprio; e que 100% vão fornecer quentinhas para os colaboradores, além de adotar medidas como rodízio no refeitório, garantindo o distanciamento necessário.

O presidente da Fiec, Ricardo Cavalcante, reforçou a necessidade de todos seguirem o protocolo sanitário, colocando a saúde dos trabalhadores sempre em primeiro lugar. “A atenção e a consciência tem que ser fundamental, tentamos e conseguimos a abertura da construção na primeira fase, mas agora tem que partir de cada um. Se por alguma eventualidade acontecer algo, a responsabilidade vai ser exclusivamente da empresa”, disse.

O webinar também teve a participação da vice-presidente da área imobiliária do Sinduscon-CE, Carlos Gama; da gerente jurídica da Fiec, Natali Camarão; da superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi Ceará), Veridiana Grotti Soárez; e do gerente do Observatório da Indústria da Fiec, Guilherme Muchale.

Protocolo
O Sinduscon Ceará seguirá o protocolo de reabertura responsável elaborado pela Fiec, que possui quatro pilares norteadores: eficácia na prevenção, factibilidade na implementação, facilidade de fiscalização e legalidade. Além disso, inclui medidas de fiscalização, monitoramento e conscientização.

O protocolo prevê, em suas normas gerais, a criação de um comitê Interno multiprofissional de contingência responsável pela proposição de diretrizes para implementação de plano de ação para prevenção a Covid 19; e a contratação de uma consultoria clínica de saúde para analisar a rotina do negócio e orientar sobre modificações a serem feitas para garantir a segurança dos trabalhadores.

Todos os dias cada colaborador receberá um kit sanitário com álcool em gel, água sanitária, sabão líquido para uso pessoal e máscaras em quantidade e com proteção por todo o período do turno de trabalho. As condições de saúde física e mental dos colaboradores também serão checadas periodicamente. Não será permitida a entrada e nem a saída dos funcionários vestindo os uniformes da empresa. O devido fardamento deve ser colocado apenas no ambiente de trabalho. Em caso de febre ou qualquer sintoma respiratório, os trabalhadores deverão comunicar imediatamente aos responsáveis. Além disso, todos os dias a temperatura deve ser aferida utilizando termômetro digital infravermelho.

Fonte: O Estado do Ceará em 03.06.20

Portal do governo disponibiliza solicitações de importação e exportação de produtos controlados

Portal do governo disponibiliza solicitações de importação e exportação de produtos controlados

A partir de agora, demandas como solicitar, alterar ou cancelar autorização sobre importação e exportação de produtos controlados – consideradas prioritárias no enfrentamento à pandemia de coronavírus (Covid-19) – podem ser realizados no Portal do governo federal, o Gov.br.

A digitalização de nove serviços relacionados a produtos controlados integra o Plano Digital da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que começou a ser implementado no ano passado. Desde então, 99 serviços da Anvisa foram transformados em digitais.

Ainda na última semana, outros sete tipos de solicitações relacionadas a saneantes e uma a agrotóxicos também passaram a ter acesso on-line. Com o Plano Digital e a consequente aceleração da digitalização de seus serviços públicos, a expectativa, conforme a Anvisa, é melhorar o acesso dos usuários e otimizar ainda mais o trabalho de servidores e os recursos disponíveis.

“O plano possui uma visão estratégica, alto engajamento com relação às entregas e alinhamento com os padrões e ferramentas utilizados pelo governo federal para melhorar a vida da sociedade”, afirma o secretário de Governo Digital do Ministério da Economia, Luis Felipe Monteiro.

A Secretaria de Governo Digital é o órgão central da transformação digital do governo federal e apoia os demais nas ações nessa área. São 700 serviços do governo federal já digitalizados desde janeiro do ano passado, o que gera economia de R$ 2,2 bilhões anuais. Quem mais poupa é o cidadão – R$ 1,5 bilhão por ano – ao deixar de se deslocar para os órgãos públicos e gastar com despachantes para agilizar a solução de suas demandas.

A Estratégia de Governo Digital recém publicada estabelece a meta de 100% de digitalização nos mais de 3,3 mil serviços do governo federal até o final de 2022.

Serviços recém-digitalizados pela Anvisa

Os nove procedimentos relacionados a produtos controlados agora disponíveis no Gov.br são:

> Autorização de Importação de substância, planta ou medicamento controlado;
> Autorização de Exportação de substância, planta ou medicamento controlado;
> Autorização de Fabricação para Fim Exclusivo de Exportação;
> Autorização para Fim de Desembaraço Aduaneiro;
> Autorização Especial Simplificada para Estabelecimento de Ensino e Pesquisa;
> Certificado de Não Objeção para Importação;
> Certificado de Não Objeção para Exportação;
> Cota de Importação Inicial;
> Renovação de cota de importação.

