Exportação de cargas fracionadas abre oportunidade para o Ceará
Por meio das LCL, mais negócios podem surgir para o Ceará no exterior, por meio do Porto do Pecém. Setor alimentício é um dos principais demandantes.
No mercado de exportações via transporte marítimo, o preenchimento de um contêiner completo pode ser um desafio para o produtor local. Por demandar grande volume de produtos para envio, casos em que importadores solicitam apenas amostras dos materiais podem acabar não sendo finalizados, pois o custo final acaba sendo oneroso para ambas as partes.
Uma das estratégias para reduzir custos de envio e ampliar oportunidades de negócio no Ceará seria a implantação do processo de envio de cargas fracionadas, conhecidas como LCL, sigla para Less Container Load, ou seja, quando os produtos preenchem menos que a quantidade total de um contêiner. Atualmente, o processo, no caso de contêineres refrigerados, os chamados reefer, é realizado somente no Porto de Suape, em Pernambuco, e no Porto de Santos, em São Paulo.
Para André Siqueira, presidente do Sindicato das Indústrias da Alimentação e Rações Balanceadas no Estado do Ceará (Sindialimentos), ter a possibilidade de exportar cargas fracionadas pelo Porto do Pecém seria uma facilidade para as indústrias de alimentos e diversos outros setores da economia. “Exportar cargas fracionadas pelo Porto é uma grande necessidade das indústrias alimentícias atualmente, pois nem todos os clientes estrangeiros querem uma quantidade de produtos que permite o preenchimento total do contêiner. Portanto, a carga fracionada facilitaria o frete e baixaria os custos.
Uma logística de extrema importância não só para o setor de alimentos, mas os demais também, já que atualmente os interessados em realizar o envio por meio de cargas fracionadas, precisam buscar outras modalidades de transporte. As microempresas também seriam beneficiadas, pois muitas enviam cargas menores por via aérea, o que gera um alto custo”, relata André Siqueira.
Fellipe Calado, sócio administrador da Expand Brazil, empresa responsável pela terceirização de setores de comércio exterior para empresas, explica que, normalmente, quando se efetiva o envio de um contêiner, todos os produtos inseridos são do mesmo cliente. No caso de exportações fracionadas, diferentes clientes podem dividir o mesmo contêiner, reduzindo o custo final de frente. “Aqui, o Porto do Pecém não possui embarque fracionado para carga refrigerada. Seja ela refrigerada ou congelada, que envolva controle de temperatura. Por exemplo, frutas frescas têm que ir com 5, 6, 8 graus”, explica Calado.
Para envios em contêineres reefer, a logística é mais complexa, pois a temperatura não pode prejudicar nenhuma das cargas dentro do espaço, o que acaba dificultando a implantação do envio de carga fracionada. “É mais complexo ratear um container para vários clientes, porque cada produto vai ser diferente. O responsável vai encher um container inteiro com outras clientes que exportam a menos 8 graus”, relata Fellipe.
Cargas dry
No último dia 1º de setembro, em reunião do Sindialimentos com a Diretoria Comercial do Complexo do Pecém, foi levantado o questionamento acerca da modalidade LCL passar a ser adotada pelo Porto do Pecém.
Em nota, Raul Viana, Gerente de Negócios Portuários do Complexo do Pecém, explicou que há a oferta de frete LCL, mas apenas para “cargas dry”. “Os serviços de ovação dos contêineres ocorrem fora da área do Terminal Portuário e, ao serem entregues em nossa área, podem sofrer as eventuais fiscalizações dos órgãos competentes, para que fiquem devidamente liberados para embarque. Estes são serviços ofertados diretamente por agentes de carga em parceria com os armadores e transitários, que podem desenhar a logística adequada de acordo com a demanda de carga em cada região.” A nota também destaca que serão realizadas análises sobre a possibilidade de adoção do frete LCL.
Durante o ano de 2019, somente em frutas, o Porto do Pecém exportou mais de 151 mil toneladas, com os principais países sendo Estados Unidos (35%), Holanda (26%), Reino Unido (17%), Espanha (13%), Itália (5%) e Alemanha (2%). Até agosto de 2020, o valor foi de 62.768 toneladas. Na nota, Raul destaca que o Porto é referência no envio de contêineres reefer para os mercados citados.
Ampliação de negóciosPara Fellipe Calado, a chance de implantar a exportação fracionada no Porto do Pecém irá facilitar os primeiros contatos dos empresários cearenses com compradores internacionais. “Pequenos e médios empresários do agronegócio, agricultura ou pecuária, às vezes não começam a exportar. Até encontram compradores no exterior que têm interesse, mas eles primeiro pedem amostra, um ou dois pallets pra testar em uma rede de supermercado. Esses pequenos envios não têm saída, precisa de um envio fracionado.
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Fonte: TrendsCE em 29/09/2020