Os novos sete serviços digitais relacionados a saneantes e um a agrotóxicos:

> Alteração de registro de saneantes;
> Renovação de registro de saneantes;
> Cancelamento de registro de saneantes;
> Registro de saneantes de risco 2;
> Autorização de ativo novo para uso domissanitário;
> Emissão de certificado de registro de saneante;
> Comunicação da fabricação de saneante exclusivo para exportação;
>Solicitação de alteração de monografia do ingrediente ativo – uso domissanitário (agrotóxicos).

(*) Com informações da Ascom/Anvisa

Fonte: Comex do Brasil em 25/05/20

Crise não inibe e número de cearenses na Bolsa de Valores salta 43%

Crise não inibe e número de cearenses na Bolsa de Valores salta 43%

Mesmo com circuit brakers sucessivos em março e a instabilidade trazida pelo novo coronavírus, o investidor do Estado bateu recorde de crescimento no número de participantes na B3 entre janeiro e abril deste ano

Contrariando a ideia de que, em momentos de crises, cresce o nível de aversão a ativos de risco, o investidor brasileiro, em geral, e o cearense, em particular, acabou aumentando de maneira significativa sua presença na bolsa de valores ao longo de 2020. Mesmo diante de uma das maiores crises econômicas já vistas, o número de investidores pessoa física cresceu de forma consistente desde janeiro, mês após mês.

No Ceará, a quantidade de investidores passou de 30.127, no último dia de 2019, para 43.823, no fim de abril, um incremento de 45% e um recorde histórico para o Estado. E se forem considerados os investidores de todo o País, o incremento foi de 42%.

Além dos motivos que, desde o ano passado, já vinham atraindo investidores para o mercado de capitais, como a queda da taxa básica de juros (Selic), que derrubou a rentabilidade dos títulos de renda fixa, o que se tem visto no decorrer deste ano é o pequeno investidor buscando aproveitar a queda dos preços para comprar ações, diferente do que ocorria em outros momentos de crise, quando a reação normal era buscar segurança em ativos com menor volatilidade. Em março, pior mês do ano para a bolsa, quando o Ibovespa despencou mais de 30% com a ocorrência de seis circuit breakers, a quantidade de investidores cearenses cresceu 10%, com a chegada de mais de 5 mil novas pessoas.

Informação

Para Raul dos Santos Neto, vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Ceará (Ibef-CE) e diretor da CBPCE, o movimento que tem sido observado agora se deve também ao maior grau de informação por parte do investidor, maior entendimento dos riscos envolvidos, e à facilidade em realizar as operações. “O nível de conhecimento sobre o mercado financeiro ampliou-se. Profissionais que não são da área, como médicos e advogados, têm participado mais do mercado. Além disso, há o auxílio das plataformas de negócios, de corretores independentes e dos grandes bancos, que ajudaram na conscientização sobre o mercado de ações”.

O vice-presidente do Ibef-CE destaca ainda a atratividade dos preços dos ativos, após as recentes quedas. “Mesmo diante da queda recente da bolsa, no início da pandemia, em março, as pessoas continuam sacando fortemente recursos de renda fixa e de produtos tradicionais e ampliando suas posições em bolsa”, diz Raul dos Santos. “A bolsa neste momento está extremamente descontada, com empresas subavaliadas, de modo que há muita oportunidade de ganho no mercado”.

Quando registrou seu ponto mais baixo de 2020, no dia 23 de março, aos 63 mil pontos, o Ibovespa amargava uma queda de 46% no ano. Mas, desde então, a bolsa já subiu 22%, reduzindo a queda do ano para 33%. Com o aumento de participação, o investidor pessoa física representa hoje cerca de 25% das negociações da B3 em maio, a maior participação desde agosto de 2010, quando eram 27%. Naquela época, a Bolsa chegou a 610 mil CPFs, recorde batido apenas sete anos depois. Hoje, no entanto, são 2,385 milhões de CPFs cadastrados.

Mesmo diante de oportunidades pontuais no mercado, é preciso ter cautela na escolha dos ativos. “Apesar desse cenário muito complexo a gente ainda vê pessoas físicas entrando na bolsa de valores. E isso é um pouco diferente de do que a gente via em outras crises”, diz o economista Gilberto Barbosa, do escritório Arêa Leão. “Mas a gente ainda está em um cenário de muita incerteza”, ele diz.

Para Raul dos Santos, no caso específico do Ceará, também contribui para a popularização dos investimentos em ações é a participação de empresas cearenses na bolsa. “Aqui nós temos empresas como a M. Dias Branco, a Hapvida, a Arco (plataforma de ensino), o que acaba despertando muito a curiosidade das pessoas”, ele diz. “Além disso, mais recentemente houve um fato muito importante que deve ser destacado, que é o aumento da tolerância a risco. O Brasileiro enxergava o mercado de ações como sendo de extremo risco, mas isso se dava muito mais por não conhecer esse mercado do que propriamente pelo risco em si. O que se vê hoje são pessoas mais tolerantes, buscando rentabilizar melhor os seus recursos”.


Investidor estrangeiro

Por outro lado, enquanto o investidor brasileiro vem ampliando suas posições, sustentando a recuperação da Bolsa, que saiu dos 63 mil pontos após os tombos de março para 80 mil pontos em maio, os investidores estrangeiros tiveram, em 2020, a maior saída já registrada, com a retirada de R$ 71 bilhões do mercado de capitais brasileiro desde janeiro. “Com o dólar alto e a taxa de juros muito baixa cria um ambiente que faz com que o investidor estrangeiro deixe o País”, diz Raul dos Santos.

No entanto, o vice-presidente do Ibef-CE espera que, tão logo essa crise passe, o mercado volte a receber novas empresas, como vinha ocorrendo até o início do ano, com abertura de capital de novas companhias. “Em breve, deverão entrar no mercado de bolsa novos players, ampliando o leque de opções para o investidor, como a própria Cagece, que já vinha preparando o IPO, e deu uma segurada por conta dessa crise. Mas assim que houver uma retomada as coisas deverão acontecer”.

Para Gilberto Barbosa, com a Selic no patamar mais baixo da história e com a expectativa de mais cortes, a tendência é que o investidor continue buscando oportunidades na bolsa de valores.

Fonte: Diário do Nordeste em 18.05.20

O novo normal, Por Joaquim Cartaxo

O novo normal, Por Joaquim Cartaxo

Artigo do superintendente do Sebrae/CE, Joaquim Cartaxo, publicado na edição de 18 de maio do Jornal O Povo

“Como viver em tempo de crise” é um livro publicado pela Bertrand Brasil em 2013, no qual há o texto “Entender o mundo que nos espera” de Edgar Morin.

Morin afirma que “as crises agravam as incertezas, favorecem os questionamentos; podem estimular a busca de novas soluções e também provocar reações patológicas, como a escolha de um bode expiatório. São, portanto, profundamente ambivalentes”.

A pandemia do Covid-19 acentuou o ambíguo, paradoxal, contraditório do ambiente mundial independentemente do cenário que apostemos. Vivenciamos na prática o aguçamento das incertezas sobre quando e como venceremos a pandemia; explicações para pôr fim ao coronavírus de especialistas e palpiteiros; conjecturas sobre quem seria o responsável pelo aparecimento do vírus.

Frases de efeito se consolidam no senso comum: não seremos os mesmos no pós-pandemia. Quem não será? Os ricos, os pobres? Para responder essas indagações, se lê, se ouve, se vê que existirá uma “nova normalidade”. Será nova por quê? A desigualdade entre pessoas e regiões haverá desaparecido? Racismo, machismo, preconceitos estarão banidos? A democracia será plena? As práticas que destroem o patrimônio ambiental da Terra estarão erradicadas?

“A nova normalidade” virá quando sairmos do surto de coronavírus, mas não será tão nova assim. Com certeza continuará ambivalente: de um lado, o admirável mundo novo da internet, aplicativos, inteligências artificial, robótica, democracia digital, home working, vídeo call; do outro lado, o velho mundo do apartheid social em fase assustadora de crescimento com a exclusão socioeconômica, cultural e digital, de milhões de brasileiras e brasileiros.

Estudo, mais recente, do IBGE sobre desigualdade é devastador. A massa real de rendimento, que soma as rendas mensais de todos brasileiros, foi de R$ 213,4 bilhões em 2019. Deste total, os 10% mais ricos embolsaram 43,1%. Já os 10% mais pobres ficaram com 0,8%.

Qualquer que seja o mundo pós-pandemia, precisaremos enfrentar essa perversa realidade, resultante do crescimento global concentrador de riqueza e destruidor da ecologia planetária.

Joaquim Cartaxo – arquiteto urbanista e superintendente do Sebrae/CE

Fonte: Sebrae-CE em 18.05.20